Foi em 1997 que Taís Araujo estreou na Globo, em “Anjo mau”, depois do sucesso conquistado na extinta Manchete como a protagonista de “Xica da Silva”, que mal havia saído do ar. De lá para cá, integrou o elenco de 10 novelas, de algumas séries e fez inúmeras participações especiais na emissora. Mesmo assim, a carioca, que tem 43 anos, não hesita em reconhecer que nunca teve um canal tão aberto de criação com autoria e direção como experimenta hoje em “Cara e coragem”.
"É bom ter a Claudia Souto (autora), que não se coloca no lugar de Deus. Os atores também são autores e todo mundo contribui na composição dessa história. Isso reflete no que ela está escrevendo. Em 25 anos de Globo, por mais diálogo que eu tivesse, não era nesse nível. Acho que isso só é possível por serem duas mulheres no comando", afirma.
A atriz tem nas mãos as personagens que sustentam o clima de mistério da novela das 19h da Globo. Afinal, a suposta morte de Clarice e a semelhança de Anita com a empresária formam um quebra-cabeça no qual as peças, aos poucos, se encaixam. E Ítalo (Paulo Lessa), Pat (Paolla Oliveira) e Moa (Marcelo Serrado) se uniram na busca por respostas sobre o dia do crime.
"Tenho muito carinho pelo horário das sete. Falo de novelas dessa faixa e já abro um sorriso, pois tive experiências lindas. 'Cara e coragem' é contemporânea e cheia de referências dessas mudanças de mundo que vão sendo apresentadas pelos personagens e tramas. A Claudia pontua de maneira inteligente", afirma.
Semelhança
Clarice e Anita são fisicamente iguais, mas com personalidades e figurinos distintos. Há quem desconfie que a segunda é apenas disfarce da primeira. Porém, um flashback mostrará o momento em que elas se conheceram.
"A Anita é mais essa moda que está na rua, uma mistura de estilos e bem jovial. Clarice é clássica e usa roupas com recortes. Estudo o que o texto traz, mas a caracterização me diz o que vou seguir. O figurino é importante na construção de personagens diferentes", conta a atriz.
Na visão de Taís, “Cara e coragem” dá um grande passo na dramaturgia brasileira ao colocar uma família negra no centro da história. A atriz, inclusive, pontuou com a direção e a autora o fato de Clarice e Anita terem as mesmas referências e lugares de encontro, exatamente por serem negras.
Daí veio a ideia de ambas usarem laces – perucas com tela que imita o couro cabeludo e, assim, entregam um visual ainda mais natural.
"A gente foi construindo com a direção a caracterização e o figurino de Anita e Clarice, mulheres negras que usam laces. Só que a de uma custa uma fortuna e a da outra é barata. A questão do cabelo é muito séria e importante para nós", afirma a atriz.