Ainda não foi desta vez que o histórico distrito de São Bartolomeu, em Ouro Preto, na Região Central de Minas, recebeu o selo de “Melhores Vilas Turísticas do Mundo”, concedido pela Organização Mundial do Turismo (OMT), agência especializada da Organização das Nações Unidas (ONU).
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“Queremos que nosso vilarejo tão lindo mantenha as características originais, principalmente pela tranquilidade, qualidade de vida e simplicidade das pessoas”. As localidades foram indicadas à OMT pelo Ministério do Turismo.
Localizado a 18 quilômetros da sede do município e a 85 quilômetros de Belo Horizonte e famoso pelos doces artesanais, São Bartolomeu ostenta o título de Patrimônio Imaterial de Ouro Preto, cidade que é Patrimônio Mundial.
“Mesmo sem a conquista do selo, esperamos um bom retorno para a comunidade em forma de emprego e renda, mas precisa haver planejamento. Não temos estrutura e isso nos preocupa muito”, afirmou Sérgio, que teve reunião com as autoridades municipais e apresentou um documento com reivindicações.
Presidente da Associação dos Doceiros e Agricultores Familiares de São Bartolomeu, Pia Márcia Chaves Carvalho Guerra, à frente dos Doces Vovó Pia, diz que, no coração dos moradores, São Bartolomeu é a melhor vila do mundo. “Vamos continuar trabalhando e produzindo os doces. Queremos valorizar cada vez mais o distrito, e atrair pessoas que tenham o mesmo sentimento. O turismo 'bacana', que não destrói nem faz bagunça, e tem cuidado com o patrimônio histórico e ambiental, nos interessa muito. Quem visita com esse objetivo será sempre bem-vindo, pois preservamos a cultura e as tradições.
"Em 9 de novembro, houve uma reunião envolvendo todos os setores da Prefeitura de Ouro Preto para avaliações de medidas tomadas e próximas ações", disse o secretário Rodrigo Câmara. Ele prevê parceiras com instituições como o Sebrae Minas para dar melhor suporte aos produtores locais de doce. O cenário, acredita Câmara, é promissor: "Já estamos vendo exemplos de pessoas que haviam saído de São Bartolomeu, por falta de oportunidades, e agora estão voltando".
Entre as primeiras providências, em andamento, estão as obras emergenciais na cobertura da matriz dedicada ao padroeiro. O trânsito também está na pauta da prefeitura, especialmente para controle de veículos pesados.
Na área de turismo, estão previstos o carimbo do Instituto Estrada Real no passaporte dos caminhantes, criação de roteiros e, para este mês iluminação de Natal, a cargo da prefeitura, na Capela das Mercês.
MEIO AMBIENTE E CULTURA
Nascido no fim do século 17, tendo como destaque a matriz (início do 18) dedicada ao padroeiro e o casario antigo, São Bartolomeu tem 730 habitantes, que se orgulham das águas do Rio das Velhas ainda limpas e transparentes e do patrimônio natural ao lado do leito.
Conforme foi mostrado em reportagem recente do Estado de Minas, tendo como guia Marco Aurélio Junqueira Mota, o Chumbinho, ambientalista apaixonado pela região e atuante no ecoturismo, há 43 cachoeiras, com 20 abertas à visitação. No entorno, está a Floresta Estadual Uaimií, unidade de conservação administrada pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF).
Primeiro distrito por onde o Rio das Velhas passa depois das nascentes na Cachoeira das Andorinhas, na sede do município de Ouro Preto, e depois da comunidade de Catarina Mendes, São Bartolomeu dispõe, desde a década de 1990, de uma Estação de Tratamento de Esgoto (Ete) para garantir a limpeza das águas. Nadar no curso d’água é um dos prazeres dos moradores.
O patrimônio tem olhares atentos dos moradores, que demandam obras urgentes na principal igreja do distrito. Tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 1960 e interditada desde fevereiro de 2019 por oferecer riscos à segurança, a Matriz São Bartolomeu não só representa um espaço sagrado para os moradores como atrativo turístico e local de reuniões da comunidade de maioria católica.
Um dos símbolos importantes está no sino de madeira, que, conforme a tradição oral, teria, nos primórdios, um badalo de prata.