O Facebook informou nesta segunda-feira (27/9) que suspendeu o desenvolvimento de uma questionada versão do aplicativo Instagram para crianças menores de 13 anos.
A decisão de pausar o projeto ocorre depois que o jornal The Wall Street Journal publicou uma série de reportagens que revelam que a própria investigação do Facebook mostrou que a empresa está ciente do dano que o Instagram pode causar para a saúde mental dos adolescentes.
Além disso, o anúncio do Facebook chega poucos dias antes de uma audiência com senadores americanos, que foi estabelecida em resposta à indignação gerada pelas reportagens do jornal.
O Facebook se defendeu, alegando que os resultados de sua investigação detalham tanto as experiências positivas quanto as negativas dos jovens nas redes sociais.
O chefe do Instagram, Adam Mosseri, disse que o projeto, no qual o acesso de menores seria supervisionado por seus pais, foi mal interpretado.
"Começamos o projeto para enfrentar um grande problema que vemos em todo o país: crianças cada vez mais novas ganham telefones e baixam aplicativos destinados a maiores de 13 anos", disse ele em um comunicado.
"Acreditamos realmente que seria melhor que os pais tivessem a opção de oferecer aos seus filhos uma versão do Instagram projetada para que eles pudessem monitorar e controlar a experiência, em vez de depender da capacidade do aplicativo de verificar a idade dos filhos, jovens demais para ter um documento de identidade ", explicou.
"A necessidade de desenvolver essa experiência se mantém, mas decidimos pausar o projeto", disse.
A suspensão permitirá consultar pais, especialistas, políticos e reguladores para ouvir suas preocupações "e demonstrar o valor e a importância do projeto", disse Mosseri.
Com o nome não oficial "Instagram Kids", a iniciativa gerou críticas assim que se tornou conhecida neste ano.
- Efeitos tóxicos -
Em maio, um grupo de senadores americanos pediu ao Facebook para interromper o desenvolvimento dessa versão e apresentou um "histórico de falhas na proteção de crianças nas plataformas".
Uma campanha contra a publicidade infantil atacou o Instagram por seu "foco implacável na aparência" e afirmou que "as crianças mais novas são menos desenvolvidas para lidar com esses desafios" do que os adolescentes.
Após as revelações do The Wall Street Journal sobre os potenciais danos das plataformas do Facebook, a senadora Marsha Blackburn e seu colega Richard Blumenthal anunciaram a realização de uma audiência dedicada a analisar a proteção das crianças nas redes sociais.
"Esta audiência vai examinar os efeitos tóxicos do Facebook e Instagram nos jovens e em outros. Uma das muitas perguntas que faremos é se as grandes empresas tecnológicas estão cientes de que estão prejudicando as pessoas e escondem isso", disse Blumenthal na semana passada.
O Facebook confirmou que sua chefe mundial de segurança Antigone Davis comparecerá na audiência.
audima