Entrevista/TUCA ANDRADA
Em Amor de mãe, Belizário (Tuca Andrada) investe contra Betina (Isis Valverde): maldade sem limite - Foto: Camilla Maia/globo
Tuca Andrada interpreta o cruel Belizário em Amor de mãe, novela das 21h da Globo. Na trama de Manuela Dias, o policial corrupto cumpre todas as ordens de Álvaro (Irandhir Santos), mas também aterroriza por conta própria as pessoas que podem atrapalhar seu caminho. Após matar o subalterno Wesley (Dan Ferreira), o personagem se aproxima de Penha (Clarissa Pinheiro).
A viúva do amigo de Magno (Juliano Cazarré) sabe que ele pode estar envolvido na morte do marido e deseja justiça.
Na entrevista a seguir, o recifense, de 55 anos, avalia o comportamento de Belizário, comenta a virada do personagem e admite que o vilão corrupto pode se apaixonar. O ator revela também se acredita na redenção do capanga de Álvaro e se ele pode se rebelar contra o empresário. Além disso, Tuca fala a respeito do uso de redes sociais para abordar assuntos envolvendo política.
Como você avalia o comportamento do Belizário em Amor de mãe?
Ele é mais que mau. É um cara que acha que vive numa selva e é o predador. Qualquer coisa que atrapalhe o caminho dele, não deixa em pé. Não interessa se é uma criança, uma mulher, o que for... Ele é um sobrevivente. Ali é uma guerra e o personagem está para vencer até o acertarem. Não tem moral.
Vem aí uma virada do personagem na trama. O que você pode adiantar?
Não posso falar. É maravilhoso, porque humaniza o Belizário demais. A gente vê que ninguém é tão mau ou bom assim. Todos os personagens dessa novela têm outra face. Isso é muito interessante. Hoje em dia, não adianta fazer uma novela com os bonzinhos e os mauzinhos. Isso já tem uma rejeição do público, porque ninguém é assim. Ele tem vários segredos que serão revelados.
O amor pode mudar esse homem?
Sim, Belizário é capaz de amar. Você pode ser um assassino, se apaixonar por uma pessoa e ter um lado doce. Isso é o que eu acho rico no ser humano. O amor muda até determinado ponto. Você pode se apaixonar e continuar sendo um assassino. Um grande amor também pode te levar a ter uma mudança completa de visão de mundo.
Belizário está envolvido na maioria dos problemas da novela. Você acha que existe redenção para ele?
Se eu conhecesse um Belizário na minha vida, dificilmente o perdoaria, porque ele é vil, cínico. Mas pode ser que exista uma redenção, sim. A novela tem muito chão pela frente ainda.
Você sempre fala sobre política nas redes sociais. Como é a sua relação com quem discorda da sua visão?
Não peço para ninguém concordar comigo em rede social. Meu Instagram é aberto. Exponho a minha opinião. Adoro quando as pessoas não concordam comigo. Só que primeiro vêm com um discurso raso. E muitos já chegam me ofendendo. Quando a pessoa fala isso, me dá a faca e o queijo para tratá-la do jeito que eu quiser. Teve uma maluca que falou: "Acabou a mamata da Lei Rouanet" e então pedi para ela me explicar como é essa lei (que tem o objetivo de direcionar recursos para investimentos em projetos culturais). O que existe neste país agora é uma coisa cínica de demonizar a classe artística.
Esses ataques nas redes sociais chegam a te incomodar?
Isso é um projeto de uma maldade enorme. Em qualquer classe existem os bons e os maus profissionais. É claro que a gente sabe que existem casos de má utilização da Lei Rouanet. O que não admito é essa demonização dos artistas. Quem faz arte neste país sabe o esforço que é levantar um filme, peça, se manter no teatro, publicar um livro, levantar uma exposição. Aí vem um bando de gente retrógrada, que não sabe o que está dizendo, chamando a gente de corrupto. Eu não admito. Solto os cachorros mesmo. (Estadão Conteúdo)
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