Jornal Estado de Minas

PATRIMÔNIO

Estação do século 19 de volta ao mapa do turismo

Ouro Preto – Uma estação ferroviária do final do século 19, em Ouro Preto, na Região Central de Minas, terá, a partir de novembro, um movimento que desconhece há décadas – mas, por enquanto, no lugar dos viajantes estará a equipe responsável pela restauração do bem da União cedido à prefeitura local. Localizada no distrito de Miguel Burnier, a 50 quilômetros do Centro Histórico, “a estação Chrockatt de Sá servirá para fomentar o turismo, especialmente o ecoturismo, e como atrativo para regiões de Ouro Preto e municípios vizinhos”, diz o secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Tecnologia, Felipe Guerra.





“O local vai ganhar uma estrutura para shows, e outros eventos, com tratamento do entorno. No período pós-pandemia, o turismo vem crescendo muito nas cidades históricas, e é importante destacar que a estação fica a apenas 3,5 quilômetros da rodovia BR-040”, completa Felipe Guerra. Outros municípios muito visitados também ficam perto: Congonhas, a 30 quilômetros, Ouro Branco (27km) e Conselheiro Lafaiete (50km). Visitado por trilheiros e por aqueles que se aventuram em bicicletas, o lugar faz parte da rota turística “Caminho de Santiago”, que começa em Ouro Preto e termina em São Tiago, na Região do Campo das Vertentes.

Ao longo do dia, há sempre uma paisagem para surpreender. No fim da tarde, o sol ilumina a estação, e pode até enganar os olhos: o viajante pensa que é o farol de um trem chegando, mas tudo não passa de miragem, pois os trilhos estão desativados e a estação, de 1897, com área de 52 metros quadrados, há muito está sem serventia.

Esse é o cenário silencioso no subdistrito de Chrockatt de Sá (nome em homenagem ao engenheiro e ex-diretor da Estrada de Ferro Central do Brasil), onde vivem apenas 20 pessoas. Sem uso, o prédio tem salas habitadas por centenas de morcegos, que deixam “marcas” por todo o piso e paredes.




Futuro promissor

A ordem de serviço para a restauração já foi assinada, com recursos provenientes de medida compensatória ambiental intermediada pelo Ministério Público de Minas Gerais, via Plataforma Semente. Segundo o prefeito de Ouro Preto, Angelo Oswaldo, “o restauro da estação não representa só um marco na história ferroviária de Minas, mas também projeta um futuro promissor para o município, diversificando a economia no distrito que, historicamente, dependeu fortemente da mineração”.

Destacando a localização estratégica, o chefe do Executivo disse ainda que “Chrockatt de Sá tem um rico patrimônio natural e cultural, incluindo a Vila Ema, antiga fazenda, e a estação, elementos que tornam a região um potencial centro turístico e de lazer.” Com a iniciativa, acredita que poderão chegar novos empreendedores. “Podemos ter ali a instalação de um hotel-fazenda e outros atrativos, inclusive, com a possibilidade de reativar a linha férrea que conectaria Miguel Burnier a Ouro Preto”.

Na solenidade de assinatura da ordem de serviço, a arquiteta responsável pela reforma, Eduarda Assis, apresentou o projeto e compartilhou a experiência de colaboração da comunidade na criação do plano de obras, que será realizado pela Construtora AGD LTDA. Conforme a Prefeitura de Ouro Preto, o projeto de restauração é liderado por Sidney Pedrosa, um morador do subdistrito que, durante a pandemia, ao retornar a sua terra natal, “ficou ainda mais cativado pela estação, notando especialmente sua arquitetura em estilo art déco e art nouveau”.

Contagem regressiva

O projeto será desenvolvido em três etapas: a primeira contempla o restauro do prédio da estação, com previsão de entrega em sete meses. A segunda, maior, prevê a extensão da área, com instalação de concha acústica, praça de eventos, estacionamento, área de lazer, bicicletário, bebedouros e banheiros, além de um museu da Maria-fumaça. Na terceira, haverá o projeto de paisagismo, placas informativas e outros dispositivos.