Jornal Estado de Minas

NOVELA

Letícia Colin revela dificuldade em viver a malvada Vanessa


Letícia Colin interpreta a perversa Vanessa de “Todas as flores”, novela do Globoplay. Escrita por João Emanuel Carneiro, a trama apresenta a vilã como mulher ambiciosa, que passa por cima de qualquer um em prol de seus objetivos. Ao ver o noivado com Rafael (Humberto Carrão) em perigo, ela arma para que o herdeiro da Rhodes & Co. Tailleur se mantenha com ela, usando inclusive a gravidez. Mas, na verdade, a filha de Zoé (Regina Casé) espera um bebê do amante, Pablo (Caio Castro). Só que usa a criança no plano de arruinar o romance entre o mocinho e a irmã dela, Maíra (Sophie Charlotte), jovem com deficiência visual.




 
Na entrevista a seguir, a atriz, de 32 anos, fala sobre as maldades de Vanessa, da construção da personagem e do quanto a inveja motiva as ações da filha de Zoé. A artista ainda revela como está se sentindo na pele da vilã e comenta se torce ou não para que a designer ganhe a redenção no folhetim.

O público está acostumado a ver você interpretando mocinhas. Como é estar, desta vez, na pele da vilã?
Estou amando! Primeiro, tive dificuldade em dizer as atrocidades que ela fala. Vanessa é o contrário de tudo que desejo para mim, porque é egoísta e eu sou a favor de uma coisa mais democrática. Mas nosso trabalho é não ser a gente e representar essas pessoas, que também existem. Acho que a parte mais difícil é ela ser capacitista, dizendo absurdos que servem de alerta para tirarmos do nosso vocabulário. Quem está afirmando isso é uma vilã. Essa não é a maneira certa de se comunicar com uma pessoa com deficiência.

Em “Todas as flores”, Vanessa vê em Maíra uma inimiga, mesmo que a irmã tenha salvado a vida dela. Como você e Sophie Charlotte constroem essa relação?
Lembro-me do primeiro dia em que vi a Maíra da Sophie nascer. Estávamos em uma sala de ensaio, nos preparando juntas e, também, nas nossas individualidades. Tive a honra de estar em uma das primeiras vezes que a personagem surgiu e isso me arrepia toda. Fiquei muito emocionada. Acho que a dramaturgia tem nos desafiado cada vez mais. Nossa heroína é uma mulher forte, madura e conectada com os valores da essência. Já a Vanessa seria a aparência, nessa contraposição. Isso faz com que ela esteja ligada ao material.




 
Maíra (Sophie Charlotte) vai sofrer o diabo por causa da irmã Vanessa (Letícia Colin) (foto: Estevam Avellar/Globo)
 

Na trama, é a inveja que conduz as ações da sua personagem?
A Vanessa sente inveja, que é uma mola propulsora poderosa. Nós somos afetados por essas coisas, todo mundo tem dentro de si um vilão em potencial. Temos sentimentos menos nobres, como medo, ciúme e vaidade. Vanessa é tomada por isso. Ela tem um encantamento pela Maíra, porque essa irmã é tudo que ela jamais vai conseguir ser. E, além de tudo, Zoé tem uma relação muito neurótica, simbiótica e pouco saudável com ela. Mãe e filha se maltratam e, ao mesmo tempo, estão grudadas, porque as duas são bastante solitárias.

O que você pensa sobre a relação da Vanessa com Rafael?
Vanessa é uma alpinista social. Foi nascida e criada para se casar com um homem rico, o dono da Rhodes, essa grande marca de roupas. Zoé a criou para ser uma galinha de ovos de ouro da família. Então, aprendeu os truques de manipulação na busca por dinheiro, poder e sucesso. Só que ela começa a trama precisando se curar de uma leucemia. Elas resgatam essa irmã por causa do transplante de medula. O plano do casamento dá errado, porque Rafael se apaixona por Maíra e Vanessa não deixa barato.

Você torce para que Vanessa tenha uma redenção?
Não sei o que sairá da cabeça do João Emanuel. Eu sou uma pessoa justa. Não sei se redenção é a palavra, mas acho que ela tem que aprender umas coisas. Se eu fosse mãe da Vanessa, ia dar uma chacoalhada nela e falar que não pode agir daquela maneira. Ela precisava de uma transformação interna grande. Sou a fim de que a personagem seja punida, porque é muito fora da casinha e beira a psicopatia. É perigosa, então acho que deve ser contida.