Jornal Estado de Minas

CHEVROLET ONIX PLUS PREMIER TURBO AT

Deslizes desnecessários

Lanternas horizontalizadas com LED, mas detalhe preto no para-choque destoa - Foto: Jorge Lopes/EM/D.A Press

Você se lembra do Chevrolet Prisma, o sedã compacto mais vendido no Brasil? Pois é, ele não existe mais com esse nome. Foi substituído pelo Onix Plus na linha 2020 e manteve a carroceria antiga como Joy Plus, modelo de entrada. A grande jogada da General Motors foi lançar um substituto totalmente novo, mas mantendo os preços da geração anterior, além de agregar conteúdo. Testamos o Onix Plus 1.0 turbo na versão topo de linha, a Premier, que agrada pelo desempenho, mas comete deslizes em detalhes de acabamento. Falhas inadmissíveis para um carro que custa mais de R$ 70 mil.
 
O Onix Plus entra no lugar do Prisma em grande estilo, trazendo mudanças significativas no visual e na estrutura. O modelo usa a plataforma chinesa GEM, feita para países emergentes, com foco na redução de custos. Mas a General Motors garante que isso não implica falta de qualidade no produto, já que a carroceria foi feita com aços mais resistentes e traz ainda seis airbags de série para todas as versões. O resultado desse investimento em segurança foi apurado pelo Latin NCAP, no qual o Onix Plus foi submetido ao teste de impacto e recebeu cinco estrelas na proteção para adultos e crianças, além de conquistar o Advanced Award por proteção a pedestres.
Vale lembrar que a geração anterior “tomou bomba” no teste de impacto.
 
O sedã compacto tem o teto arqueado e a traseira mais curta - Foto: Jorge Lopes/EM/D.A Press 
 
No visual, o Onix Plus mudou muito e ficou bem diferente do Prisma. Há quem aponte uma certa semelhança com o Cruze, mas em proporções menores. De fato, o sedã compacto ganhou uma frente mais imponente, mais larga, com a grade maior. Elementos em plástico preto e moldura cromada formam conjunto harmônico com friso que serve de suporte para a gravatinha dourada. Os faróis estão mais afilados, com dois projetores e luz de condução diurna em LED, assim como os faróis de neblina. O para-choque dianteiro conta com um defletor de ar e uma pequena aba inferior, que raspa facilmente em rampas e lombadas.

DETALHES O modelo ganhou vincos no capô, para-brisa bem inclinado, maçanetas com detalhe cromado, e na traseira, lanternas horizontalizadas com LED. Detalhe estranho atrás é a parte inferior do para-choque em preto fosco, destoando da pintura.
A tampa do porta-malas é um detalhe à parte, já que só abre pelo comando da chave ou em tecla no painel. E é bom tomar cuidado, pois ao ser acionada ela abre de uma vez e pode acertar quem estiver muito perto. Além disso, a tampa usa o sistema do tipo “pescoço de ganso”, que rouba espaço no porta-malas, e não tem a parte interna totalmente revestida, deixando parte da chapa exposta e com pintura fosca.
 
Versão topo de linha traz o acabamento interno em couro de duas cores - Foto: Jorge Lopes/EM/D.A Press 
 
O sedã teve as dimensões aumentadas, mas, curiosamente, o porta-malas diminuiu, caindo de 500 para 469 litros de capacidade, devido às caixas de rodas maiores. Apesar de a versão testada estar equipada com uma prática cobertura de plástico no piso do porta-malas, o compartimento de bagagem não é todo revestido com carpete e parte da lataria fica à vista, e com pintura quase inexistente. Um desleixo que não precisava passar. E a luz de cortesia deixa a falta de capricho ainda mais evidente.

DESCONFORTO O interior do Onix Plus cresceu em relação ao Prisma. Mas os bancos dianteiros têm assentos curtos, que não apoiam bem as pernas, e, apesar das abas laterais nos encostos, não são dos mais confortáveis. Outra falha ali são os apoios de cabeça inteiriços, sem ajuste de altura.
Atrás o banco é mais confortável, com assento um pouco maior, mas só proporciona conforto para dois passageiros, pois se um terceiro for no meio, todos ficam apertados. E olha que o túnel no assoalho é mais baixo e o console invade pouco a parte traseira. Não tem saída de ar-condicionado para quem se senta atrás. O banco traseiro tem encosto bipartido e conta com todos os itens de segurança, inclusive Isofix e Top Tether para fixação de cadeiras infantis.
 
 
 
A versão testada tem revestimento em couro preto e bege nos bancos e painel das portas. No restante, muito plástico duro, mas de boa aparência e montagem benfeita, além de detalhes cromados e uma faixa bege no painel. O volante, com ajuste de altura e distância, também é revestido em couro e tem a base achatada, e traz os comandos para o controlador de velocidade, sistema de áudio, computador de bordo e o sistema multimídia. O painel de instrumentos traz conta-giros e velocímetro analógicos e uma pequena tela digital com os dados do computador de bordo. A chave é do tipo presencial e para ligar o motor basta acionar o botão start/stop.

DIRIGINDO Outra novidade do Onix Plus é o motor 1.0 turbo Ecotec, flex, que chega com a promessa de ser eficiente tanto no desempenho quanto no consumo de combustível. Na contramão da maioria dos propulsores turbo de baixa cilindrada lançados recentemente, o da GM não tem injeção direta de combustível. A justificativa do fabricante é “reduzir o custo de manutenção”.
Só que, por outro lado, a injeção direta de combustível deixa o motor ainda mais eficiente, principalmente no que diz respeito a consumo e emissões. O propulsor do Onix Plus tem sistema multiponto, com bicos injetores preaquecidos, que dispensa o tanquinho auxiliar do sistema de partida a frio.
 
Na prática, o motor proporciona bom desempenho, fazendo o sedã andar muito bem tanto na cidade quanto na estrada. Tem funcionamento silencioso e reage rápido às acelerações, com respostas rápidas nas arrancadas e retomadas de velocidade. O torque máximo já chega na faixa das 2.000rpm e o propulsor demonstra estar sempre “cheio” para reagir. O câmbio é automático de seis marchas, muito bem escalonadas, e faz mudanças na hora certa, sem trancos, aproveitando bem a força do motor. Mas o modelo não tem aletas atrás do volante para trocas de marchas manuais, que são feitas em tecla instalada na lateral do pomo da alavanca. Nada prático.
 
A direção conta com assistência elétrica e tem cargas bem-ajustadas para velocidades baixas e elevadas, mas o diâmetro de giro não é dos melhores, exigindo um pouco mais de paciência em manobras em locais apertados. A câmera de ré e os sensores de estacionamento são muito úteis nesse momento. As suspensões são mais firmes e transferem as irregularidades do solo para dentro do carro, mas o sedã tem boa estabilidade em curvas, otimizada pelo auxílio eletrônico. Os freios contam com discos na frente e tambores atrás, com ABS e controle eletrônico de frenagem (EBD).
 
A GM manteve os preços da geração anterior na linha 2020 do Onix.
A versão Premier do sedã tem preço inicial de R$ 73.190, mas pode chegar a R$ 77.780 com todos os opcionais. O modelo tem como concorrentes diretos o Volkswagen Virtus Highline 200 TSI e o Hyundai HB20S Diamond, ambos com motor três cilindros 1.0 turbo e câmbio automático de seis marchas. A concorrência oferece mais potência e torque, e mais espaço no porta-malas, mas os números de consumo do Onix Plus são mais otimistas e o preço é mais baixo. Argumentos fortes para se manter na liderança do segmento.

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