No meio da floresta, ela se desponta pela sua grandiosidade – são mais de 60 metros de altura e cerca de 30 metros de circunferência de caule. Conhecida como a mãe de todas as árvores, a sumaúma ou samaúma é a guardiã dos segredos da Amazônia. Ela protege com seus galhos as outras árvores que estão debaixo dela. Como se fossem filhos e filhas, plantações de cacau, açaí, banana, jaca, cupuaçu, jambo e bacuri são “abraçadas” pela matriarca que lá do alto, tudo vê.
Nesta terça-feira (5/9), quando se comemora o Dia da Amazônia, essa gigante da selva, localizada ao lado da sede do restaurante Saldoza ( com L mesmo na grafia) Maloca, na Ilha do Combu, em Belém do Pará, tem muita história para contar. Acredita-se que tenha mais 400 anos e tenha presenciado todas as mudanças vividas na região: da selva virgem, a chegada dos forasteiros, as queimadas nos últimos anos e, atualmente, a verticalização de prédios na capital do Pará.
“É muita emoção estar aqui na Amazônia. De poder tocar seu tronco, sentir seu cheiro e sua vibração. É muita energia que recebo. Impressionante a sua altura e a beleza. Nunca vi nada igual. Olhar para cima é como olhar para o divino. Contemplo seus galhos lá no alto e vejo os raios de Sol entre as folhagens. Sinto uma paz enorme e uma sensação de cura, cura da alma”, emociona-se Amanda Freitas, mineira que foi ao Pará a trabalho e descobriu, do nada, a samaúma ancestral.
Para os ribeirinhos e indígenas, a sumaúma é a grande árvore da Amazônia. De acordo com a sabedoria da floresta, na base dela há um portal – invisível aos olhos humanos não-iniciados – que conecta o mundo real ao universo espiritual. Os seres mitológicos das matas entram e saem por esse portal.
Destaque internacional
Desde que anunciaram que Belém do Pará vai sediar a COP-30, a conferência do clima da ONU, em 2025, a capital paraense ganhou protagonismo na Região Amazônica. No mês passado, uma série de eventos movimentaram a capital paraense, como a Cúpula da Amazônia, o Chocolat Festival e o painel Diálogos da Amazônia. Todos, trataram do mesmo tema: sustentabilidade e preservação. “O Estado do Pará vai dar um grande passo agora, como protagonista. O exemplo vai arrastar os outros estados para essa porta de oportunidades. Não é à toa que a COP-30 está agendada para o Brasil, na Amazônia, no Pará “, disse o presidente da Apex Brasil, Jorge Viana. “A Amazônia é um lugar para ser preservado. A floresta em pé tem que valer mais que a floresta deitada. A floresta em pé tem que gerar emprego e renda. A Amazônia é um dos melhores ativos para o turismo que a gente tem, mas é preciso investir em um turismo que nos ajude a preservar essa floresta”, reafirmou Marcelo Freixo, presidente da Embratur.
Portais de experiências
Com os olhos do mundo voltados para Belém do Pará, a pergunta que se faz é: quais são os maiores atrativos na capital paraense que podem agradar tanto o turista nacional quanto os gringos? Para responder, tivemos que viajar até a região e desvendar os portais mágicos encontrados não só na Ilha do Combu, mas em toda a cidade. São lugares que amplificam a espiritualidade e difundem templos gastronômicos, culturais e turísticos.
Na terra do açaí, tacacá e do cacau, Belém do Pará é uma explosão de sabores da Amazônia. A quatrocentona cidade das mangueiras, fundada em 12 de janeiro de 1616 como o povoado colonial português Feliz Lusitânia, por capitão Francisco Caldeira Castelo Branco, fica às margens da Baía do Guajará e do Rio Guamá.
Os patrimônios histórico, religioso e cultural da capital paraense ganham destaque. Lá o visitante poderá visitar Basílica Nossa Senhora de Nazaré, Museu Paraense Emílio Goeldi, Espaço São José Liberto ou Polo Joalheiro (construído em 1749 e remodelado em 2002), igreja de Santo Alexandre, com museu de arte sacra, Catedral Metropolitana de Belém ou Catedral da Sé e a Casa das Onze Janelas.
Conforme a prefeitura local, a capital de 1,5 milhão de habitantes é formada por duas partes: as áreas Continental e Insular, essa composta por 39 ilhas (que são 65% de seu território). Embarque conosco e desvende o melhor dessa cidade, literalmente, quente. Quente de calor humano, de pratos apimentados, de fins de tardes ensolarados e de papos profanos. Como diz o povo paraense: bora lá?
Estação das Docas
O último fio de luz do dia cobre de dourado o Rio Guamá, as matas e as construções ao longo da orla da capital paraense. É justamente ao pôr do Sol, que a Estação das Docas, carinhosamente conhecida como Puerto Madero do Norte, é tomada por visitantes. O local, que foi revitalizado em 2000, tornou-se um importante centro gastronômico no Pará. É um lugar perfeito para curtir e registrar dezenas de selfies, diante dos clássicos guindastes que se estendem ao longo dos 500 metros do boulevard charmoso. O local tem como um dos atrativos a sorveteria Cairu. No final de julho deste ano, a gelateria paraense entrou para a lista das 50 melhores do mundo no Festival Mundial do Gelato, um dos concursos mais famosos do setor realizado em Roma, na Itália. A receita premiada foi o sorvete "Carimbó", que mistura doce de cupuaçu e castanha-do-Pará, cujo nome é em homenagem a uma dança típica do Pará. https://www.estacaodasdocas.com/
Império dos sentidos
Deixando de lado o profano, o Ver-o-Peso, de 1625, tem muita história, sabores e cheiros para experimentar. Nesse império dos sentidos, os turistas se deparam com o vaivém da Feira do Açaí, quando a produção da fruta feita por ribeirinhos chega, já de madrugada, para abastecer os comerciantes da região. No Mercado de Ferro é onde se encontram as bancas de peixes. Com influência europeia, ele foi construído em 1899. Da mesma forma que o Mercado da Carne, com a sua imponente torre central, onde o turista fica encantado com a escadaria de ferro. Todo o complexo onde se encontra o Ver-o-Peso é considerado a maior feira livre da América Latina.
Mangal das Garças
Criado em 2005, uma parte alagada de Belém passou por uma revitalização e se transformou em um parque ecológico. Com 40 mil metros quadrados de área, o local se destaca com vegetação densa e de igarapés, com lagos, aves, restaurante (Manjar das Garças) e vista deslumbrante da cidade e do Rio Guamá. No espaço, há borboletário, Mirante do Rio, Memorial da Navegação e Viveiro das Aningas.
www.mangaldasgarcas.com.br
Basílica de Nazaré
O local mais visitado por moradores e visitantes de Belém, o templo é o auge da festa do Círio de Nazaré. Símbolo forte na cultura paraense, a Basílica chama a atenção pela arquitetura neoclássica. Foi construída em 1852, no mesmo lugar onde foi encontrada a imagem de Nossa Senhora pelo caboclo Plácido. No altar, a imagem original da santa permanece no Glória (espaço elevado ornado com anjos e esplendores) durante o ano todo, sendo retirada somente no dia da missa após a romaria fluvial para a apresentação dos fiéis. Na edição do próximo Turismo (12/9) vamos trazer a programação da maior festa católica do Brasil, que completa 230 anos.
https://basilicadenazare.com.br
Famiglia Sicilia
O tradicional restaurante italiano Famiglia Sicilia é casamento perfeito que une as melhores massas italianas aos temperos únicos paraenses. Sob o comando dos irmãos Fabio e Angela Sicilia, dois mundos gastronômicos tão distantes se conectam e convergem em uma explosão de sabores. Como diz o lema do lugar: “A alma é parte indissociável do corpo e entendemos que ‘alimentar pessoas’ não pode limitar-se ao plano físico tão somente. Acreditamos na felicidade que nutre o corpo e alimenta a alma”.
www.famigliasicilia.com
Mercado Ver-O-Peso
Centro de compras é muito mais que um local turístico. Lá os desejos impuros e os prazeres ocultos podem ser encontrados engarrafados em pequenos frascos, Visitar o Mercado Ver-o-Peso, cartão-postal de Belém do Pará, é desvendar a cultura, as tradições, os cheiros, sabores e o artesanato paraense. A grande feira aberta às margens da Baía do Guajará seria mais um entre tantos outros centros de compras populares espalhados pelo globo se não fossem as peculiares bancas de vidrinhos com óleos, ervas e perfumes. Neles são engarrafados todos os tipos de desejo: óleo para tirar inveja, arranjar marido ou esposa e conseguir emprego. Mas nenhum tem o poder de atração como o óleo da bota-cor-de-rosa. A naturalidade que a feirante Cecília Barros explica os efeitos afrodisíacos do produto nos órgãos genitais masculinos e femininos é impublicável. Fico imaginando os turistas católicos que visitam Belém por conta do Círio de Nazaré e se deparam com essa personagem simpática e muito desbocada. Acho que eles sairiam de lá e tomariam um banho de água benta.
Theatro da Paz
Primeira casa de espetáculos da Amazônia, foi fundada em 1878, no período áureo da borracha. Localizado na Praça da República, trata-se de um dos teatros mais luxuosos do Brasil, arquitetura inspirada no Teatro Scalla de Milão (Itália). www.theatrodapaz.com.br