Jornal Estado de Minas

Demorou, mas chegou!



A Nissan não esconde o orgulho quando se refere a seu modelo 100% elétrico, o Leaf, que teve a primeira geração lançada em 2010. De lá para cá, foram vendidas mais de 400 mil unidades do modelo em diferentes mercados. O Brasil esteve fora dessa história até o ano passado, quando a segunda geração do Nissan Leaf foi apresentada no Salão do Automóvel e o modelo passou a ser oferecido em pré-venda, com preço sugerido de R$ 178.400. Agora, a montadora inicia oficialmente as vendas do elétrico no mercado brasileiro por R$ 195 mil, e espera começar uma nova fase na América do Sul.
 
Produzido em três fábricas – Oppama, no Japão; Sunderland, na Inglaterra; e em Smyrna, Tennessee, nos EUA – o Nissan Leaf é vendido em mais de 50 mercados. De acordo com a montadora, todas as unidades do modelo comercializadas no mundo já percorreram mais de 10 bilhões de quilômetros, economizando 3,8 milhões de barris de petróleo por ano. São números entusiasmadores, mas que não explicam por que o modelo demorou tanto a desembarcar no Brasil.
 
As vendas da segunda geração do Nissan Leaf estão sendo iniciadas simultaneamente no Brasil, Argentina, Chile e Colômbia. Por aqui, o elétrico será vendido em concessionárias da marca em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre e Brasília. O modelo é o produto mais representativo da Nissan Intelligent Mobility, a nova visão de mobilidade da marca.
Para o mercado brasileiro, o Leaf chega trazendo um kit com equipamentos de recarga para casa e rua, que inclui um carregador caseiro homologado pela Nissan, com instalação gratuita, um cabo de recarga de emergência e um adaptador para plug do tipo 2.
 
Com desenho moderno que mescla as linhas de um hatch com as de um SUV compacto, o Nissan Leaf chama a atenção também pela tecnologia embarcada. O modelo traz o e-Pedal, sistema que permite que o motorista acelere ou pare o carro somente com o movimento do acelerador. Basta soltar o pedal do acelerador para fazer o carro parar de forma gradual, sem a necessidade de pisar no freio, tornando a condução menos cansativa. Mas a Nissan lembra que o pedal de freio deve ser usado em situações de frenagens mais bruscas.
 
O Leaf traz ainda o Nissan Intelligent Safety Shield, que inclui sistemas como o alerta de mudança de faixa, prevenção de mudança de faixa, assistente de frenagem de emergência, controle de velocidade, sistema de advertência de ponto cego, quatro câmeras do sistema de visão 360 graus com detector de movimento, alerta de atenção do motorista, sistema de monitoramento de pressão dos pneus e alerta de tráfego cruzado traseiro. A lista inclui ainda seis airbags, controles de estabilidade e tração, freios ABS com distribuição de força e sistema Isofix de fixação de cadeiras infantis. O Nissan Leaf conquistou cinco estrelas no teste de impacto do EuroNCAP.
 
Uma das principais mudanças da primeira para a segunda geração do Leaf está no e-powertrain. O modelo ganhou novas baterias de íon-lítio de 40kWh, que alimentam o motor elétrico, proporcionando potência de 149cv (ou 110kW, 37% mais do que a geração anterior), e torque de 32,6kgfm (26% maior).
Melhor desempenho com emissão zero. O motor elétrico disponibiliza o torque máximo em apenas 0,1 segundo. Com esse sistema, o Leaf tem autonomia de 389 quilômetros no ciclo WLTP, ou 240 quilômetros no ciclo americano. A Nissan informa que modificou as dimensões e a estrutura das células de íon-lítio, resultando em maior densidade de potência, maior durabilidade da bateria após a carga e a descarga.
 
O elétrico da Nissan tem três níveis de recarga. No nível 1, com cabo de recarga emergencial conectado a tomadas de 120V ou 220V, faz a recarga em prazo de 20 a 40 horas. No nível 2, com carregador de parede e padrão de 220V a 240V, a recarga é feita entre 6 e 8 horas. Já no nível 3, com carregador rápido, corrente contínua e alta voltagem, a recarga é feita em 60 minutos.
 
Além de ser extremamente silencioso, o Leaf disponibiliza três modos de condução: Eco, que ajuda a limitar o desempenho do motor e a economizar energia; B, que usa frenagem regenerativa mais potente, para recarregar a bateria, mas sem comprometer a potência do veículo; e D, o modo de operação normal, com a potência máxima do motor.
 
O Leaf vem equipado com central multimídia A-IVI, com tela tátil colorida de oito polegadas, conectividade por Android Auto e Apple CarPlay, possibilitando acesso a aplicativos como Waze, Spotify, Deezer, Google Maps e Door-To-Door, que ao ser instalado em um telefone móvel disponibiliza um GPS mais ágil. O sistema multimídia pode ser operado por comando de voz, permitindo responder a mensagens de texto, acessar agenda de contatos e traçar rotas no GPS.
 
O Nissan Leaf comercializado no Brasil é importado do Reino Unido, da unidade de Sunderland, na Inglaterra.
Será vendido em versão única, que traz ainda sistema de partida em rampas, controle dinâmico de chassi, vidros elétricos, volante com revestimento sintético e comandos de som, telefone e computador de bordo, encosto do banco traseiro bipartido (60/40), porta-luvas com iluminação, luzes diurnas de LED, rodas de liga leve com aro de 17 polegadas, bancos dianteiros com aquecimento e ar-condicionado automático.
 
O interior do Leaf tem espaço funcional, com todos os comandos bem à mão do motorista. A cor azul está presente na costura dos bancos, painel e volante. Já a configuração do novo display colorido de oito polegadas dá destaque às principais funções, como o indicador do Nissan Intelligent Safety Shield, a energia disponível e informações sobre os sistemas de GPS e áudio.
 
As concessionárias Nissan passaram por treinamento especial e receberam equipamentos próprios para a manutenção de carros elétricos. O Leaf tem garantia de 3 anos sem limite de quilometragem, e o conjunto de baterias tem garantia de oito anos ou 160 mil quilômetros. Mas a Nissan não revela o custo das baterias de íon-lítio.

DIRIGINDO Acelerar o Nissan Leaf é realmente uma experiência diferente para quem está acostumado a dirigir carros com motor a combustão. O silêncio impera e com os vidros fechados só se ouve o barulho da rolagem dos pneus. O grande barato é que o torque do motor elétrico é disponibilizado de imediato, tornando as acelerações muito vigorosas. Basta colocar o câmbio em formato de joystick na posição D e pisar. O ganho de desempenho é diretamente proporcional ao consumo de energia. Quanto mais fundo se pisa no acelerador, maior o consumo de energia.Mas o carro anda bem e tem boa dirigibilidade, pois, com o centro de gravidade mais baixo, devido ao posicionamento das baterias, transmite a sensação de estar colado ao chão.
Entre os recursos disponíveis, o E-Pedal é o mais interessante. 
 
Ele realmente segura o carro quando se tira o pé do acelerador, chegando a pará-lo totalmente em velocidades mais baixas. É um carro ideal para o anda e para dos grandes centros urbanos.Desde que começou a ser oferecido em pré-venda no Brasil, em outubro do ano passado, o Nissan Leaf teve atuação modesta. Foram vendidas apenas 20 unidades. Agora, por R$ 195 mil, a montadora espera vender 200 unidades por ano no Brasil. Pelo preço, o Leaf merecia acabamento melhor, pois o plástico duro impera no painel e portas. É um carro que se diz conectado com o futuro, mas só tem uma entrada USB no console. São detalhes que fazem o preço do Leaf parecer muito alto pelo que oferece. Mesmo com os sistemas de auxílio à condução, que já estão disponíveis em modelos mais baratos. Resta saber se o brasileiro vai aderir à ideia do carro elétrico e se vai investir em uma opção mais cara para estar corretamente conectado com o futuro.


(*) Jornalista viajou a convite da Nissan do Brasil
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