Promover a diversidade e a inclusão de gênero é uma preocupação da maioria das empresas de tecnologia atuando no Brasil. Não é por acaso: segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do IBGE, as mulheres representam apenas 20% dos profissionais de tecnologia da informação (TI).
A disparidade de gênero no segmento é significativa não apenas no mercado de trabalho, mas também desde as instituições de ensino, já que a sub-representatividade feminina no setor começa já na formação dos profissionais. Engenheira de software na Amazon Brasil e atuando na área há 10 anos, Débora Borges conta que durante seu curso superior, em análise e desenvolvimento de sistemas, havia somente cinco mulheres em uma turma de cerca de 40 pessoas.
“Nos cursos da área de exatas, a grande maioria é de homens. Acho que é por conta de como a sociedade está estruturada, em dizer que alguma coisa é de menino e outra coisa é de menina. Por isso me vi muito tempo como uma pessoa de humanas, mas consegui me firmar, mostrar que estava ali com seriedade”, conta a engenheira, em entrevista ao Estado de Minas.
As grandes empresas não estão alheias a esta realidade. Por meio de programas de incentivo e ações, várias big techs, como a própria Amazon, buscam ampliar a inclusão de profissionais femininas na área. Além de vagas afirmativas, a Amazon Brasil realiza parcerias que tem o intuito de apoiar iniciativas e as conceder visibilidade no segmento, além de fomentar o networking entre mulheres.
Na última quarta-feira (18/10), a empresa promoveu o webinar “Tech talk: além da tecnologia”, focado em diversidade e inclusão no mundo da tecnologia. O evento contou com a participação tanto de engenheiras como Débora, que falou sobre sua experiência enquanto mulher dentro do setor, quanto de recrutadoras da big tech, a fim de apresentar as possibilidades de carreiras para desenvolvedoras.
O evento foi feito em parceria com o Reprograma, iniciativa que há 7 anos ensina desenvolvimento de softwares para mulheres de graça, com o objetivo de mostrar que "programação é coisa de mulher, sim”. Segundo a organização, entre julho de 2022 a julho de 2023, mais de 5000 mil pessoas se inscreveram na instituição, o que demonstra o desejo crescente de mais mulheres capacitadas na área de tecnologia. Das cerca de 500 formadas no segundo semestre do ano passado, mais de 50% já estão empregadas no setor.
Débora explica que esse tipo de iniciativa faz toda a diferença, uma vez que funcionam como ferramentas de representatividade e incentivo mútuo. “Dentre esses eventos, nós acabamos criando um banco de talentos e conexões. As mulheres verem que existem mulheres que progrediram na carreira, que estão em lugares que um dia elas almejam chegar, que tem histórias similares... Essa troca é o mais importante para mim”.
A criação de oportunidades e espaços seguros voltados para a nutrição de talentos têm surtido efeitos. Apesar de o progresso caminhar a passos curtos e as mulheres permanecerem como minoria, o cenário atual está melhor do que quando Débora começou uma década atrás. De 2015 para 2022, a participação feminina no setor de tecnologia aumentou 60%, segundo dados divulgados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED).
“Ainda estamos muito longe do perfeito, mas o que eu tenho visto é que o degrau tem diminuído pouco a pouco. Quando eu estudei, eram menos meninas. No meu primeiro emprego, não tinha nenhuma mulher programadora. No meu terceiro emprego, já tinha outras mulheres, algumas em posição de gerência. Hoje, na Amazon, eu vejo uma quantidade considerável, e são mulheres que estão mostrando que não estão devendo em nada”, conclui a engenheira.
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