"Tento mostrar esse homem do campo como ele é, a magia, a força, a honra e a dignidade que o peão tem. Esta fé em tudo, até em uma mulher que pode virar onça e em outro que se transforma em cobra"
Juliano Cazarré, ator
Juliano Cazarré está curioso sobre uma das cenas mais comentadas da primeira versão de “Pantanal”: a castração de Alcides. Intérprete do personagem na adaptação do clássico de Benedito Ruy Barbosa, feita por Bruno Luperi, ele aguarda por esse momento no folhetim das 21h da Globo. Na trama, o peão deve ter o órgão sexual decepado por Tenório (Murilo Benício), após a descoberta do caso do capataz com a esposa do patrão, Maria Bruaca (Isabel Teixeira).
"Tento mostrar esse homem do campo como ele é, a magia, a força, a honra e a dignidade que o peão tem. Essa fé em tudo, até em uma mulher que pode virar onça e em outro que se transforma em cobra. A respeito da castração do Alcides, ainda não vi nada. Li até o capítulo 150, mas parece que a cena estará lá. Será divertido fazer essa sequência", desconversa o ator.
Na história, Alcides quis trabalhar para Tenório com o intuito de se vingar do fazendeiro. Assim como a família de Juma (Alanis Guillen), o peão foi prejudicado por conta das armações do pai de Guta (Julia Dalavia) no Paraná.
Enquanto guarda esse segredo, o personagem acaba se envolvendo romanticamente com Maria Bruaca. A mulher do vilão muda completamente de comportamento depois de descobrir sobre a segunda família do marido.
HONRA
"Está sendo uma honra participar de 'Pantanal'. Quando soube que a novela ia acontecer, entrei em contato com a direção da casa e disse que gostaria de fazer. A história é adaptada pelo Bruno (Luperi) e começou com o Benedito (Ruy Barbosa), com quem eu queria muito trabalhar. Tenho feito amigos e reencontrado alguns outros colegas", conta.
Debaixo da ''casca grossa'', Alcides guarda um bom coração. Na visão de Juliano Cazarré, o personagem luta contra seus instintos para tentar ser alguém decente.
O peão só não podia imaginar que Maria projetaria nele todo o desejo sexual reprimido. Para o papel, o intérprete estudou a fundo a prosódia dos peões.
"A minha preparação passou pela palavra e pelo jeito de falar. Peguei o texto e busquei alguma expressão mais antiga, diferente e engraçada, que desse um colorido ao personagem. A gente sabe que Alcides não é nascido no Pantanal, mas veio para se vingar. A palavra é o grande foco do que estou fazendo", ressalta.
“Pantanal” não tem cidade cenográfica. Os cenários fixos foram montados nos Estúdios Globo, no Rio, enquanto as externas são gravadas em fazendas do Mato Grosso do Sul. Um processo que enriqueceu o trabalho dos atores, por dar uma vivência diferente aos personagens.
"Foi muito bom começar por lá, porque o Pantanal imprime um peso na sua pele. O lugar tem aquele horizonte longe, esse calor. A luz bate em tudo e você está sempre franzindo os olhos. O Pantanal é onde você mais avista animais, então foi uma viagem gostosa de fazer", relata.