Jornal Estado de Minas

Natal foi base de tropas norte-americanas durante a 2ª Guerra Mundial

Museu em Natal é gerido por Daliana Cascudo, neta do jornalista Câmara Cascudo - Foto: Setur RN/Divulgação
 
 
Natal não é apenas sol, praia e dunas. A cidade guarda muitas histórias e curiosidades ao longo dos seus mais de 400 anos. Por sua localização estratégica, facilitando deslocamentos para África e Europa, a capital potiguar foi base de tropas norte-americanas durante a Segunda Guerra Mundial. No começo de 2020, a cidade vai inaugurar o Complexo Cultural da Rampa, museu que contará um pouco sobre a aviação e a participação de Natal no conflito mundial. Rampa é uma antiga estação de passageiros e de transporte de correspondências utilizada como base para receber hidroaviões. Seu posicionamento privilegiado a tornou de imenso valor durante o transcorrer da Segunda Guerra, quando veio a se tornar a primeira base a operar missões da guerra na América do Sul.
 
- Foto: Giovanni sérgio/setur RNFoi ali que se registrou uma das fotos mais emblemáticas da história do Brasil. O encontro em janeiro de 1943 entre o presidente norte-americano Franklin Delano Roosevelt e o presidente brasileiro Getúlio Vargas. “Esse prédio histórico está sendo reformado, onde teremos não só um museu, mas um bistrô.
Uma nova construção que vai fazer parte do complexo vai abrigar um auditório e um espaço para exposições”, revela a secretária de Turismo do RN, Aninha Costa. Ela acrescenta que a Segunda Guerra Mundial foi um momento importante para a cidade e o estado e deixou marcas na história, costumes e no desenvolvimento. “Natal foi a primeira cidade do país a ter Coca-Cola, jeans, ray-ban. A influência norte-americana ainda é forte. Temos uma praia chamada Miami, outra chamada Praia dos Artistas, já que os norte-americanos eram chamados de artistas e uma das gírias mais utilizadas pelos natalenses é boy”, explica.
 

 
Entre os aviadores que estiveram em Natal está o francês Antoine de Saint-Exupéry. Piloto da empresa de correio aéreo Aeropostale, ele esteve em algumas cidades brasileiras entre 1929 e 1930. Reza a lenda que o escritor ficou encantado com um centenário baobá que conheceu na capital do Rio Grande do Norte e o incluiu em seu livro mais famoso, O pequeno príncipe.
 

Referência em cultura

 
Historiador, antropólogo, advogado, escritor, folclorista e jornalista.
Luís da Câmara Cascudo (1898-1986) é talvez a personalidade mais importante da cultura potiguar. Ele fez questão de morar a vida toda em Natal onde nasceu e morreu, chegando, inclusive, a recusar um convite do então presidente Juscelino Kubitschek para ser reitor da Universidade de Brasília (UnB). A casa onde ele morou por quase 40 anos é a sede do Instituto Câmara Cascudo, instituição privada mantida pela família e presidida por sua neta Daliana Cascudo. Além de livros, o acervo contempla coleções particulares de arte sacra, arte regional, etnografia indígena e africana.
 
O espaço preserva todos os ambientes, como quartos, sala de estar, de jantar, cozinha, com todos os móveis da época de Cascudo. Fotos de várias gerações da família também estão espalhadas pelo casarão, datado de 1900. A biblioteca traz raridades, como a máquina de escrever do historiador, da qual surgiram cerca de 200 obras e uma peculiaridade: assinaturas nas paredes e nas portas de visitantes ilustres, como o próprio JK, o maestro Heitor Villa-Lobos e políticos da região. É ali também que se encontra a imagem de São José de Botas, que segundo Câmara Cascudo era casamenteiro. “Vovô costumava dizer que a moça ou rapaz que passasse a mão na botinha dele, em um ano estava casado(a)”, assegura a neta. A repórter pagou pra ver.
O Instituto também abriga um auditório e um quintal onde costumam ocorrer eventos e exposições. Antes mesmo de ser aberta à visitação pública, em 2009, a casa já era referência da cultura do Rio Grande do Norte. 
 

 

 
Mordida 

 

Um dos lugares que se tornaram atração turística recentemente é a Arena das Dunas, inaugurada para a Copa do Mundo de 2014. Foi ali que o craque uruguaio Luis Suárez deu a famosa mordida no zagueiro italiano Chiellini, no confronto entre Uruguai e Itália. Embora muitos criticassem o fato de construírem um estádio de porte internacional em Natal, uma cidade com pouca tradição no futebol, o espaço não se tornou um elefante branco. “Vários eventos têm acontecido dentro e fora da Arena das Dunas, além do fato de os camarotes serem utilizados como salas comerciais”, assegura o guia turístico Fagner Peixe. 
.