Jornal Estado de Minas

FÉ EM MINAS

Imagem barroca de Sant'Ana Mestra retorna à capela de Lagoa Santa


 
Era pouco mais das 19h dessa quarta-feira (26/7), quando uma fila se formou em frente à Capela de Sant’Ana, na Fazenda do Fidalgo, em Lagoa Santa. Nela, devotos de todas as idades estavam ansiosos para entrar no templo sagrado, construído em 1745, e ter o reencontro mais esperado daquela noite. Assim que a porta se abriu, os fiéis, moradores, na grande maioria da comunidade da Lapinha e da Vila Maria, subiram os degraus da pequena escadaria da entrada para, enfim, após 17 anos de espera, avistar a imagem barroca do século 18 da Sant’Ana Mestra. Lá no altar, ao lado de São José e São Joaquim, a avó do Menino Jesus, carrega a pequena Virgem Maria no colo. E assim, sentiram o que lá estiveram – no aconchego de esperança e fé.




 
No altar, que precisa de ajuda para reforma, Sant"Ana Mestra encontra-se entre as imagens de São José e São Joaquim (foto: Carlos Altman/EM)
 
“Tenho muitas boas lembranças de infância dessa festa. Esta capela tem uma importância muito grande para a comunidade e para mim. Aqui foram realizados casamentos e batizados de muitos dos meus familiares. Sempre foi assim, toda Festa de Sant’Anna era um reencontro de parentes que não víamos há anos. Quando a capela fechou, em 2006, foi muito triste. Sentimos que estava nos despedindo de um ente querido. Hoje é um dia de festa. Sant’Ana está de volta, como aquela avó querida, ela fez muita falta”, emociona Dalva Cota, moradora de Lagoa Santa. 
 
Devoto de Maria, Rogério Avelar, prefeito de Lagoa Santa, participou da Festa de Sant"Ana (foto: Carlos Altman/EM)
 
Para Rogério Avelar, prefeito de Lagoa Santa, o retorno da imagem de Sant’Anna para a capela da Fazenda do Fidalgo tem uma importância muito grande para a comunidade da região. Católigo e devoto de Nossa Senhora, Rogério está presente na maioria das festas cristãs realizadas na cidade. “Essa foi a primeira capela da cidade, na época que aqui era apenas um povoado, isso lá em 1745. Fui criado nessa região, frequentei desde a infância e participei de muitas Festas de Sant’Anna. Minha mãe rezava aqui e, portanto, tenho profunda admiração por este templo. Essa capela quase desabou e precisava de reformas urgentes. O que fizemos foi a recuperação do que nos foi permitido como: a restauração das paredes, do telhado, mudamos a rede elétrica, trocamos pisos, janelas e portas. Agora, falta recuperar o altar. Esta será uma nova etapa. Ver a imagem de Sant’Ana de volta, me traz conforto’, conclui o prefeito
 
Com amor e afeto, cozinheiras da Lapinha e região se revezam para preparar os melhores caldos e pastéis servidos aos visitantes (foto: Carlos Altman/EM)
 
No sexto dia da novena da Festa de Sant’Ana, que termina no próximo domingo, toda a comunidade da região do Fidalgo e Lapinha seguiu o ritual que há séculos une os devotos: reunir os moradores em uma festa não só religiosa, mas também cultural e gastronômica. Antes mesmo da chegada dos fiéis, o movimento era intenso no refeitório, ao lado da capela. Na grande cozinha, quitandeiras preparavam nos tachos gigantes os caldos que seriam servidos naquela noite: feijão e mandioca, além de canjica, quentão e, claro, pastéis. São mulheres simples, cozinheiras que colocam como tempero o amor, carinho e ternura. Vale a pena provar de tudo. A partir desta quinta-feira (27/7) a Festa contará com uma grande promação cultural envolvendo artistas da região como violeiros, popnejo, Guarda do Congo e cortejo do Tambor Mineiro, com Maurício Tizumba.                                                     


 

Comunidade de Lagoa Santa 

 

 
Atuante na comunidade, Dalva Cota foi responsável em montar a mesa com as prendas que foram leiloadas na festa desta quarta-feira (foto: Carlos Altman/EM)
                                                                                                                                                                                            
 Esta festa é realizada através de doações e conta com recursos próprios da comunidade, principalmente da Lapinha. A secretaria de Turismo e Cultura da cidade ajuda no fomento. Mas, em sua totalidade, é da união e ajuda de todos. Marlúcio Roberto dos Santos, um dos coordenadores da Festa de Sant’Ana, explica que tudo o que é vendido em cada dia de novena, como bebidas, comidas e as prendas dos famosos leilões é depositado em uma conta para pagar os gastos operacionais e custear a realização da próxima festa, no ano de 2024. “Negociamos com fornecedores da região, conseguimos muitas doações como toldos, banheiros públicos, alimentos para o grande almoço que vai acontecer no domingo. Somos uma comunidade humilde, de poucos recursos, mas temos fé em Sant’Ana e sabemos que com a ajuda de cada pessoa, poderemos realizar uma festa maior e melhor a cada ano. Parte do que é arrecadado é repassado à Mitra Arquidiocesana. Mas tudo é negociável. Desejamos que todos os visitantes venham neste sábado e domingo e conheçam a importância dessa festa não somente para os moradores de Lagoa Santa, mas para toda Minas Gerais. Isso aqui é a manifestação cultural viva da religiosidade mineira”, finaliza. 
 

História

Capela de Sant'Ana, construída em 1745, ficou fechada nos últimos 17 anos. O templo religioso tem importância histórica para Minas (foto: Carlos Altman/EM)
Erguido em 1745, o singelo templo é um dos bens de grande importância histórica e cultural para a região, merecendo tombamento municipal em 2008 e sempre de laços fortalecidos com a comunidade. “São muitas passagens de nossa história nesta região”, diz Marta Machado Soares, citando alguns fatos da história mineira ocorridos ali. Entre eles, o assassinato de dom Rodrigo Castelo Branco, então administrador geral das minas, nomeado pelo governo português no final da década de 1670. O assassinato, em 1682, foi atribuído ao bandeirante paulista Manuel de Borba Gato (1649-1718) 

Quem puder ajudar, basta contribuir com qualquer valor no PIX:

Chave CNPJ: 17505249029052
Mitra Arquidiocesana de BH Paróquia São Paulo Missionário


Programação:

As missas ocorrem todos os dias ( a partir das 19h. Após as celebrações religiosas dará início às quermesses com vendas de comidas típicas e leilão)



Anote na agenda as apresentações culturais:


27/7 (quinta-feira) - 21h - Gercino Alves - Grupo de violeiro: Treme treme 

28/7 (sexta-feira ) - 21h - Ivan, Viola, Fábio e amigos – Modão e Popnejo

29/7 - ( Sábado) - 19h - Levantamento das bandeiras: Guarda do Congo de N. Sra. Do




Rosário da Lapinha – Capitã Helena e Capitão Rogério
21h -  Apresentação da Quadrilha da Lapinha – Arraial dos Sem Juízo
22h - Show Jair - Explosão do Forró

30/7 - Domingo será o último dia e terá uma programação toda especial

9h30 Procissão saindo do Sítio Bela Vista – acompanhada pela Corporação Lira São José
da Lapa
11h Santa Missa em honra a Sant’Ana e São Joaquim
Celebrante: Pe. Luis Gustavo
12h Almoço
13h Apresentação cultural com Maurício Tizumba e Tambor Mineiro
14h Leilão de gado e show com Naldo Zé (Viola e música regional)
15h Santa Missa em honra a Senhora do Carmo e São Judas Tadeu. 
Celebrante: Pe.Luis Gustavo
16h Leilão de gado e sorteio dos festeiros 2024
 
Mais informações 
 
Marta Soares - 31 99608-4600