Jornal Estado de Minas

E-COMMERCE

Fórum E-commerce Brasil: marcas estão de olho no poder das comunidades


Com um crescimento de 12,6% no primeiro trimestre deste ano e um aumento de 14% em comparação aos três primeiros meses de 2021, o e-commerce ganha cada vez mais força no Brasil. Em 2020, 10 milhões de brasileiros fizeram sua primeira compra online. Hoje, dos 98 milhões de brasileiros economicamente ativos, 62% já fizeram uma compra online. 





A força do setor deu provas no evento realizado pela E-Commerce Brasil, em São Paulo. Depois de dois anos na versão digital por conta da pandemia, o Fórum E-commerce Brasil reuniu mais de 15 mil congressistas. Marcas como L'Oreal, Unilever, Meta, Polishop, Amazon, Mercado Livre e Google e centenas de outras apresentaram novidades e apontaram um caminho ainda mais promissor para o varejo online.

Um dos pontos muito abordados no evento foi a importância de observar a jornada de compra do consumidor e entregar valor e experiências aos clientes. O gerente executivo de E-business da Nestlé, João Kalil, explicou como a Starbucks conseguiu ampliar seu faturamento após entender o cliente em sua trajetória de compra. A melhoria na relação parte sempre da premissa de ouvir o cliente e evoluir sempre.
 
 

Hoje, o varejo nacional disputa com empresas de diversos países no mundo. Em um mercado cada vez mais competitivo, é preciso criar uma conexão emocional com o consumidor. E para isso é fundamental conhecer a fundo os clientes e saber interpretar dados. Com o crescimento das ferramentas que fazem a análise dos dados, é mais fácil entender o comportamento do consumidor, sua jornada desde o primeiro ponto de contato com a marca até a efetivação da compra.



Esse volume gigantesco de informação proporciona às empresas análises estratégicas e uma capacidade de construir conhecimento para a tomada de decisão. Chamada de cultura data-driven - conhecer a fundo o cliente permite, cada vez mais, que se faça uma assistência personalizada. 

O Brasil é hoje o quarto país em social commerce, ou a venda baseada em plataformas de mídias sociais. Muitos palestrantes do Fórum E-commerce Brasil apontaram que o futuro do E-commerce está na experiência e as marcas já estão apostando nisso. Uma delas é o TikTok. Danielle Crahim, Industry Lead Performance do TikTok, trouxe informações interessantes sobre a rede social que virou febre no Brasil.

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Para ela, o TikTok tem crescido exatamente porque o criador está no centro da conversação. Uma plataforma de vídeo-entretenimento movida pela comunidade. A plataforma entrega conteúdo para seus usuários a partir de inteligência artificial que deixa o conteúdo mais personalizado, com maior acuracidade. O TikTok hoje é uma rede social onde surgem novas culturas. Muitas músicas se tornam hits a partir de seu lançamento inicial na plataforma. Mais da metade de seus usuários, segundo apontado pela plataforma, descobrem novos produtos a partir dos pequenos vídeos que viralizam diariamente criando comportamentos e permitindo uma imersão dos usuários.




Community Commerce

O varejo digital orientado ao criador é alimentado pela capacidade da comunidade de fazer marcas e produtos decolarem rapidamente. As pessoas estão cansadas de anúncios projetados para interromper o que elas estão vendo e fazendo. Em vez disso, querem um anúncio que entretenha. Mas como isso funciona? 
 
Um dos pontos muito abordados no evento foi a importância de observar a jornada de compra do consumidor e entregar valor e experiências aos clientes (foto: Alysson Lisboa Neves/Especial para o EM)
 
 
A Americanas.com lançou o challenge #mepatrocinaaqui. A ação foi impulsionada por alguns influenciadores como Lucas Rangel. Pessoas comuns começaram a participar do desafio e a empresa contabilizou mais de 1,5 mil vídeos. Desse total, 53 foram impulsionados pela marca. O resultado é um crescimento imediato, a percepção de valor e o forte reconhecimento da marca por parte dos consumidores.

Outro exemplo foi o desafio #havaianaslivredecliches, realizado pela creator Vanessa Lopes. O mote da campanha foi: "Qual clichê mais te perturba e como se você se sente?". No caso das Havaianas, o sucesso foi tanto que 92 vídeos foram impulsionados, gerando um crescimento das vendas e um significativo aumento da lembrança do anúncio por parte dos consumidores.

Efeito Booktok: as comunidades influenciam as compras 

A comunidade conhecida como BookTok é utilizada por jovens que compartilham suas leituras e fazem resenhas curtas de livros. Esse fenômeno faz tanto sucesso que alguns estandes da Bienal do Livro em São Paulo separaram espaço para recomendar as leituras mais comentadas e compartilhadas pela comunidade. As pessoas começam a compartilhar e participar das discussões, isso aumenta a propagação no TikTok e, consequentemente, aumenta a procura pelos livros. Há uma correlação direta entre o que é divulgado na rede social e as procuras no Google, por exemplo.





Celebridades e suas extensões virtuais (foto: Alysson Lisboa Neves/Especial para o EM)

Qual o futuro do e-commerce?


Para a Mylena Gama, gerente sênior de marketing e comunicação da Nuvem Shopping, empresa líder no Brasil e América Latina em comercialização de plataformas de E-commerce, o futuro do setor está na experiência do online e das vendas ao vivo. Para se ter uma ideia, 50% das vendas na China são realizadas pelo E-commerce e lá o omnichannel está muito presente. Para a especialista, o comércio sempre existiu, o que mudou foi a forma. Outra dica da especialista é estudar muito o setor para estar atento às novidades. Em crescimento, o E-commerce exige muito estudo e conhecimento para que o profissional esteja sempre atualizado.

Já Frederico Trajano, CEO do Magazine Luiza, aposta na junção entre High Tech e High Touch. É essencial desenvolver estratégias que reúnam o humano e o tecnológico a fim de criar experiências cada vez mais mais profundas entre as marcas e seus consumidores.

O caminho encontrado pelo Magazine Luiza para unir o humano e a tecnologia foi ampliar a visibilidade da mascote da marca, a Lu. Surgida em 2010, hoje ela tem 6 milhões de seguidores no Instagram. Somando das demais redes, sua presença digital ultrapassa 14 milhões de seguidores. Recentemente, ela foi reconhecida como a maior influenciadora digital do mundo. 

Toda essa fama rende também lucro para a empresa.  Hoje, a Lu gera US$ 17 milhões com propagandas para marcas globais e participação em eventos virtuais.