Barreirinhas é a porta de entrada para os Lençóis Maranhenses. A cidade, que fica a 246 quilômetros de São Luís, tem várias pousadas e restaurantes e trânsito intenso de jardineiras 4x4, lotadas de turistas ávidos por colocar seus pezinhos nos lençóis.
Deixamos as coisas na pousada e logo pegamos nossa jardineira, que é o único carro que consegue transitar pelas dunas. O grupo era animado e, quando o motorista perguntou se queríamos com emoção, a resposta, claro, foi unanimidade!
Foram cerca de 30 minutos sacolejando no alto do carro, mas ninguém se importava, pois tudo o que estávamos vendo era novo para nossos olhos. Passamos por casinhas sem luz elétrica, vimos bodes, porco preto e até uma coruja. Atravessamos o rio de balsa e passamos por plantações de caju.
Quando chegamos no parque e colocamos o pé naquela areia branca e fofa, o semblante de admiração era nítido na face de todos. Para todos os lados que olhávamos víamos aquela paisagem deslumbrante, dunas imensas salpicadas por lagoas verdes.
PAZ
Depois de muito caminhar e admirar a paisagem, chegou a melhor parte: descemos até a Lagoa Azul e nos refrescamos na água morna e transparente. Literalmente, um oásis no deserto. Ficamos ali nadando, boiando e boquiabertos com tamanha paz e tranquilidade que o lugar proporciona.
Para repor as energias, jantamos no Restaurante Bambaê. Teve pescada amarela, suco de graviola e sorvete de tapioca. Tudo muito saboroso e com vista para o Rio Preguiças.
No segundo dia pela manhã pegamos um barco para ir até Atins, distrito de Barreirinhas. O barco deslizava pelas águas turvas do Rio Preguiças, todo margeado por manguezais, enquanto contemplávamos o cenário no melhor estilo National Geographic.
A primeira parada foi nos Pequenos Lençóis, que, como o próprio nome diz, são formações menores, que se assemelham aos Lençóis Maranhenses. Mas a grande atração local são os macacos que ali habitam, sempre prontos para surrupiar as coisas dos turistas.
Nossa segunda parada foi em Mandacaru-Farol, onde subimos os 160 degraus que levam ao topo do Farol Preguiças e pudemos ter uma visão panorâmica de toda a região. A paisagem compensou o esforço. Foram cliques e mais cliques.
A última parada antes de chegarmos a Atins foi em Caburé, vilarejo banhado de um lado pelo Rio Preguiças e do outro pelo mar. Caminhamos pela praia, catamos conchinhas e nos esbaldamos no restaurante Cabana do Peixe, que tem uma cocada dos deuses. Depois do almoço, ainda pudemos curtir sombra e água fresca nas redes espalhadas pela areia.
Quando chegamos em Atins percebemos por que tantos estrangeiros elegeram o lugar para morar. A pacata vila com ruas de areia é puro charme. O sinal de telefone e de internet é limitado e o contato com a natureza é prioridade.
Mal deixamos as malas no hotel e já pegamos outra jardineira rumo aos Lençóis Maranhenses. Aqui fica outra portaria do parque e, para mim, as paisagens de Atins são bem mais bonitas que as de Barreirinhas. Lá visitamos a Lagoa do Gavião e assistimos a um pôr do sol de tirar o fôlego.
Na volta do parque paramos em uma casinha simples na beira da estrada. Era o restaurante Canto de Atins, do senhor Antônio, onde comi o melhor camarão da minha vida. Além de ser enorme, ele veio grelhado e com um tempero de babar!
PARNAÍBA
De Atins para Parnaíba fomos de barco até Caburé e depois de 4x4 pela orla de Caburé até chegar na rodovia. A paisagem é linda e ainda salpicada por torres de uma usina eólica. Depois que cruzamos a divisa entre o Maranhão e Piauí e chegamos em Parnaíba, fomos direto para o Porto dos Tatus.
De lá pegamos uma voadeira e fomos navegar por um dos cinco braços do Delta do Parnaíba, o que leva até a Ilha das Canárias. Lá comemos uma deliciosa moqueca de caranguejo, no restaurante Casa de Caboclo, e então descobrimos que a região é uma das maiores produtoras de caranguejos do Brasil. Um guia nos explicou sobre as regras de preservação e que as fêmeas não podem ser apanhadas.
De lá seguimos para a Baia do Caju, um banco de areia dourada onde o barco foi atracado para que pudéssemos nadar no rio. Uma experiência relaxante, em meio à natureza intocada. Mas, mal sabíamos que o melhor ainda estava por vir. Já estava entardecendo quando nosso piloto desligou o motor do barco e ficamos à deriva, só observando os guarás (pássaros de coloração vermelha devida à ingestão dos caranguejos) chegando de todos os lados para dormir numa ilha. O céu se coloriu de vermelho e foi emocionante acompanhar a revoada de tantos pássaros e observar a sincronia da natureza.
O jantar foi um deleite à parte, no restaurante do Hotel de Charme, um moderno hotel-butique.
Kitesurfe no céu e no ar
De Parnaíba para Barra Grande, fomos margeando a orla e conhecendo as praias de Atalaia, Coqueiro, Itaqui, Maramar e Macapá. Fizemos também uma parada na curiosa árvore penteada. Devido ao vento, ela cresceu toda desajeitada para um lado só.
Nunca tinha ouvido falar de Barra Grande, distrito de Cajueiro da Praia, e foi o lugar que mais gostei na viagem. Quando estávamos chegando já deu para ver a quantidade de pipas de kitesurf colorindo o céu. Os brasileiros ainda não descobriram esse paraíso, mas os europeus são figurinhas carimbadas por lá. A vila, com ruas de areia, chama a atenção pelas pousadas sofisticadas e pelos restaurantes gourmetizados. Uma maravilha de lugar!
Almoçamos um suculento robalo grelhado no restaurante do hotel BGK, o pioneiro de Barra Grande. Com estrutura de chalés rústicos, de frente para o mar, o lugar é o preferido dos gringos, que desfilam de um lado para o outro com suas pranchas de kitesurf.
Foi em Barra Grande também que pegamos uma canoa para ir até a ilha habitada por cavalos-marinhos. Seguimos flutuando tranquilamente por um braço de mar até chegar ao local. Lá o guia pegou um cavalo-marinho, com um aquário, para que pudéssemos vê-lo, e em seguida ele foi devolvido para seu hábitat. Um passeio inesquecível!
À noite nos esbaldamos com o menu degustação do restaurante La Cozinha, com destaque para o ceviche de robalo com manga e pimenta rosa.
CAMOCIM
Seguimos do Piauí para o Ceará de 4x4 e desembarcamos em Camocim. A cidade é linda, com um calçadão bem bacana na Praia das Barreiras, de onde avistamos o píer e muitos barquinhos coloridos, que fazem a travessia até a Ilha do Amor. Pena que não tivemos muito tempo para conhecer Camocim, pois não pernoitamos por lá.
O que deu para ver foi a deserta Praia de Caraúbas, que parece saída de cenário de filmes. Fomos de carro pela areia até quase tocar no mar. No entorno, a única construção é um luxuoso hotel de charme, que mima os clientes que se refugiam nesse paraíso.
JERICOACOARA
Mais alguns quilômetros pela estrada e finalmente chegamos em Jericoacoara, o badalado destino turístico brasileiro. Vai dizer que você nunca sonhou tirar aquela foto deitada na rede dentro da água, que vive passando pela timeline do seu Instagram?
O lugar dos famosos cliques é a Lagoa do Paraíso, outro local que amei. A água é transparente, morninha e você ainda pode ficar lá na rede, literalmente de boa na lagoa. Sem falar na estrutura impecável do Alchymist Beach Club, com gazebos ostentação e um restaurante com pratos e drinques deliciosos.
Depois de curtir esse paraíso fomos visitar outro famoso ponto turístico, a Pedra Furada. Caminhamos um pouco pela praia e chegamos bem na hora do pôr do sol, um espetáculo à parte.
À noite fomos passear pelo descolado centrinho do vilarejo, que concentra muitas lojinhas, bares e restaurantes. O destaque foi o Mundo Jeri, lojinha que vende produtos em crochê feito pelas moradoras de Jeri. Tudo lindo e a preços bem módicos!
Jantamos no Restaurante Serafim, onde comi um polvo grelhado muito bom. Fizemos um tour pelos bares da vila e terminamos a noite dançando forró no Dona Amélia!
*A jornalista viajou a convite do trade turístico da Rota das Emoções
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