A década era de 1970. E o grande barato das pistas no Brasil era a antiga Divisão 1 (D1), que reunia apenas modelos das marcas Chevrolet e Ford, comandados por grandes pilotos da época. Um deles, Vinícius Leite Pimentel, ainda traz na veia toda a adrenalina dos bons tempos de disputas pelos autódromos brasileiros, e atualmente corre com o filho Rodrigo Giordano na Old Stock Race, uma divisão da Stock Car Brasil. A máquina da dupla é um Chevrolet Opala 4.100 devidamente preparado para as pistas e que vem ajudando a conquistar bons resultados.
No auge dos seus 68 anos, Vinícius Pimentel não perde o entusiasmo pelas pistas. Ele recorda que pilotou pela primeira vez em 1975, na extinta Divisão 1. O carro da época era um VW Passat preparado e a corrida foi no circuito de Cascavel, no Paraná. Depois, já no fim da década de 1970, ele começou a correr pela Stock Car Brasil e, em 1987, foi campeão brasileiro de Marcas e Pilotos. Ainda na década de 1980, correu as Mil Milhas de Interlagos e na Força Livre, pilotando um Chevrolet Omega.
TÍTULOS Em 2016, Vinícius entrou na Old Stock Race, uma divisão direcionada a pilotos veteranos da Stock Car, e levou junto o filho Rodrigo. Já na primeira participação, os dois foram campeões brasileiro e paulista, mostrando que não estavam ali para brincar. Vinícius ainda faturou o título de campeão da Old Man, divisão para pilotos acima de 55 anos. No ano passado, ele encerrou a competição como vice-campeão.
Na edição deste ano, Vinícius está em terceiro lugar, com 85 pontos, atrás de Jorge Schuback (86 pontos) e do líder Pedro Pimenta (93 pontos). Na terceira etapa da Old Stock Race, disputada em Interlagos no fim de maio, o Opala da dupla mineira apresentou problemas no carburador, mas, mesmo assim, Rodrigo conseguiu terminar a primeira bateria em oitavo lugar. Vinícius assumiu a direção na segunda bateria e conseguiu terminar na quinta posição na geral e na segunda na Old Man.
O CARRO Vinícius conta que a prova só tem Chevrolet Opala, O restante do monobloco é de aço e para a competição todos trazem gaiola interna de tubo, santantônio, chave geral (para desligar o carro em caso de acidente), cinto de segurança de quatro pontos e banco de competição. O motor é o do Opala 4.100 e tem algumas características básicas que não podem ser alteradas: o balancin roletado, o eixo comando de válvulas, a carburação dupla Weber, a descarga dimensionada tipo “cacho de banana” e o pistão 0.60. De resto, a regulagem e os ajustes ficam a cargo de cada equipe.
O motor seis-cilindros alimentado a etanol tem taxa de compressão de 12,6:1 e ignição de alta performance, chegando a 320cv de potência máxima. O “bólido” traz ainda câmbio Eaton de cinco marchas, com relação igual para todos os pilotos, diferencial autoblocante e freios a disco nas quatro rodas. As suspensões trazem amortecedores e molas com pressão limitada. As rodas são de liga leve aro 16 polegadas calçadas com pneus 205/55 R16. Vinícius revela que alguns pilotos usam direção com assistência hidráulica, mas ele prefere o sistema mais firme, sem assistência.
“Por ser um carro muito potente, com pneu radial, chega a alcançar 220km/h na reta, e às vezes é difícil de controlar. Tem que ser no braço”, revela o piloto, acrescentando que nesses momentos a experiência vale pontos. “Para andar entre os oito primeiros colocados é muito difícil. Se perder o contato, já era. É uma prova muito competitiva”, afirma.
Mas Vinícius garante que o Opala 38 é um “carro de ponta” e está indo muito bem na competição. Já fez a pole position e nas mãos de Rodrigo bateu o recorde da pista. “É um negócio desgastante, pois competimos com grandes pilotos de São Paulo. Mas mesmo assim ainda é muito prazeroso pra mim”, afirma Vinícius. Ele revela ainda que é difícil conseguir patrocínio para bancar os custos de cada prova.
A Old Stock Race tem no grid de largada de 22 a 25 carros, mas a cada etapa cerca de 500 Opalas são vistos nas proximidades do autódromo. São os clubes do Opala que prestigiam o evento e ajudam a compor o público de mais de 10 mil pessoas nas arquibancadas. O próximo encontro está marcado para 14 de julho, também em Interlagos, quando será realizada a quarta etapa. Boa sorte para a dupla mineira.