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Estado de Minas PATRIMÔNIO

Estação do século 19 de volta ao mapa do turismo

Estação ferroviária que faz parte da história de Ouro Preto vai ganhar vida nova com estrutura para shows e eventos


09/10/2023 04:00 - atualizado 09/10/2023 13:43
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Estação ferroviária com o pôr do sol ao fundo
O espaço está desativado, mas o reflexo do sol ao entardecer parece avisar que o trem está chegando (foto: EDÉSIO FERREIRA/EM/D.A PRESS)
Ouro Preto – Uma estação ferroviária do final do século 19, em Ouro Preto, na Região Central de Minas, terá, a partir de novembro, um movimento que desconhece há décadas – mas, por enquanto, no lugar dos viajantes estará a equipe responsável pela restauração do bem da União cedido à prefeitura local. Localizada no distrito de Miguel Burnier, a 50 quilômetros do Centro Histórico, “a estação Chrockatt de Sá servirá para fomentar o turismo, especialmente o ecoturismo, e como atrativo para regiões de Ouro Preto e municípios vizinhos”, diz o secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Tecnologia, Felipe Guerra.

“O local vai ganhar uma estrutura para shows, e outros eventos, com tratamento do entorno. No período pós-pandemia, o turismo vem crescendo muito nas cidades históricas, e é importante destacar que a estação fica a apenas 3,5 quilômetros da rodovia BR-040”, completa Felipe Guerra. Outros municípios muito visitados também ficam perto: Congonhas, a 30 quilômetros, Ouro Branco (27km) e Conselheiro Lafaiete (50km). Visitado por trilheiros e por aqueles que se aventuram em bicicletas, o lugar faz parte da rota turística “Caminho de Santiago”, que começa em Ouro Preto e termina em São Tiago, na Região do Campo das Vertentes.

Ao longo do dia, há sempre uma paisagem para surpreender. No fim da tarde, o sol ilumina a estação, e pode até enganar os olhos: o viajante pensa que é o farol de um trem chegando, mas tudo não passa de miragem, pois os trilhos estão desativados e a estação, de 1897, com área de 52 metros quadrados, há muito está sem serventia.

Esse é o cenário silencioso no subdistrito de Chrockatt de Sá (nome em homenagem ao engenheiro e ex-diretor da Estrada de Ferro Central do Brasil), onde vivem apenas 20 pessoas. Sem uso, o prédio tem salas habitadas por centenas de morcegos, que deixam “marcas” por todo o piso e paredes.

Futuro promissor

A ordem de serviço para a restauração já foi assinada, com recursos provenientes de medida compensatória ambiental intermediada pelo Ministério Público de Minas Gerais, via Plataforma Semente. Segundo o prefeito de Ouro Preto, Angelo Oswaldo, “o restauro da estação não representa só um marco na história ferroviária de Minas, mas também projeta um futuro promissor para o município, diversificando a economia no distrito que, historicamente, dependeu fortemente da mineração”.

Destacando a localização estratégica, o chefe do Executivo disse ainda que “Chrockatt de Sá tem um rico patrimônio natural e cultural, incluindo a Vila Ema, antiga fazenda, e a estação, elementos que tornam a região um potencial centro turístico e de lazer.” Com a iniciativa, acredita que poderão chegar novos empreendedores. “Podemos ter ali a instalação de um hotel-fazenda e outros atrativos, inclusive, com a possibilidade de reativar a linha férrea que conectaria Miguel Burnier a Ouro Preto”.

Na solenidade de assinatura da ordem de serviço, a arquiteta responsável pela reforma, Eduarda Assis, apresentou o projeto e compartilhou a experiência de colaboração da comunidade na criação do plano de obras, que será realizado pela Construtora AGD LTDA. Conforme a Prefeitura de Ouro Preto, o projeto de restauração é liderado por Sidney Pedrosa, um morador do subdistrito que, durante a pandemia, ao retornar a sua terra natal, “ficou ainda mais cativado pela estação, notando especialmente sua arquitetura em estilo art déco e art nouveau”.

Contagem regressiva

O projeto será desenvolvido em três etapas: a primeira contempla o restauro do prédio da estação, com previsão de entrega em sete meses. A segunda, maior, prevê a extensão da área, com instalação de concha acústica, praça de eventos, estacionamento, área de lazer, bicicletário, bebedouros e banheiros, além de um museu da Maria-fumaça. Na terceira, haverá o projeto de paisagismo, placas informativas e outros dispositivos.


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