Malu Galli empresta a força que tem em cena para Violeta quebrar paradigmas em “Além da ilusão”. A novela das 18h da Globo começou nos anos 1934 e avançou para 1944 com a personagem no comando da tecelagem, ao lado do sócio Eugênio (Marcello Novaes), em uma época em que não era naturalizada a presença da mulher no mercado de trabalho. Na trama, a mãe de Isadora (Larissa Manoela) passou a chefiar a família depois da morte do pai, Afonso (Lima Duarte), e dos surtos do marido, Matias (Antonio Calloni). Por causa do assassinato da primogênita do casal, Elisa (vivida também por Larissa Manoela), toda a estrutura da família ficou abalada.
Na entrevista a seguir, a atriz carioca, de 50 anos, comenta sobre como Violeta lida com o machismo e sua relação de amor e ódio com Eugênio. Além disso, fala de seu casamento tradicional com Matias, de como a família enfrenta a morte de Elisa e das semelhanças da jovem com Isadora.
Malu Galli revela também em quem se inspirou para interpretar uma mulher à frente de seu tempo.
Como Violeta lida com o machismo de Eugênio no ambiente de trabalho?
Violeta condensa nela muitas das conquistas que a Alessandra Poggi (autora) fala na história sobre a entrada da mulher no mercado de trabalho, luta por mais direitos. Vai ter embate da personagem com o Eugênio, porque ele é um sujeito machista, apesar de ter bom coração. Então, eles brigam muito porque são sócios.
Apesar de viverem em pé de guerra, vai nascer um amor entre eles. Como você analisa essa evolução na relação dos personagens ao longo da trama?
A Violeta considera que eles precisam ser sócios em igualdade total. Só que não é o que acontece na prática, porque o homem tem aquela coisa de chegar e falar primeiro, tomar a frente. Mas é interessante porque entra na história um tom de comédia romântica através da relação deles e é delicioso. A gente tem cenas muito divertidas. Está sendo um prazer trabalhar com o Marcello (Novaes).
Como você vê a relação da Violeta com a família?
A relação da Violeta com o Matias é de um casamento tradicional, da época. Eles se dão bem, mas é um relacionamento mais morno.
A personagem observa na filha caçula, Isadora, semelhanças com Elisa. De que forma isso mexe com mãe e filha?
Tem até uma cena na novela em que a Violeta comenta sobre essa semelhança... A Isadora sofre com o trauma psicológico, apagando o rosto da irmã e do tal mágico, Davi (Rafael Vitti), que eles comentam tanto que é o assassino da Elisa. A minha personagem fala que basta a filha se olhar no espelho para saber como seria a irmã, porque elas são muito parecidas. Enfim, ela lida de forma natural. Não há nenhum espanto.
Em quem você se inspirou para interpretar a Violeta?
A Violeta é uma mulher como nós, dos dias de hoje, porém vivendo nos anos 1940. Está à frente do seu tempo, quebra paradigmas, assim como tantas mulheres que abriram caminhos ao longo da história. Ela é corajosa, firme e amorosa, e um tanto explosiva também (risos). Eu me inspirei em todas nós para compor essa personagem.