O vaivém frenético de passageiros, às 6h da manhã, é rotina diária em um dos melhores aeroportos do Brasil. Hoje, com 26 portões de embarque, é constante ver a correria de passageiros atrasados, puxando malas de rodinhas emperradas, no desespero de conseguir alcançar o mais longínquo portão e enfim, embarcar rumo ao destino escolhido. Local de encontros e despedidas, registra abraços, beijos, choro e lágrimas. Tem quem parte para nunca mais voltar. Tem gente que chega, e lá mesmo no aeroporto, parte novamente. Pois, o terminal internacional, é um importante hub de conexões. Nessa hora, a música ‘Encontros e Despedidas', de Milton Nascimento, traduz o que se passa no local: “tem gente que chega pra ficar. Tem gente que vai pra nunca mais. Tem gente que vem e quer voltar. Tem gente que vai, quer ficar. Tem gente que veio só olhar. Tem gente a sorrir e a chorar. E assim chegar e partir”.
Esta é a realidade de quem passa hoje pelo Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins. Mas, a história nos mostra que nem sempre foi assim. De 1984 a 2004, o aeroporto era chamado de elefante branco para muitos mineiros: longe demais, poucas opções de voos e vazio de tudo. Para eles, nada melhor do que embarcar/desembarcar no Aeroporto da Pampulha por conta da facilidade de acesso e estrutura montada, mesmo já mostrando que estava em vias de colapso, pela crescente quantidade de passageiros e tráfego aéreo.
Começo de tudo
Na época que a cidade de Confins era ainda distrito de Lagoa Santa, naquele 28 de março de 1984, às 4h, um Boeing da Transbrasil, procedente do Rio de Janeiro e carregado de malotes dos Correios, taxiava pela pista do aeroporto de Confins e marcava a inauguração do terceiro maior aeroporto do país, na época. Sem formalidades e a presença de políticos, em muito devido à obra estar inacabada e o terminal, em construção, com capacidade para receber somente 1/4 dos 10 milhões de passageiros anuais previstos, era dado o pontapé inicial na operação do Aeroporto Internacional Tancredo Neves.
Naquele mesmo dia, o primeiro voo regular de passageiros iria pousar por volta das 6h50, vindo também do Rio de Janeiro. O Boeing 737 da extinta Vasp desceria em Minas para minutos depois seguir para Brasília, Goiânia e Cuiabá. No terminal, além de passageiros e trabalhadores, centenas de curiosos aguardavam o início das operações.
Curiosidades
Se você frequentou o Aeroporto de Confins na década de 1990 vai lembrar: famílias inteiras da região e do interior visitam o aeroporto para ver, do terraço no terceiro piso, as poucas aeronaves ( Varig, Vasp e Transbrasil) que chegavam ou partiam. Era comum, principalmente quem vinha do interior do Minas, descobrir as “modernidades” do local, como os elevadores, as escadas rolantes e as pontes de desembarque, que permitiam ao passageiro entrar e sair do avião com acesso direto ao terminal. Os fingers eram sinônimo de revolução para a época. Nas férias, as crianças transformavam o gigantesco terminal aéreo em playground.
Antes mesmo de a obra ser concluída e inagurada, 1984, pelo presidente João Baptista Figueiredo, 182 aviões já haviam pousado em Confins. Entre os voos que marcaram a história do aeroporto intenacional está a chegada do mineiro João da Matta, ganhador da Corrida de São Silvestre na virada de 31 de dezembro para 1º de janeiro de 1983. O atleta do Clube Atlético Mineiro seria o primeiro a ser recepcionado com pompa no aeroporto. Naquele dia, a TV transmitiu ao vivo, pela primeira vez, o evento, aumentando de forma significativa a divulgação. Anos depois, o feito se repetiria principalmente com a chegada de jogadores de futebol contratados por times mineiros.
Comemoração
Nessa terça-feira (28/3), o BH Airport completou mais um ano de crescimento no cenário nacional da aviação. Fundado em 1984, o terminal internacional mineiro se consolida, diariamente, como um hub de conexões e a principal porta de entrada de Minas Gerais.
Em 2022, o BH Airport fechou o ano com a movimentação de cerca de 10 milhões de passageiros – índice que representa 90% do movimento alcançado em 2019. A meta para 2023 é recuperar 100% dos patamares pré-pandemia. Naquela ocasião, a malha aérea do BH Airport oferecia conexões para 45 destinos. Hoje, 62 destinos fortalecem um dos principais hubs do país.
“Precisamos valorizar a história do aeroporto, que é marcada pela transformação, sobretudo nesses quase dez anos, período em que está sob concessão. Minas Gerais conta hoje com um equipamento ainda mais moderno e funcional. Nesses 39 anos, muitas foram as mudanças e tivemos a oportunidade de contribuir ainda mais para oferecer uma infraestrutura adequada e no patamar que passageiros e visitantes merecem. Muitos foram os desafios, mas os resultados mostram que estamos no caminho certo”, avalia o diretor de Operações e Infraestrutura do BH Airport, Herlichy Bastos.
Novos voos
Recentemente, no último dia 26/3, o aeródromo inaugurou a rota inédita e sem escalas para Bogotá, operacionalizada pela Avianca, com frequência de cinco voos semanais, em três horários. A conexão direta para a Colômbia integra os seis destinos internacionais do BH Airport, que passa a operar o triplo de voos em relação ao ano passado. Já estão à venda as passagens para Fort Lauderdale e Orlando, nos Estados Unidos – novas operações da Azul Linhas Aéreas, partindo do BH Airport, que também incluem o destino inédito para Curaçao.
Nos voos domésticos, o destino para Parnaíba, no Piauí, foi inaugurado em março, contemplando a Rota das Emoções, um circuito que passa pelos principais pontos turísticos do litoral cearense, piauiense e maranhense. Em fevereiro, a novidade foi a operação da nova rota para Palmas, uma oportunidade para conhecer a exuberante natureza do Tocantins, como o Parque Estadual do Jalapão. Integrando a expansão doméstica da malha aérea, o BH Airport retomou o voo para Lençóis (BA) e anunciou as novas rotas para Aracaju (SE), Caldas Novas (GO), Navegantes (SC) e Santarém (PA). Para o interior de Minas, opções de destinos para as cidades de Juiz de Fora, Paracatu, Patos de Minas, Teófilo Otoni, Varginha, Araxá e São João del Rei.