Mateus Solano não se assusta com a morte como o doutor Guilherme, seu personagem em “Quanto mais vida, melhor!”. Na novela das 19h da Globo, o cardiologista ganhou uma segunda chance de viver, porém segue aterrorizado com o prazo de um ano em que receberá a resposta final sobre continuar vivo ou não. Segundo o ator, ele “naturalizou” que morrer faz parte do processo da vida.
"Gosto de interpretar personagens diferentes da minha personalidade. Sou mais doce, divertido, espontâneo e extrovertido do que o Guilherme. Ele é o contrário disso tudo. Tenho uma noção muito saudável de que vou morrer. As pessoas ficam afastando essa ideia, embora seja a única certeza. Penso todos os dias na morte", revela o ator.
Na trama das sete, Guilherme quer salvar o casamento com Rose (Bárbara Colen), mas a esposa ainda tem sentimentos pelo ex-namorado, o jogador de futebol Neném (Vladimir Brichta). Então, o triângulo amoroso é entre a fantasia de uma relação interrompida e a realidade de uma vida conjugal imperfeita, porém com momentos felizes. Para Mateus, estabelecer uma conexão com a colega de trabalho ajudou a passar pelo período de gravar um folhetim durante a pandemia de COVID-19.
SOLIDARIEDADE PANDÊMICA
"Esse elenco é interessante. A Bárbara (Colen) é alguém que vou sempre citar. A gente se olhou e, em poucos dias, estabelecemos uma relação de 20 anos em cena. Tivemos desafios por conta da pandemia e isso gerou solidariedade instantânea dentro do processo de gravação", relata.
Além da relação com Rose, Guilherme se afeiçoou a Flávia (Valentina Herszage). A dançarina estava com ele, Neném e Paula (Giovanna Antonelli) no acidente aéreo e encontro com a Morte (A Maia). Desde então, os dois se aproximaram e quase engataram um romance. O casal inusitado poderia gerar estranhamento ao público, pois Valentina interpretou Bebeth, a filha de Eric (Mateus Solano) em “Pega pega” (2017/2018), exibida em edição especial antes de “Quanto mais vida, melhor!”. No entanto, o ator defende que agora é outra história.
"A gente teve uma preocupação no início, porque as tramas iam ficar coladas, mas não há problema. Somos intérpretes e estamos fazendo personagens diferentes. Eric e Guilherme são distintos, apesar de ambos serem homens poderosos. A trajetória dele é muito bonita, pois quer controlar o outro, mas precisa começar a entender que ninguém é feliz sozinho. Falo que o núcleo do Guilherme é o alívio dramático da novela", conta.
CORAÇÃO DE PIANISTA
O ator Mateus Solano afirma que a música é o que ele e Guilherme têm em comum. Por trás de toda a frieza do médico, tocar piano acessa o lado emocional dele, observa. Por isso, Solano emprestou a sua habilidade com o instrumento musical, que estuda há dois anos, para o personagem da novela.
"Guilherme é bom em cuidar do coração dos outros, mas não conhece o próprio coração. Fazer alguém que toca é especial. Sempre que aparecia no texto que ele tocava piano, eu ligava para o Ricardo Leão (produtor musical), a fim de saber a canção para poder gravar", confessa.