Maior produtor de café do Brasil – e do planeta –, Minas Gerais virou agora referência em sustentabilidade no setor. É que começaram a ser produzidas numa fábrica em Montes Claros, Norte do estado, as primeiras cápsulas de café do mundo feitas de papel. A iniciativa pode contribuir para resolver um problema ambiental antigo, que é o descarte das cápsulas feitas de plástico e alumínio.
As cápsulas produzidas em Minas são parte integrante de um sistema, batizado de NEO, que foi desenvolvido pela Nestlé e apresentado à imprensa na semana passada, na Suíça. Fruto de cinco anos de pesquisa, esse sistema conta com uma máquina inteligente, que se conecta ao celular, e que, entre outras coisas, consegue identificar qual cápsula foi inserida em seu compartimento e ajustar parâmetros diferentes para extrair o café de forma perfeita. Também permite que o consumidor personalize seu café, ajustando os parâmetros de extração pelo aplicativo da Nescafé Dolce Gusto, que se conecta diretamente à máquina, por Bluetooth e Wi-Fi.
“Esse novo sistema é uma revolução pensando em tecnologia e sustentabilidade, trazendo também um excepcional café. É uma máquina feita para durar, conectada, e com uma customização do café, para você fazer do jeito que mais gosta”, comemora Tiago Buischi, gerente-executivo de marketing de Nescafé Dolce Gusto no Brasil.
Foi para tornar o sistema mais sustentável que a empresa desenvolveu cápsulas produzidas com papel. E não é qualquer papel. Trata-se de um produto certificado pela organização não governamental FSC (Forest Stewardship Council). Ela também é composta de um polímero biodegradável compostável. Além de ser biodegradável, a cápsula protege o café de alta qualidade da oxidação e garante a extração com maior qualidade. Criadas para decompor em cerca de seis meses, as cápsulas também possuem selos OK Compost Home e OK Compost Industrial, que, segundo a Nestlé, comprovam sua compostagem doméstica.
Pelo sistema NEO é possível extrair até dez opções de café: seis da Linha Regular: Espresso Delicate, Espresso Dark, Lungo Dark, Ristretto Intense, Caseiro Delicate e Caseiro Dark; dois orgânicos: Lungo Cerrado Orgânico e Espresso Sul de Minas Orgânico; e dois da marca Starbucks: Americano House Blend e Espresso Roast.
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Meio Ambiente
Vindo de fazendas localizadas no Cerrado Mineiro e no Sul de Minas, o café Nescafé Dolce Gusto NEO é resultado de uma preocupação com o meio ambiente, segundo a empresa. A marca, que tem a pretensão de até 2050 ser 100% carbono free em todo mundo, vê na sustentabilidade não só uma proteção à natureza, mas também como um modelo de negócio para o futuro.“Sustentabilidade na Nestlé faz parte da nossa história. Não é vista como um tópico. O mundo fala disso apenas agora, mas sempre falamos sobre isso dentro da marca”, disse Maxence de Royer, diretor de estratégia e desenvolvimento de negócios.
Em Minas Gerais, a pretensão já virou realidade. Montes Claros é a casa da primeira fábrica carbono free do mundo. Ao falar sobre café, a história do estado foi inserida no cenário internacional com muitos capítulos, desde o aumento significativo da produtividade nas últimas décadas e o avanço no uso de tecnologias, passando pela mudança de comportamento em relação ao hábito de consumir a bebida até a conquista de novos mercados com a produção de cafés certificados.
“É um projeto pensado nos mínimos detalhes, desde os campos, das fazendas, principalmente em Minas Gerais, que já contam com um sistema sustentável, até a nossa fábrica em Montes Claros, que é a primeira fábrica do mundo com a certificação triplo zero. Ou seja, que só utiliza água de reuso, compensa todas as emissões de carbono, com uma floresta que faz parte da fábrica, e com todos os resíduos reciclados”, conta Tiago Buischi.
A fábrica foi a primeira unidade da Nestlé a receber certificação de Impacto Ambiental Neutro em três dimensões. Inaugurada em dezembro de 2015, o espaço não utiliza água potável oriunda da natureza em seus processos produtivos. Para alcançar este resultado, a Nestlé implementou a reutilização da água extraída do processo de fabricação de leite condensado em sua fábrica vizinha de Leite Moça, para suprir 100% da água utilizada no processo de produção das cápsulas. Em um ano, mais de 66 mil m³ de água potável deixaram de ser retirados da natureza.
A fábrica também foi certificada por destinar 100% dos resíduos a processos terceirizados de reciclagem, reaproveitamento e compostagem, sem qualquer resíduo enviado a aterros. Ao longo da produção, 65% de todo lixo gerado é reciclado; 30% passam pelo co-processamento, gerando combustível para outros processos; e 5% dos resíduos provenientes da limpeza do café, a exemplo da borra, seguem para compostagem. Agora, com novo lançamento, que será produzido no estado, a unidade ganhou uma nova linha de produção, automatizada a partir de conceitos da indústria 4.0, com mão de obra altamente capacitada. A previsão de investimento no Brasil é de R$ 300 milhões.