Roteiristas de Hollywood afirmam que a inteligência artificial (IA), como o ChatGPT, não consegue criar programas de TV superiores aos produzidos por humanos. Radiologistas acreditam que os pacientes optarão pela análise humana, em vez da IA, em exames de imagem. Pilotos questionam se os passageiros se sentirão à vontade com algoritmos controlando aviões. Apesar do rápido avanço da IA e das previsões de economistas sobre a substituição de milhões de empregos, sindicatos têm enfrentado essa ameaça.
Leia: Roteiristas em greve em Hollywood consideram ameaça da IA uma afronta
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A IA se tornou um tópico de disputa crescente nas negociações, com líderes sindicais alegando que as empresas estão sendo mesquinhas ao trocar profissionais do conhecimento por uma tecnologia que não alcança a criatividade humana e está repleta de falhas e preconceitos. Recentemente, o sindicato dos diretores de Hollywood conseguiu um acordo provisório com estúdios de cinema, que garantiram que não seriam substituídos pela IA.
Lesli Linka Glatter, presidente da Directors Guild of America, declarou que a indústria está passando por rápidas mudanças e que o acordo é necessário para se adaptar a elas. No entanto, economistas apontam que a luta contra a IA será mais complexa e longa em outros setores. A filiação sindical está diminuindo, e as corporações possuem maior influência nas negociações. Sindicatos precisam encontrar argumentos que atraiam líderes interessados em cortar custos.
Daron Acemoglu, professor de economia do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, defende a importância das vozes dos trabalhadores, pois não há garantias de que executivos tomarão as decisões corretas em relação ao uso da IA. Sindicatos devem enfatizar aos gestores que a IA sem a intervenção humana pode resultar em mais gastos com erros e gerar trabalhos de baixa qualidade, prejudicando a marca da empresa.
Além disso, os sindicatos devem buscar participação nas decisões sobre como a tecnologia é utilizada em conjunto com os trabalhadores e defendê-la como uma ferramenta para potencializar o trabalho criativo, e não para substituí-lo.
A IA gerativa, responsável pela criação de texto, vídeo e áudio, representa um desafio para sindicatos em setores como escrita, tradução e atividades paralegais. Algumas empresas estão dispostas a trocar humanos pela IA, mesmo que a qualidade do trabalho seja inferior.
Sindicatos do passado já enfrentaram avanços tecnológicos, como os trabalhadores do setor automotivo na década de 1950, que lutaram contra a incorporação de máquinas para controle numérico computadorizado sem substituir pessoas na linha de montagem.
Em relação à aviação, pilotos têm resistido firmemente às tentativas de reduzir as tripulações de cabine a uma pessoa. A Administração Federal de Aviação (FAA) expressou preocupações sobre como a automação pode tornar os pilotos mais complacentes, afetando a segurança dos voos.
A luta dos sindicatos de Hollywood pode servir como exemplo, mas, segundo Acemoglu, é importante observar como os estúdios negociarão com os roteiristas, que estão em greve desde maio. O poder dos roteiristas pode ser menor devido ao maior número de profissionais no setor.