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Estado de Minas STREAMING

'Pachinko não quer julgar ou condenar alguém', diz produtora

Soo Hugh, roteirista da série, espera que os espectadores possam se reconhecer na luta pela sobrevivência e nos amores incondicionais que a produção retrata


03/04/2022 04:00 - atualizado 03/04/2022 01:52

Vestindo roupa verde, a atriz Youn Yuh-jung, na série Pachinko, tem olhar entristecido
Youn Yuh-jung vive a protagonista Sunja, retratada desde a adolescência na série disponível no Apple TV+ (foto: Apple TV+/Divulgação)

Soo Hugh relutou em encarar “Pachinko”, o livro de Min Jin Lee que foi finalista do National Book Award em 2017. Os temas do romance pareciam próximos demais. Hugh, showrunner da ótima série “The terror”, nasceu na Coreia do Sul e mudou-se para os EUA ainda bebê. “Pachinko” é um épico sobre a coreana Sunja, que vai das décadas de 1910 a 1990. Mas a roteirista e produtora tomou coragem.
 
"Eu tinha medo de abrir uma caixa de Pandora de emoções E foi exatamente o que aconteceu", explicou em entrevista por videoconferência. "Além de ter ficado extremamente emocionada, foi muito libertador." O resultado é “Pachinko”, que estreou recentemente sua primeira temporada no Apple TV+.

A série, de oito episódios, não segue a estrutura linear do livro, pulando no tempo e assim deixando claras as diferenças geracionais. Em 1915, a pequena Sunja (Yuna), filha dos donos de uma pequena estalagem em um distrito da hoje metrópole Busan, sente os efeitos da brutal ocupação japonesa da Coreia.
 
Já adolescente, interpretada pela estreante Kim Minha, Sunja se envolve com o elegante Hansu (o astro sul-coreano Lee Min ho), novo administrador do mercado de peixes. Ela engravida e descobre que Hansu tem família.

Junto da mãe, Sunja salva a vida do pastor Isak (Steve Sanghyun Noh), com quem se casa e vai morar em Osaka. Paralelamente, no final da década de 1980, Solomon (Jin Ha), neto de Sunja, volta ao país onde foi criado, o Japão, para fechar um negócio. Ele reencontra o pai (Soji Arai) e a avó (agora interpretada por Youn Yuh-jung, vencedora do Oscar de atriz coadjuvante em 2021 por “Minari”).

O título “Pachinko” refere-se ao jogo de caça-níqueis, que virou meio de sobrevivência para coreanos que moravam no Japão, como o pai de Solomon. Um jogo que é também dependente da sorte, como a vida de Sunja.

"Senti uma tremenda conexão com a personagem, por sua determinação de sobreviver, sua força, sua honestidade", disse Youn. A atriz, de 74 anos, nasceu após o fim da Segunda Guerra e, portanto, da ocupação japonesa.
 
"Mas minha mãe me contou como era", contou. "Fico feliz de essa história estar sendo contada. Antes, ninguém estava interessado na história de um país tão pequeno. Mas o mundo parece estar ficando menor."

Não é um tema que todas as famílias coreanas – ou japonesas – estão dispostas a comentar. "Muita gente prefere esquecer o passado porque é doloroso demais", comentou Soo Hugh. "Mas o problema é que quando você tenta varrer o passado para baixo do tapete, tudo acontece novamente. A gente está vendo isso agora. O mundo não muda, porque revivemos os mesmos erros."

ATUAL E UNIVERSAL

“Pachinko” é uma série de época, sobre uma circunstância particular, mas atual e universal. Muitos países passaram – estão passando – por ocupações, muitas pessoas sofrem preconceitos, imigrantes enfrentam adversidades tremendas. Toda família tem suas tragédias.
 
"A série quer celebrar as pessoas e a humanidade, e não julgar ou condenar alguém", observou Hugh. Ela espera que os espectadores possam se reconhecer nas jornadas de Sunja e Solomon, que são de sacrifício dos pais pelos filhos, luta pela sobrevivência, amores incondicionais, união familiar, injustiças, triunfos.
 
"Gosto de épicos, dos filmes de David Lean. É um tipo de produção que perdemos", ressaltou Hugh. ''Costumávamos ter obras grandiosas sobre pessoas reais e não só super-heróis." 


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