Os carros nos Estados Unidos logo poderão recusar-se a andar se o motorista estiver embriagado, graças a sensores capazes de detectar o álcool no hálito ou pela pele. No entanto, as novas tecnologias são um desafio para os defensores da privacidade e das liberdades civis.
O presidente Joe Biden assinou uma lei esta semana que forçará as montadoras a adicionar esses recursos nos próximos anos.
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Motorista alcoolizado e inabilitado é indiciado por morte em acidente Operação Lei Seca flagra 81 motoristas alcoolizados em Minas Gerais Câmara aumenta pena para motorista alcoolizado que provocar acidente com morte"Eu choro de alegria", comentou Alex Otte, presidente da MADD, uma ONG que vê esta lei como uma forma de salvar milhares de vidas.
"Este é o começo do fim do dirigir embriagado", frisou.
Mas o texto da lei também levanta questões: o que acontecerá se o carro quebrar e se recusar a dar partida? Os veículos potencialmente se tornarão testemunhas contra seu proprietário em caso de ação judicial?
As autoridades americanas têm três anos, potencialmente renováveis, para se pronunciar sobre essas questões.
A tecnologia está quase pronta. Os pesquisadores desenvolveram sensores que sugam e testam a respiração do motorista.
Também desenvolveram um scanner, integrado ao botão de partida do motor, que mede o nível de álcool nos vasos sanguíneos sob a pele dos dedos, por meio de luz infravermelha.
Essas invenções foram desenvolvidas por meio da colaboração entre uma associação de fabricantes de automóveis para segurança no trânsito (ACTS) e as autoridades competentes.
Sistemas anti-trapaça serão integrados para evitar que o carro dê partida se a taxa de álcool ultrapassar o limite legal de 0,08%, em vigor na maioria dos estados dos EUA, explicou Robert Strassburger, presidente da ACTS.
"Todos emitimos dióxido de carbono quando expiramos (e o sistema) sabe como detectar se a amostra está vindo do motorista e não de outro lugar", declarou à AFP.
Já o sensor de partida digital é conectado a um circuito entre o assento e o computador de bordo: "Se um passageiro aperta o botão, o circuito não funciona e a medição não é feita", explica Strassburger.
Essas ferramentas são consideradas "passivas", ao contrário dos dispositivos existentes que requerem a ação de condutores, como soprar em um tubo antes de poderem circular.
Este tipo de bafômetro no veículo é exigido em algumas jurisdições para condenações por dirigir embriagado.
Alguns especialistas são a favor dessas tecnologias, desde que devidamente regulamentadas, mas outros apontam os perigos e possíveis abusos.
Laura Perrotta, presidente da American Highway Users Alliance, acredita que esses sensores são excelentes, desde que funcionem corretamente.
"Imagine que alguém escova os dentes e não consegue ligar o carro ou o sistema não detecta que alguém bebeu demais", comenta.
"Isso pode ser um problema real".
Para os defensores das liberdades individuais, a questão não é técnica, mas legal.
"É completamente inconstitucional que nossos carros nos controlem em nome do governo", protestou Albert Fox Cahn, fundador da ONG Surveillance Technology Oversight Project.
"Não é menos ilegal do que se o governo obrigasse as operadoras de telefonia a instalar microfones ocultos em todas as casas para garantir que ninguém cometesse crimes no futuro", acrescentou.
Robert Strassburger argumenta que outras tecnologias que coletam informações em carros já são regulamentadas e a polícia precisa de um mandado para acessá-las. Mas a decisão final, segundo ele, vai depender "dos fabricantes ou dos legisladores".