Com a morte de Maria Marruá, Juliana Paes se despede de “Pantanal”. Na primeira fase da novela das 21h da Globo, a atriz teve a oportunidade de interpretar a personagem que pertenceu a Cassia Kis na versão original da trama de Benedito Ruy Barbosa, exibida pela Rede Manchete em 1990.
A mãe de Juma (Alanis Guillen) ganhou fama por se transformar em onça e ensinar a filha a se defender do “bicho homem”. Marruá despertou os instintos mais selvagens de Juliana para interpretá-la na trama, agora escrita por Bruno Luperi.
“Estar no Pantanal foi importante para compor a personagem, pois o lugar te convida a levantar as orelhas e lançar o olhar para fora. Tem a energia de contemplação e muito barulho, porque os bichos cantam alto. O som forte da natureza chamando te silencia”, ressalta Juliana.
Maria Marruá, assassinada por Lúcio (Erom Cordeiro) a mando de Muda (Bella Campos), é mulher marcada por perdas. Muda foi ao Pantanal em busca de justiça pela morte do pai, atacado por Gil (Enrique Diaz) quando ela era bebê.
Juliana diz que o público se identifica com o sofrimento da personagem, que aos poucos foi perdendo tudo o que tinha na vida.
“Maria foi forjada na dor. É antinatural os filhos morrerem antes da mãe. Ela também sofreu a violência da perda da terra, do que é seu, e de como você se entende por gente. Quando a personagem não possui mais nada, ela só tem a si mesma e seus próprios instintos”, analisa.
Depois da morte de Maria Marruá, Juma seria a próxima vítima de Muda. Porém, a jovem vingativa se apegará à mocinha e terá por ela amor de irmã, desistindo de concluir o plano inicial.
NOSTALGIA
Juliana afirma que o folhetim emociona não só pela história, mas por reavivar sensações em quem já conhece a novela e sente nostalgia ao assistir à nova versão.“Para muitos brasileiros da minha geração, 'Pantanal' está em um lugar de memória afetiva. Lembro-me do meu pai e da minha mãe sentados, assistindo. E olha que meu pai nunca foi de ver novela. Era uma atmosfera diferente na casa das pessoas. Para alguns, é novidade, mas tem o público cativo emocionado ao revisitar essa história", afirma.
O processo de caracterização de Juliana foi longo e feito em etapas. Ela só conheceu Maria Marruá depois de colocar a roupa, com o cabelo e a maquiagem prontos. A atriz conta que precisou entender que a mãe de Juma simboliza a mulher e sua profunda relação com tempo.
“Não é esforço nenhum. Foi gratificante poder abrir mão da vaidade, da estética vigente na sociedade, e ver beleza nas olheiras, no cabelo branco e nas marcas do tempo. É um prazer abandonar um pouco o lugar de estar sempre perfeita e se deleitar vendo o resultado do trabalho. O processo diário era catártico”, conta.
JACARÉ
O período em que gravou no Pantanal foi cheio de surpresas. Juliana se deslumbrou com a beleza da natureza, mas passou alguns apertos. Até jacaré quis chegar mais perto da atriz durante uma cena.
“Abrir porteiras das fazendas era um dos perrengues. O mais difícil era quando dava vontade de fazer xixi de noite, e eu tinha de ir atrás da van. Existia o medo de vir um bicho na hora, mas deu tudo certo. Quando estava fazendo uma cena da Maria grávida, a produção gritou para sair do rio. Um jacaré estava traçando uma reta na minha direção”, relembra.