Processo dos EUA contra Google, troca de acusações entre Americanas e ex-CEO e outros destaques do mercado nesta terça-feira (12). 

EUA X GOOGLE

Começa nesta terça um julgamento histórico em que o governo americano acusa o Google de práticas monopolistas em seu sistema de buscas.





Uma ação desse tipo contra uma gigante de tecnologia não acontecia no país desde os anos 1990, quando o alvo foi a Microsoft.

A ACUSAÇÃO

O Departamento de Justiça dos EUA diz que o Google teve atitude monopolista ao fechar acordo com fabricantes —principalmente a Apple—, navegadores e outras empresas para tornar seu mecanismo de busca como o padrão nos dispositivos.

O Google tem cerca de 90% do mercado de mecanismos de busca no país e 91% ao redor do mundo, segundo a Similarweb.

Como troca nos acordos, empresas como Apple, Mozilla e AT&T ficam com uma fatia da arrecadação com anúncios nas buscas —receita que estaria ameaçada com o julgamento.

A DEFESA

Dona do Google, a Alphabet afirma que seus acordos com as fabricantes não são exclusivos e que os usuários podem alterar as configurações padrão para outros mecanismos de busca.

Kent Walker, presidente de assuntos globais da gigante de tecnologia, disse no mês passado que as táticas da empresa são "completamente legais" e que seu sucesso "se resume à qualidade dos produtos".





POR QUE IMPORTA

O julgamento previsto para durar dez semanas marca uma nova era no cerco das autoridades sobre as big techs.

Se antes elas estavam mais centradas nas aquisições anunciados pelas companhias, agora o foco se volta para as atividades principais dessas empresas.

Caso as práticas do Google sejam consideradas monopolistas, o juiz pode aplicar multas financeiras ou outras medidas corretivas, inclusive abrindo espaço para uma separação dos negócios da Alphabet.

Foi isso que aconteceu com a Microsoft no julgamento sobre a prática de pré-instalar seu navegador Internet Explorer nos computadores que vinham com o sistema operacional Windows –a big tech conseguiu reverter a decisão com recurso em instâncias superiores. 

BRIGA ENTRE AMERICANAS E EX-CEO ESQUENTA

A disputa entre a Americanas e o ex-CEO da varejista Miguel Gutierrez envolvendo a fraude bilionária na companhia ganhou novos capítulos nos últimos dias.

ENTENDA

O executivo que ficou 20 anos na companhia deixou a empresa 11 dias antes da nova gestão apontar "inconsistências" de R$ 20 bilhões no balanço –que depois seriam caracterizadas como fraude.





Desde então, a empresa entrou em recuperação judicial com dívidas de mais de R$ 40 bilhões e culpa a antiga diretoria pelo rombo.

Agora, ela acusou na Justiça o ex-presidente de mentir em uma ação protocolada pelo Bradesco e disse que o banco se aliou ao executivo na ofensiva contra a companhia.

O QUE DIZ CADA UM

%u21B3 Americanas: afirma que Gutierrez resolveu se manifestar juridicamente logo após a petição do Bradesco, em uma "jogada milimetricamente combinada", segundo a varejista.

- Ela diz ter enviado à Justiça, entre outros pontos, um arquivo digitalizado com anotações do ex-CEO que apontam a existência de duas versões do balanço da companhia, uma de uso interno da antiga diretoria e outra destinada ao conselho de administração.

%u21B3 Miguel Gutierrez: em carta à CPI que investiga o caso no Congresso, disse que o trio de acionistas de referência– Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira– participava ativamente do cotidiano da companhia e que a atuação era ainda mais forte na área financeira.





Ele nega a participação em uma fraude e afirma que a empresa quer proteger seus acionistas de referência e membros do conselho de administração.

%u21B3 Trio de acionistas: os bilionários que estão na empresa desde 1982 negam conhecimento e participação na fraude. Eles também estão à frente da renegociação das dívidas da companhia com os credores.

%u21B3 Bradesco: entrou com uma ação em janeiro pedindo acesso a documentos da empresa para a produção antecipada de provas. Na semana passada, entrou com uma petição no mesmo processo em que questiona a falta de conhecimento do trio de acionistas sobre a fraude na companhia.

Outros bancos credores: suspenderam os processos na Justiça contra a varejista durante o processo de negociação de dívidas –o Bradesco não aceitou tal medida. 

CONGONHAS LIDERA NAS MAIORES ROTAS DOMÉSTICAS

O aeroporto de Congonhas, em São Paulo, ultrapassou Guarulhos e agora concentra as principais rotas domésticas do mercado aéreo brasileiro.





Das 5 rotas mais movimentadas no país, 4 passam pelo aeroporto da zona sul de São Paulo:

- Congonhas-Santos Dumont, Congonhas-Brasília, Congonhas-Porto Alegre e Congonhas-Belo Horizonte.

- O trajeto Guarulhos-Recife completa o top cinco.

Em 2020, o aeroporto da cidade vizinha à capital paulista dominava as rotas domésticas, e Congonhas estava presente apenas com a ponte aérea para Santos Dumont.

Quando também são considerados os destinos internacionais, Guarulhos mantém a dianteira, com 3 milhões de passageiros a mais que em Congonhas nos sete primeiros meses deste ano.

O levantamento foi feito pela Folha de S.Paulo com base em dados da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) com os cinco trechos domésticos com maior fluxo de passageiros nos sete primeiros meses de cada ano.

O QUE EXPLICA

O principal aeroporto da cidade de São Paulo é o mais utilizado em viagens corporativas. Esse tipo de reunião sofreu um baque durante a pandemia, quando os encontros eram, em sua maioria, remotos.





A popularidade de Congonhas acontece após o aeroporto ter ampliado sua capacidade de voos por hora, ao mesmo tempo em que há reclamações de vizinhos sobre o excesso de ruído em seu entorno.

No ano passado, a espanhola Aena venceu a Concessão para começar a operar o aeroporto, o que deve acontecer em meados do mês que vem. 

'BOLSA' DE CARBONO NASCE COM DESCONFIANÇA

A plataforma de venda e compra de créditos de carbono, classificada como "bolsa" pelos seus fundadores, deve começar a operar nas próximas semanas no país, mas já enfrenta resistência de atores desse mercado.

ENTENDA

A B4 irá comercializar tokens (ativos digitais, irreplicáveis) de créditos de carbono entre as empresas interessadas em vender e outras interessadas em compras esses certificados.

O Brasil não possui um mercado regulado de carbono, e a aquisição dos créditos pelas empresas mais poluentes acontece de forma voluntária, como forma de prestar uma satisfação a acionistas e mercado.





A B4 diz já ter recebido 300 pedidos de empresas interessadas em vender créditos de carbono e outras 30 já teriam demonstrado interesse em comprar.

OS QUESTIONAMENTOS

Os representantes de empresas do setor demonstram desconforto com a pouca experiência dos fundadores da B4 e questionam sobretudo a política da plataforma de analisar os registros dos títulos antes de aprovar a entrada deles na plataforma.

Hoje, isso já é feito por poucas certificadoras que seguem regras internacionais, e a atuação da B4 nessa etapa é questionada.

Há também críticas acerca da intenção de se criar um mercado secundário dos créditos, o que abriria espaço para atores que compram os papéis apenas para ganhar com sua valorização. As empresas dizem que a prática abre brecha para fraudes.

O QUE DIZ A B4

Sobre a falta de experiência, um dos fundadores diz que já participou de projetos ligados a créditos de carbono.

A plataforma afirma que permitirá a venda de fragmentos de crédito de carbono "para que pessoas físicas também possam ter acesso" e afirma estar "se movimentando para estabelecer uma parceria com uma certificadora séria e confiável". 

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