Acostumada aos palcos, Soraya Ravenle não imaginava as dificuldades que enfrentaria ao interpretar a espirituosa Ivete de “Laços de família”, exibida atualmente no “Vale a pena ver de novo”, na Globo. Na trama, que foi ao ar originalmente entre 2000 e 2001, a atriz e cantora deu vida a melhor amiga de Helena (Vera Fischer). A artista conta que, diversas vezes, sentiu medo antes de entrar em cena.
"Tinha feito algumas participações, mas nunca uma novela inteira. Vinha do musical da Dolores Duran e foi por isso que me chamaram. A Globo costuma fazer isso; é uma prática. Quando há algum destaque fora, ela vai trazendo as pessoas. Só que, quando eu cheguei lá, não entendi nada. Fiquei completamente paralisada muitas vezes", conta.
Na memória de Soraya, um dos episódios marcantes que simbolizaram esse pânico diante das câmeras foi o de uma cena da época de Natal. Na sequência, Ivete precisava embrulhar algumas coisas, ao mesmo tempo em que falava. Mas a atriz teve uma "pane" e pediu socorro ao diretor Ricardo Waddington. "Falei: 'Ricardo, não sei fazer isso, me tira da novela. Estou apavorada!'. Mas ele respondeu: 'Para com isso! Vai lá e faz! Claro que você sabe'. Só no meio do folhetim que comecei a me entender, mas foi doloroso", confessa.
Para Soraya, a televisão tem um processo muito ágil e, daí, veio a estranheza inicial ao formato. Além disso, a intérprete de Ivete relata que a primeira cena com Vera Fischer não foi fácil, por não terem tido tempo de criarem a intimidade que a sequência pedia. As duas ficaram esperando para gravar por uma hora e meia no carro, em um dia de chuva, mas Soraya não conseguia manter um diálogo com a colega de elenco.
"Eu, com aquele mito do lado, sem saber o que falar. As personagens eram duas melhores amigas e eu me perguntava como conseguiria fazer esse papel, se não conseguia falar um 'oi' para ela. Foi constrangedor. Momentos muito tensos", entrega.
CARREIRA
Além de “Laços de família”, Soraya integrou o elenco de outras novelas, como “Malhação”(2007 e 2011), “Beleza pura” (2008), “Paraíso” (2009) e “I love Paraisópolis” (2015). No entanto, a atriz confessa que o folhetim clássico de Manoel Carlos ainda é o que faz mais pessoas a reconhecerem nas ruas. Na trama, Ivete também vivia um drama com a impotência sexual do marido, Viriato (Zé Victor Castiel).
"A Ivete não rejeitou nem foi machista com o marido, apesar de ele estar naquela crise de autoestima e começar a ficar impotente. Ela realmente poderia tê-lo abandonado, o colocado contra a parede de uma forma rude, mas foi bem compreensiva", valoriza.