“O que se faz em Foz é só ver catarata e comprar bugiganga no Paraguai”. Foi o que ouvi de mais de uma pessoa quando disse que estava indo para Foz do Iguaçu (PR). Senso comum reproduzido à exaustão, a frase acaba refletindo o desconhecimento que muitos brasileiros têm em relação ao próprio país.
É claro que o conjunto de quase 300 quedas d’água do Rio Iguaçu, a uma altura de cerca de 80 metros, localizado na divisa do Brasil com a Argentina, é o chamariz turístico da cidade paranaense. Afinal, trata-se de uma das Sete Maravilhas Mundiais da Natureza. Contudo, há diversas alternativas de lazer que nada têm a ver com cascatas e comércio de produtos muito abaixo do preço de mercado e de procedência duvidosa – que não me ouçam os paraguaios!
Em uma viagem de quatro dias pela cidade, por exemplo, é possível – além de, claro, ver as cataratas em Foz e na vizinha argentina, Puerto Iguazú, que concentra cerca de 80% das quedas d’água – visitar o Parque das Aves, única instituição do mundo focada na conservação das aves da Mata Atlântica; conhecer as culturas brasileira, argentina e paraguaia em show realizado diariamente na tríplice fronteira (além de Argentina, Foz do Iguaçu faz fronteira também com o Paraguai); contemplar o pôr do sol na Yup Star, roda-gigante de 88 metros de altura e dar uma conferida no Dreamland Museu de Cera.
Cataratas e passeios refrescantes
Por mais que Foz do Iguaçu não se resuma às cataratas, é óbvio que o passeio pelas quedas d’água não pode ficar de fora. Para se ter uma noção completa da grandiosidade e da beleza natural do lugar, é recomendado ir às quedas d’água tanto do lado brasileiro quanto do argentino, na já citada Puerto Iguazú.
Aqui vale lembrar que não é necessário ter visto para entrar no país vizinho. O único documento exigido é a carteira de identidade ou o passaporte com data de emissão inferior a 10 anos.
O lado brasileiro oferece os melhores cenários para fotos, podendo ser considerado o mais “instagramável” das cataratas. Mas é no lado argentino – mais especificamente quando se chega perto da Garganta do Diabo, a maior das quedas d’água – que se experimenta algo único, uma espécie de reconexão com a natureza.
Para quem é mais zen, há na cidade o Templo Budista Chen Tien, cuja entrada é gratuita.
De quebra, se ainda tiver espaço na agenda, dá até para passar em Ciudad del Este, no Paraguai, e comprar as tais bugigangas.
Mas, a bem da verdade, são os passeios naturais que mais atraem os turistas, sobretudo os estrangeiros.
No lado argentino, está a maior das quedas d'água, chamada de Garganta do Diabo, com
80 metros de altura e150 metros de largura
Por fim, mas não menos importante, temos a “Gran Aventura”, o tradicional passeio náutico feito na parte argentina. Em síntese, o que se faz é um verdadeiro mergulho nas quedas Três Mosqueteiros. Levar uma muda de roupa, portanto, é imprescindível, porque você vai sair do barco encharcado.
Sustentabilidade x aquecimento global
Levantamento do Parque Nacional do Iguaçu, que administra as visitas às cataratas, mostra que, dos 1,4 milhão de visitantes em 2022, 526 mil eram pessoas de outras nacionalidades. Por causa desse turismo, Foz do Iguaçu entrou, neste ano, no top 10 de destinos globais mais procurados para uma estadia sustentável, de acordo com pesquisa feita pela plataforma Booking.com.
Desde 2015, a plataforma faz esse tipo de estudo e, de acordo com Marco Sobrinho, líder regional e embaixador de sustentabilidade da Booking.com, em 2023 houve maior índice de pessoas que se basearam nas práticas sustentáveis na hora de escolher o destino da viagem ou o local onde vão se hospedar.
“Acho que essa mudança de mentalidade e paradigma ocorre porque, se voltarmos há oito anos, quando começamos a fazer esse levantamento, falava-se muito menos de sustentabilidade no debate público”, analisa Sobrinho.
“Hoje, com a evidência no debate público da discussão de questões como o aquecimento global, por exemplo, as pessoas olham para a sustentabilidade e se preocupam mais com o planeta”, acrescenta ele.
Assim, considerando que há interesse maior pelo turismo sustentável, há certas dicas que podem ajudar o viajante a conhecer as diversas atrações da cidade paranaense e ainda contribuir com a sustentabilidade.
Quem se hospeda no Belmond Hotel das Cataratas, em Foz, ou no Gran Meliá Iguazú, em Puerto Iguazú, que ficam, respectivamente, dentro do Parque Nacional do Iguaçu e do Parque Nacional Iguazú, em noite de lua cheia, pode curtir ainda o “Passeio da Lua Cheia”, uma incursão noturna pelas cataratas iluminadas pela luz da lua. É um dos raros momentos em que se vê arco-íris de noite.
* O repórter viajou a convite da Booking.com