Há uma teoria de que o Brasil não teria sido descoberto em 1500 em Porto Seguro, na Bahia, mas, sim, dois anos antes em Touros, litoral potiguar. “Não é achismo; tem fundamento. Não só pela localização do Rio Grande do Norte (está a cerca de 5 mil quilômetros da Europa), mas porque as próprias correntes marítimas traziam naturalmente as caravelas e naus para cá. É mais lógico eles terem chegado aqui antes”, defende o historiador potiguar Ítalo Araújo. Um outro argumento forte que reforça essa tese é a própria descrição da carta de Pero Vaz de Caminha.
Segundo Ítalo, o documento relata um morro que na verdade seria o Pico do Cabugi (RN), e não o Monte Pascoal, na Bahia. “A própria vegetação a que a carta se refere não existia em Porto Seguro naquela época, e é bem típica daqui. Caminha também afirma que quando chegou no Brasil se estabeleceu no Nordeste e navegou 3 mil léguas até as terras onde hoje é o estado de São Paulo. De Porto Seguro não dá 2/3 disso, ou seja, é a distância exata de Touros para o litoral paulista. Existem indícios fortes de que tudo começou aqui e a gente luta pra que isso seja reconhecido”, frisa Ítalo.
O próprio mote da campanha Investe Turismo RN – projeto do governo do estado em parceria com o Ministério do Turismo, Embratur, Sebrae-RN, Emprotur e Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do RN (ABIH) –, que tem o objetivo de acelerar o desenvolvimento, aumentar a qualidade e a competitividade na rota Natal e litoral, é “Tudo começa aqui”. “Tem a ver com essa história de que o Brasil teria começado no Rio Grande do Norte, mas também pelo fato de sermos uma porta de entrada importante do país e estarmos bem próximos da Europa e da África. É no sentido também de que o turismo começa aqui”, destaca Yves Guerra, gestor do Investe Turismo RN do Sebrae.
É no Forte dos Reis Magos, um dos pontos turísticos mais conhecidos de Natal e marco inicial da cidade (a edificação recebeu esse nome em função da data de início da sua construção, 6 de janeiro de 1598, Dia de Reis pelo calendário católico), encontra-se o marco de Touros, pedra em forma de coluna considerada o monumento colonial mais antigo do Brasil e um dos primeiros registros portugueses no país.