Na esquina da Rua Tamoios com a Avenida Afonso Pena, bem ao lado da Igreja São José, um edifício comercial guarda, em segredo, no topo do 24º andar, encontros e desencontros de casais apaixonados. Ao entrar nesse império dos sentidos, o impacto é imediato. A começar pela visão, onde se destaca a iluminação de penumbra. Luzes azuis criam um clima de acolhimento e romantismo na decoração das mesas, na sua grande maioria balcões de dois lugares virados pra frente quem nos lembram poltronas de um trem de onde os visitantes se deslumbram com a vista panorâmica do horizonte belo da capital mineira. Ao som de Whitney Houston cantando I will always love you (Eu sempre vou te amar), o clima romântico se completa com uma playlist com o melhor dos anos 1980 e 1990. Estamos falando do Top Bar, boate e scotch bar que completa 59 anos em janeiro de 2019. O local histórico é, sem sombras de dúvidas, o maior confidente daqueles amantes que se permitam e, ainda se permitem, viver a paixão – sendo ela velada ou não.
Inovador No ano de 1960, após uma viagem pelos Estados Unidos, o mineiro descendente de italianos Humberto Cotta decidiu abrir no terraço do Edifício Bandeirantes um espaço requintado para abrigar um clube de uísque. Naquela época, os sócios do Top Bar eram, na sua maioria, políticos, funcionários públicos e de bancos da região central de BH. “Meu pai sempre foi revolucionário. Montou sozinho o bar acreditando no modelo de sucesso lá fora. Trouxe para BH a ideia do clube fechado que ainda não existia aqui”, comenta Andrea Silluzio Cotta Titton, atual proprietária, que administra com o irmão, Ricardo Cotta, o negócio herdado do pai.
Dois anos depois, Humberto reformulou o espaço e o transformou em uma espécie de boate privê onde existia uma exigência para frequentar o local: somente casais eram bem-vindos. Nesses 58 anos de atividades, a privacidade foi o carro-chefe: as 50 mesas acompanhadas de sofás para apenas duas pessoas são enfileiradas, uma atrás da outra, de modo que os clientes não se viam. Em uma antiga entrevista, Humberto falou: “Alguns vêm aqui sem seus pares e não querem ser reconhecidos”.
A partir dos anos 2000, essa regra acabou e, desde então, o local é aberto ao público em geral, que passou a desfrutar da vista, em 180 graus, da cidade iluminada através da janela de blindex. Entre turmas de amigos, casais, solteiros e gente comum, personalidades diversas já foram conferir o ar retrô do rooftop belo-horizontino. “Caetano Veloso, Milton Nascimento e Beto Guedes já vieram aqui. Além de artistas de novela, que não me recordo os nomes”, lembra Ricardo Cotta.
Chove lá fora Na última quarta-feira, enquanto a capital mineira se derretia com a chuva constante, três casais escolheram o rooftop mais antigo de BH para curtir a noite. “Já venho aqui há 3 anos. Tanto a noite, quanto ainda de dia, a vista daqui é espetacular, gosto muito de vir e fotografar. Tem um clima aconchegante e nostálgico. Trago sempre os amigos”, afirma Natália Ponciano, vendedora. Ao lado dela estava o brigadista Ernani Olímpio. “Fiquei impressionado ao sentar à mesa e deparar com a Avenida Afonso Pena e a Serra do Curral bem na minha frente. E olha que trabalho junto às torres de TVs no alto do Belvedere, onde estou acostumado com a bela vista de BH. Mas aqui no bar, com este clima, a cidade é ainda mais bonita”, finaliza.
Serviço
Top Bar
Rua dos Tamoios, 200, 24º andar, Centro
Horário de funcionamento
De seg a qui – das 18h às 0h
Sex e sáb – das 18 às 2h
(31) 3224-5941
www.topbarbh.com.br