Um estudo recente conduzido pelos economistas Shakked Noy e Whitney Zhang, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), revelou que o uso de tecnologias de inteligência artificial, como o ChatGPT, pode melhorar significativamente a produtividade em atividades profissionais relacionadas à escrita. A pesquisa, divulgada no site VOX EU, mostra que essa melhoria se traduz em maior rapidez e qualidade no trabalho realizado.
No início do artigo, Noy e Zhang relembram que a automação de atividades anteriormente executadas por seres humanos vem ocorrendo desde a Revolução Industrial. Embora tenham resultado em ganhos de produtividade e melhoria do bem-estar humano a longo prazo, esses avanços também geraram impactos negativos a curto e médio prazo, como o desemprego em áreas tradicionais que foram automatizadas.
Entre 1970 e o início da década atual, a automação de tarefas de nível médio de qualificação em áreas como linhas de montagem e contabilidade levou a uma maior concentração de renda. Empregos de menor qualificação, como limpeza e comércio, e de maior qualificação, como cargos de gestão e técnico, sobreviveram a essa onda de automação. Contudo, desde o início dos anos 2010, economistas perceberam que o 'machine learning' poderia levar a uma nova fase de substituição do trabalho humano, incluindo atividades criativas e não repetitivas.
Segundo os pesquisadores, os primeiros usos de automação baseados em 'machine learning' focaram em tarefas de previsão, como aprovação de fianças, contratação de pessoal e diagnósticos médicos. No entanto, a partir de 2022, com o surgimento de sistemas de inteligência artificial generativos, como o ChatGPT, atividades criativas e de design passaram a enfrentar a possibilidade de automação.
Para avaliar o impacto do ChatGPT na produtividade e no mercado de trabalho, Noy e Zhang realizaram um experimento online com profissionais de áreas como gestão, recursos humanos, marketing e análise de dados. Os participantes foram divididos em dois grupos e solicitados a realizar tarefas de escrita. Após a primeira rodada, um dos grupos foi apresentado ao ChatGPT e incentivado a usá-lo na segunda rodada de tarefas. O outro grupo, chamado de controle, teve acesso ao Overleaf, uma ferramenta colaborativa para padronização de textos.
Os resultados mostraram que 87% dos participantes do grupo que utilizou o ChatGPT empregaram a ferramenta na segunda rodada, avaliando sua utilidade em 4,7 numa escala de 5. O tempo para realizar a segunda tarefa foi 40% menor do que o grupo de controle, e as notas foram 18% mais altas. Além disso, o uso do ChatGPT nivelou a qualidade dos resultados, permitindo que quase todos os participantes desse grupo alcançassem resultados semelhantes aos melhores do grupo de controle.
Os autores do estudo também observaram que os participantes do grupo que usou o ChatGPT relataram maior satisfação e entusiasmo com a possibilidade de a inteligência artificial criar empregos em suas áreas. No entanto, o impacto potencial do ChatGPT no emprego e nos salários dessas áreas ainda não foi avaliado neste estudo específico, ressaltam os economistas.