Jornal Estado de Minas

OPINIÃO

Carnaval de milhões, mas rodovias de centavos


A alegria reprimida por 2 anos por conta da pandemia do coronavírus, virou explosão de brilho, festa e lágrimas nas ruas, parques, praças de todo Brasil. Belo Horizonte bateu recorde de público com a festa que reuniu, de acordo com a Prefeitura de BH, cerca de 5 milhões de foliões. Número comemorado também pelo governo de Minas Gerais. O potencial turístico superou as expectativas, com registro de 11,2 milhões de pessoas que visitaram Minas no carnaval. É a celebração do retorno de uma importante atividade econômica depois do baque da pandemia. E a volta por cima, com a injeção de R$ 1.5 bilhões na economia mineira, mostra a importância da cultura, tão maltratada nos últimos tempos, como atividade econômica que gera renda, empregos, retorno em impostos e envolve toda a cadeia do turismo (hospedagem, bares e restaurantes, transporte aéreo e rodoviário, transfers, taxis, motoristas de app e comércio em geral) e promove bem-estar. Minas brilhou! 
 
 
 
A grande procura por BH teve o Aeroporto Internacional, em Confins, como meio de chegada. De acordo com a BH Airport, no carnaval deste ano, cerca de 210 mil passageiros passaram pelo aeroporto de 16 a 23 de fevereiro, alta de 34% em relação ao ano passado. Somente no dia 17, na sexta-feira que antecede o feriado, o fluxo foi de 36.715 pessoas. Nessa mesma data, em 2022, circularam pelo terminal 25.607 pessoas. Se o balanço positivo é motivo de comemorar, cidades que não contam com aeroportos e o descolocamento até elas depende do transporte rodoviário, aí nem tanto. E a queda da procura por esses destinos, em parte, de deve ao estado precário observado em muitas radovias que cortam Minas - alerta feito aos viajantes, desde o início desse ano, em um série de reportagens do jornal Estado de Minas





Dados da Pesquisa Nacional de Domicílios (PNAD), realizada pelo Ministério do Turismo e o IBGE, apontam que cerca de 57,2%  das viagens realizadas em 2021 foram de carro particular ou de empresas, 12,5% fizeram os passeios em ônibus de linha e 10,2% de avião. Diante desse cenário, deparar com rodovias esburacadas no Brasil, com destaque para as rodovias que passam por Minas Gerais como as BRs 381 e 040, têm um impacto significativo no turismo. Isso ocorre porque as estradas desempenham um papel fundamental na ligação entre as diferentes regiões. Quando as rodovias estão em más condições, a viagem se torna mais difícil, demorada e perigosa, o que pode desencorajar os turistas de visitarem certas regiões ou destinos turísticos. Além disso, as estradas ruins podem prejudicar a imagem do país, fazendo com que os turistas acreditem que o Brasil não é um destino turístico seguro ou de qualidade.


As rodovias em más condições também podem afetar a infraestrutura turística local, como hotéis, restaurantes e atrações turísticas. A falta de manutenção nas estradas pode tornar o transporte de bens e serviços mais caro e difícil, o que pode afetar a disponibilidade e os preços dos produtos turísticos. Além disso, as rodovias esburacadas podem afetar negativamente o meio ambiente, aumentando as emissões de gases de efeito estufa e a poluição do ar. Isso porque a má condição das vias aumenta o tempo de viagem do caminheiro, elevando também o consumo de óleo diesel e dos pneus. Consequentemente pode levar ao aumento do frete e produtos e uma diminuição na demanda por turismo e prejudicar a economia local.
 
Em resumo, se o turismo em Minas Gerais depende do deslocamento de visitantes, em sua maioria, por vias terrestres, as rodovias esburacadas têm um impacto significativo na visão de quem visita o estado, prejudicando a acessibilidade, a segurança e a imagem de Minas como destino turístico. É importante que os governos (federal e estadual) e as autoridades locais invistam na melhoria da infraestrutura rodoviária para garantir uma experiência segura e agradável para os turistas, além de garantir o crescimento da economia local.