Você já parou para pensar como é produzida uma réplica de dinossauro gigante? O paeloartista (profissão de quem desenha animais extintos) uberabense Rodolfo Nogueira, de 35 anos, vencedor de vários prêmios nacionais e internacionais, explicou o passo a passo do trabalho que começa no computador.
Formado em desenho industrial pela Unesp de Bauru (SP), Rodolfo Nogueira atua como paleoartista há 14 anos. Nesse período, ganhou 17 prêmios, quatro nacionais e 13 internacionais.
Ele já produziu onze esculturas de dinossauros feitas de estrutura metálica, placas de isopor, tela de alumínio, cimento, fibra de vidro e cimento branco e que estão distribuídas da seguinte forma: cinco em praças de Uberaba, quatro no Museu do Dinossauro (Uberaba) e duas em museus de São Paulo (SP).
A última arte feita por Rodolfo, finalizada em fevereiro desse ano, foi da espécie denominada Gnathovorax cabreirai, do período Triássico (com aproximadamente 230 milhões de anos) e que está exposta no Museu Dante Alighieri.
Primeira parte
Rodolfo Nogueira sempre inicia a construção das réplicas dos dinossauros tomando como referência os fósseis já encontrados.
“Baseado nisso, a gente sabe o grupo que o dinossauro pertence e então eu consigo traçar os parentes deles que tem preservado um esqueleto dele mais completo”.
“Tendo a ideia do esqueleto, você consegue saber a origem do músculo e a sua inserção no osso, e então eu consigo reconstruir depois a pele, também baseado nos animais (fósseis) que já foram encontrados e evidências diretas ou indiretas de filamentos, penas, se era escama e onde tem. Depois a gente traça um padrão de camuflagem ou de comportamento”.
Fase dois
No computador, o paleoartista usa técnicas de modelagem digital, partindo de formas geométricas simples (esferas, cilindros, entre outros), que se esticam para formar a estrutura da escultura.
Em seguida, é feito um trabalho de preenchimento conforme as estruturas dos animais, que são conhecidas a partir dos fósseis.
Estrutura
Posteriormente, a escultura é dividida em pedaços menores que serão esculpidos em placas de isopor. O artista tem todo o trabalho de encaixar o maior número de peças possíveis em cada placa.
O processo é feito por uma máquina denominada Router CNC, controlada por computador e com uma espécie de broca que molda o isopor para que as partes do dinossauro tomem forma e com um grande nível de detalhes.
“Mas, antes disso, eu crio uma estrutura metálica de cálculos com a ajuda de engenheiros para que no fim a escultura chegue bem próxima do esqueleto”, frisou Rodolfo Nogueira.
Por cima das placas de isopor, conforme o paleoartista, são colocadas telas de alumínio em um trabalho de revestimento semelhante a um mosaico (de telas cortadas).
Depois disso, é a vez do cimento, que, de forma mais líquida, é colocado na escultura por meio de um revólver de pintura. Com um pincel e as mãos, Rodolfo vai ajeitando a escultura.
Por fim, é a hora de colocar fibra de vidro. “No fim, os pesos das esculturas chegam até a 800 quilos”, destacou o artista.
Detalhes
A escultura não para por aí. Agora, é a vez do cimento branco entrar em ação para dar detalhes como relevos de expressão, veias, marcas de músculos, escamas e penas.
Etapa final
Chegou a vez da pintura, quando a réplica ganha cor e a textura fica mais evidente.
Primeiro, como um compressor, uma tinta escura é aplicada de fundo para garantir que todas os detalhes sejam destacados.
As camadas subsequentes trazem as cores do animal, além de criação de relevos e pontos de iluminação.
Olho
Por fim, reproduzir o olho da escultura de um dinossauro é uma obra de arte à parte.
Primeiramente, a íris é impressa em 3D e pintada à mão. Depois, o globo ocular é feito com resina.