A poluição do ar ainda é um grave problema na Coreia do Sul, onde algumas pessoas são forçadas a praticar atividades físicas nas ruas usando máscaras, principalmente no inverno. Por esse motivo, o governo tem estimulado as empresas a investir na despoluição do ar. A Hyundai está engajada na campanha e para isso aposta nas células a combustível, que têm o hidrogênio como base para fazer funcionar o motor elétrico. Atualmente, a montadora comercializa no país o Nexo, um SUV médio com que o VRUM teve a oportunidade de ter um rápido contato em pista fechada. O carro é interessante, mas não virá para o Brasil.
De acordo com executivos da Hyundai na Coreia do Sul, algumas empresas no país estão investindo na produção de sistemas e componentes para motores elétricos alimentados por pilhas de hidrogênio. Até 2050, a meta é reduzir a emissão de CO2 a 10g/km, resultado muito difícil de ser alcançado com os carros atuais. Já com um automóvel movido à célula de hidrogênio é mais fácil atingir a meta, pois o sistema é duas vezes mais eficiente do que um propulsor a combustão convencional.
Por isso, a Hyundai tem direcionado sua aposta nos carros movidos a células a combustível, pois, de acordo com engenheiros da marca, esses veículos contam com filtros que ajudam a purificar o ar. “Uma frota de 100 mil carros a hidrogênio funcionando por duas horas limparia o ar de Seul durante uma hora”, revela Soonil Jeon, engenheiro de célula a combustível do Hyundai Motor Group.
E a Hyundai escolheu os SUVs e veículos comerciais para implantar a tecnologia da célula a combustível. O primeiro modelo da marca movido a hidrogênio foi o Tucson, lançado em fevereiro de 2013, e produzido na fábrica de Ulsan, na Coreia do Sul. Em fevereiro de 2018, a Hyundai lançou o Nexo, um SUV de linhas modernas com tecnologia de célula a combustível desenvolvida internamente, com ganhos de eficiência em torno de 60%.
MOTOR Equipado com motor elétrico de 160cv e 40kgfm de torque, o SUV conta com três cilindros de hidrogênio com capacidade de 890 litros, que garantem autonomia de cerca de 600 quilômetros. Dentro das células, o hidrogênio reage quimicamente com o ar, que atua como oxidante, formando água e calor, e liberando elétrons livres. Esta reação gera a energia que vai alimentar as baterias e fazer funcionar o motor elétrico. De acordo com Soonil Jeon, um motor movido à célula a combustível pode ser acionado sem problemas em temperaturas negativas de até 30 graus.
Tivemos uma rápida oportunidade de dirigir o Nexo na pista de testes do Centro de Desenvolvimento da Hyundai em Namyang, nas proximidades de Seul. Os celulares e máquinas fotográficas foram confiscados para que pudéssemos ver o carro, já que havia outros modelos sendo testados no local.
DIRIGINDO Na rápida experiência com o Nexo na pista do Centro de Desenvolvimento da Hyundai foi possível perceber que o comportamento do SUV é semelhante ao de qualquer modelo elétrico. Com funcionamento silencioso, o motor responde rápido à aceleração, proporcionando bom desempenho. Enquanto isso, o motorista pode ver no painel um infográfico que mostra o funcionamento do sistema de célula a combustível, demonstrando o melhor aproveitamento da energia.
De acordo com os engenheiros da Hyundai, o tempo de abastecimento dos tanques de hidrogênio é feito em apenas cinco minutos. Uma vantagem significativa em relação aos carros elétricos convencionais, que precisam de horas para a recarga das baterias. “Os veículos com célula a combustível que rodam muito são considerados melhor investimento do que o elétrico convencional, pois garantem maior economia”, garante Soonil Jeon.
PREÇOS O sistema de célula a combustível e as baterias do Hyundai Nexo têm garantia de 10 anos ou 160 mil quilômetros. Na Coreia do Sul o modelo é vendido por US$ 70 mil (cerca de R$ 270 mil), mas em cidades que oferecem subsídio, como Seul e Ulsan, o preço cai para US$ 35 mil (R$ 135 mil). A Hyundai faz uma projeção de que o preço do Nexo deve cair bastante nos próximos cinco anos.
Até 2030, a Hyundai pretende investir US$ 6,9 bilhões para produzir 700 mil unidades de veículos a célula de combustível, entre carros de passeio e comerciais. Atualmente, na Coreia do Sul existem 40 estações de abastecimento de hidrogênio, mas a ideia é chegar a 300 até 2022. Soonil Jeon afirma que em cinco anos o custo de abastecimento de um carro a célula a combustível será a metade de um modelo com motor a propulsão a gasolina.
SEGURANÇA De acordo com o engenheiro da Hyundai, a montadora está aumentando os dispositivos de segurança nos carros movidos à celula a combustível, principalmente para evitar consequências graves em casos de incêndio. Os cilindros de hidrogênio são feitos de fibra de carbono e a estrutura é toda reforçada. Em caso de colisão, o sistema de alimentação é automaticamente cortado e a voltagem cai. As placas das baterias e as membranas das células têm validade de 10 anos, e se forem substituídas têm custo equivalente à troca de um motor. A Hyundai espera vender 10 mil unidades do Nexo este ano, mas projeta lançar outros modelos à célula de combustível a partir de 2025.
(*) Jornalista viajou a convite da
Hyundai Motor Group