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Estado de Minas

Passados 41 anos da estreia do TV mulher, pauta de debates ainda é atual

Discussão em torno dos problemas enfrentados pelas mulheres atualmente não é muito diferente do que era feito no programa apresentado por Marília Gabriela


03/01/2021 04:00

Ney Gonçalves Dias era comentarista do TV mulher, apresentado por Marília Gabriela(foto: Memória Globo/Reprodução)
Ney Gonçalves Dias era comentarista do TV mulher, apresentado por Marília Gabriela (foto: Memória Globo/Reprodução)

Em editorial de um dos programas da TV mulher, em 1980, a apresentadora Marília Gabriela disse que as mulheres haviam se reunido em debates e congressos a fim de discutir problemas sérios: "A tradicional discriminação em todos os setores, principalmente no trabalho, a validade ou não da legalização do aborto, passando pela necessidade de creches e a divisão do trabalho doméstico", dizia o texto. Passados 41 anos, a pauta dos debates em torno dos problemas enfrentados pelas mulheres atualmente não é muito diferente.

Todos esses temas, e tantos outros relacionados ao universo feminino, alguns ainda tabu à época, como a sexualidade, ocupavam as manhãs da Globo em um programa considerado revolucionário justamente por abarcar essas questões de forma clara para um público que ainda não estava acostumado a ver, ao menos na televisão, os debates que estavam no rádio e nas revistas.

No ar de 1980 a 1986, o TV mulher, criação do diretor Nilton Travesso, reuniu um time de apresentadores, além de Marília: Ney Gonçalves Dias, Clodovil Hernandes, Xênia Bier, Henfil, Irene Ravache, César Filho, Ala Szerman, Marisa Raja Gabaglia, Marilu Torres, Ney Galvão e Christiane Torloni passaram pelo programa em épocas distintas. Logo em seu início, a atração chegou a ter quatro horas e meia de duração, em substituição a uma programação que misturava desenhos animados e documentários.O responsável pela criação do TV mulher foi o diretor Nilton Travesso. "Fiz uma pesquisa e percebi que não havia um programa dedicado à mulher, justamente em uma época em que ela começava a ficar mais presente na sociedade. Criei, então, um programa feminino para as manhãs. Foi um sonho que virou realidade e deu muito certo", conta Travesso, atualmente com 86 anos, 67 deles dedicados à televisão.

Ele relembra que, quando chegou aos estúdios da Globo em São Paulo, deu de cara com Marília Gabriela, que trabalhava no jornalismo. "Marília foi uma pessoa que me ajudou muito a pensar no formato, nas pesquisas prévias. Ela disse que a ideia mexia com ela", conta. Outra jornalista que se juntou à turma foi Rose Nogueira, responsável por escrever os editoriais do programa, lidos pela Marília logo na abertura.

ROQUEIRA OUSADA 
Ainda durante o processo de criação da TV Mulher, outros quadros e apresentadores foram surgindo. Um dos mais polêmicos coube à então sexóloga Marta Suplicy, o Comportamento sexual. A ideia era falar de temas como a primeira menstruação e ensinar as mães a educarem sexualmente seus filhos. O diretor também decidiu colocar um homem junto à Marília e chamou o Ney Gonçalves Dias para comentar o editorial.A 20 dias da estreia, o programa ainda não tinha uma música de abertura. Travesso relembra que, então, recorreu à roqueira Rita Lee, que, mesmo em Nova York, dias depois, ligou para o diretor e cantou os versos de Cor de rosa choque. A letra, assim que propunha o programa, também era ousada: "Sexo frágil, não foge à luta/E nem só de cama vive a mulher", dizia um dos trechos. (Estadão Conteúdo)


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