Rio das Flores, Barra do Piraí (RJ) – O Vale do Café está a cerca de 120 quilômetros do Rio de Janeiro, praticamente a mesma distância até Juiz de Fora. Por isso não é de estranhar que ali, nas varandas e na cozinha das confortáveis fazendas transformadas em pousadas, a cultura dos dois estados se encontrem. A proximidade com a cidade mineira também ajuda a fomentar o turismo do vale por outro motivo.
“Juiz de Fora é a cidade mais próxima com aeroporto com voos comerciais. Recebemos turistas de diversas regiões que voam até lá e seguem até nossa fazenda”, conta Camila Carrara, da Fazenda União, cujo casarão-sede, construído em 1836, é um verdadeiro cartão-postal. O luxuoso hotel fazenda tem 28 acomodações, de diferentes preços, piscina e heliponto. A imponente sede exibe a terceira maior coleção de porcelana com brasões da nobreza do período imperial, além de itens que pertenceram à família real. A capela e diversas obras expostas são do artista autodidata Jerônimo Magalhães, de Barra do Piraí.
A União também é uma das fazendas que têm se dedicado a trazer o café de volta ao vale. Mas, ao contrário da produção em larga escala, que esgotou o solo no século 19, a produção agora é voltada aos grãos especiais, produzidos em lotes menores, dedicados a extrair o melhor do fruto. Nos últimos quatro anos, algumas fazendas têm o processo de produção acompanhado pelo Sebrae e por pesquisadores da Universidade Federal de Lavras, no Sul de Minas.
Entre elas está a Fazenda Aliança, adquirida em 2007 pela arquiteta argentina Josefina Durini, que restaurou a sede por quatro anos utilizando materiais existentes dentro da propriedade, que se estende por 70 alqueires – cerca de 40% de mata nativa. Originalmente, a fazenda pertenceu ao 3º barão do Rio Bonito, que adquiriu as terras em 1861 exclusivamente para produção de café. Os enormes terreiros de pedras, com canais de águas para conduzir os grãos, são originais.
EXPERIÊNCIAS GASTRONÔMICAS
Josefina consegue conciliar uma fazenda produtiva com o turismo: recebe grupos de turistas interessados em conhecer como é o dia a dia de uma fazenda: do cuidado com os mais de 130 búfalos, caminhada pelas estradas e a experiência de um pôr do sol regado a caipirinhas em um mirante construído no ponto mais alto da fazenda. As verduras, legumes e temperos são colhidos da horta orgânica, e do leite de búfala é produzida uma excelente muçarela e, da carne, uma linguiça saborosa.
Ainda na região, vale uma esticada até a Cachaçaria Werneck, uma das mais premiadas cachaças do país, produzida pelo engenheiro aposentado Eli Werneck, idealizador do projeto sustentável. As visitas são guiadas pelo simpático Eli, que produz anualmente entre 10 mil e 12 mil litros de cachaça extraída da cana, que ocupa um quarto dos 11 hectares do sítio da família.