A atriz mineira Heslaine Vieira, de 26 anos, apresenta com talento cada uma das facetas de Zayla em “Nos tempos do imperador”, novela das 18h da Globo. A personagem pode tanto demonstrar sua força como mulher quanto o lado articulador, a fim de obter o amor de Samuel/Jorge (Michel Gomes).
Leia Mais
"Nos tempos do imperador" é acusada de reforçar o racismo estruturalLilia schwarcz: "Todo racismo é ruim, mas o nosso é terrível"Alexandre Nero diz que o vilão Tonico Rocha é ''assustadoramente real''Folhetim ''Mar de amor'' é a nova aposta vespertina do SBT/Alterosa Marcos Caruso usa o humor para relembrar triângulos amorosos de "Pega pega"Nascida em Ipatinga, no Vale do Aço, a atriz chama a atenção para a determinação da jovem princesa da Pequena África, reduto afro-brasileiro no Rio de Janeiro do século 19. Revela que sentiu falta de mais dados históricos sobre a realeza negra que ali vivia. Houve o apagamento dessa memória, diz, comparando Zayla à pioneira Madam C. J. Walker (1867-1919), afro-americana pobre que ergueu um império da indústria da beleza nos EUA.
Na próxima terça-feira (26/10), Heslaine estará em cartaz em outra atração da Globo: a série “As Five”, na qual contracena com Gabriela Medvedovski e Daphne Bozaski, que também fazem parte do elenco de “Nos tempos do imperador”. “Funcionamos juntas e isso é maravilhoso!”, conta.
Como você vê as ações da Zayla em “Nos tempos do imperador”?
A Zayla é muito intensa e contraditória. Uma atitude dela agora não se justifica com a ação seguinte. Ela é forte e tem um lado articulador. O talento para costura e moda mostra bem esse lado visionário da personagem. Gostaria de ver mais dessa habilidade dela. Assim como a Madam C. J. Walker foi uma grande empreendedora, ela poderia ter contribuído muito para o mundo da moda.
Como você se preparou para interpretar a Zayla?
A pandemia atrapalhou nossos planos. Eu começaria a preparação antes, presencialmente, com a Alana Cabral (intérprete de Zayla na primeira fase da novela). Infelizmente, não conseguimos. Quase tudo foi on-line. Troquei informações com Alana, busquei referências, fiz aulas de prosódia com a Íris Gomes e fui entender o contexto histórico. Queria saber mais profundamente sobre questões que cercam a Pequena África e essa família nobre. Assisti a inúmeros filmes, li bastante, mas senti muita falta de arquivos, livros e filmes sobre a realeza negra. Desde pequena, me chamava a atenção o apagamento da nossa história, das famílias nobres. Entender que a Zayla é uma princesa foi um ponto de partida para mim.
Em “Nos tempos do imperador”, você repete a parceria com Gabriela Medvedovski e Daphne Bozaski em cena. O que isso significa?
Fico muito feliz e à vontade com elas. Já temos intimidade cênica de anos. O olho no olho, os pilares que precisamos, está tudo lá. Sabemos como funcionamos juntas e isso é maravilhoso!
A parceria de vocês na novela é diferente daquela em “As Five”?
É diferente, mas não muito. Na novela, temos registros bem distintos das personagens. Então, na primeira vez que nos encontramos vestidas como Zayla, Pilar e Dolores, levamos uns minutos nos observando. Não queríamos trazer o olhar de Ellen, Keyla e Benê, que ficava muito automático quando nos olhávamos antes em cena, como em “As Five”.
Zayla começa apaixonada por Samuel/Jorge, mas também se interessa por Guebo (Maicon Rodrigues). Qual desses amores combina mais com ela?
Torço para que Zayla se encontre e se ame. Vejo isso nela. Falta se conhecer primeiro, antes de viver qualquer outra coisa. Ela merece amar e ser amada verdadeiramente. Todas nós merecemos ser cuidadas e amadas. O amor é potência, e ele só é bom quando é recíproco.
O público torce por Zayla ou a vê como vilã?
Em um primeiro momento, havia muita gente torcendo por ela. Acompanho as redes sociais. Muitos viram nela o que observei quando fui lendo os capítulos. Na virada da trama, Zayla está feliz, apaixonada, vivendo um sonho. Surge a vontade de trabalhar e ela se encontra na costura. Agora vejo muitas pessoas divergindo de opinião. Como a personagem tem muitas viradas, vou acompanhar mais de longe e ver a reação do público.
Gravar na pandemia deve ter sido uma experiência diferente. Como foi a adaptação aos novos protocolos sanitários?
Pessoalmente, não foi tão difícil. Fiz “Sob pressão – Plantão COVID” e tive breve experiência com protocolos. O mais difícil – além de não poder trocar com o elenco, com cada um em camarim e usando máscara todo o tempo, exceto para gravar – foi entender como funciona uma obra fechada de mais de 150 capítulos. É difícil (a equipe) não se ver para fazer ajustes e não ter retorno do público. Porém, acredito que tudo foi muito positivo, diante das possibilidades em uma pandemia. Todos nós aprendemos bastante.