Helsinque – O dourado toma conta das ruas centrais, e duas renas "mais apressadinhas" chegam na frente para esperar o trenó que povoa os sonhos da criançada. Mesmo com frio e chuva – ninguém aqui é de açúcar, por favor –, vamos passear pela cidade limpíssima e segura, conversar com moradores bem simpáticos e desfrutar das surpresas que só uma bela viagem pode proporcionar.
Foi lá pelos meus 7, 8 anos que ouvi falar pela segunda vez na Finlândia – a primeira, claro, na aula de geografia. De férias da escola, passei alguns dias na casa de um tio em Resende, no lado fluminense da Serra da Mantiqueira, e fomos visitar Penedo, bairro charmoso do município vizinho de Itatiaia. Naquele lugar inesquecível, todo verde e aconchegante, estava, e ainda está, a única colônia finlandesa do Brasil, cujos pioneiros chegaram no fim da década de 1920 dispostos a uma vida diferente, com hábitos naturais e longe da palavra guerra.
Confesso que as imagens nunca desgrudaram da minha cabeça, embora tenha se passado tanto tempo. Mulheres usavam blusas brancas e saias coloridas, com arranjos de flores nos cabelos; os homens, chapéu. Tinha uma lojinha, comidas típicas, e aquelas gerações de nórdicos, crianças, jovens e adultos, me mostraram que o mundo era muito maior, indo bem além das montanhas de Minas, do Oceano Atlântico e da minha imaginação.
Agora estou em Helsinque, capital da Finlândia, e todas as histórias vêm à tona do mar cerebral, em ondas que misturam idiomas e ideias, juntam povos e culturas e, a milhares de milhas aéreas da terra natal, só trazem felicidade. Aliás, essa palavra, bem maior do que um sentimento, tem tudo a ver com o país. Conforme o Relatório Anual da Felicidade, pesquisa da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgada em março, a Finlândia fica em primeiro lugar, seguida dos “vizinhos” escandinavos Dinamarca e Noruega.
Como estamos perto do Natal, é preciso destacar um personagem familiar ao universo infantil e figurinha fácil em qualquer esquina do planeta, em dezembro. Pois é ele mesmo, o Papai Noel, que sai lá da sua vila na Lapônia, ao Norte da Finlândia, para viajar pelo céu com suas renas e povoar os sonhos de meninos, meninas e, claro, dos adultos que não deixam de lado um pouco de fantasia – e, cá para nós, é possível viver só de realidade? Quem acreditar no contrário, que faça seu pedido a Santa Claus, que deu origem ao bom velhinho e já está “turbinando” o trenó para deixar a terra dos lapões.
Nesta reportagem, vamos dar um passeio pela capital e apreciar a decoração na região Central, onde uma árvore de Natal, no cenário, ganhou o tom prata e o efeito é magnífico, ainda mais no breu em que os dias se tornam neste fim de outono. Segundo os moradores, novembro (estive lá na última semana) é o mês menos indicado para visitar a cidade, pois chove muito. Mas garanto que vale a pena cada passo, pois, muitas vezes, a sensação é de estar “dentro” de um filme, ainda mais quando só se vê a silhueta das pessoas encapotadas passando sob as luzes meio mágicas e o piso molhado refletindo prédios e faróis dos carros.