Se o Jeep Renegade navega calmo na liderança do segmento dos utilitários-esportivos compactos, com uma “gordura” de 20% em relação ao segundo colocado (o Hyundai Creta), sua versão a diesel conta com a vantagem adicional de não ter concorrente direto. Além de ser o único SUV compacto não derivado de um hatchback, sua linhagem lhe garante maior desenvoltura no fora de estrada, contando com tração 4x4 e reduzida, outro feito que a concorrência flex não consegue igualar. Testamos a versão de topo Trailhawk, a mais preparada para encarar os desafios das trilhas.
A marca afixou na carroceria do Renegade Trailhawk a plaqueta “Trail Rated”, destinada apenas aos veículos que conseguiram transpôr a trilha Rubicon, umas das mais difíceis dos Estados Unidos. Para alcançar esta façanha, a versão traz uma série de características particulares, como suspensão com componentes mais robustos, melhores ângulos de ataque e saída, além de uma proteção extra sob o assoalho, abrangendo o cárter, tanque de combustível e transmissão. As rodas de liga leve de 17 polegadas calçam pneus de uso misto.
Além da opção de tração 4x4, com direito a reduzida, esta versão conta com mais um modo no sistema de tração Selec-Terrain, adequado para rodar sobre pedra, que se junta aos outros quatro perfis (automático, neve, areia e lama). O modelo ainda traz assistente de descida, que não permite que as rodas travem no meio de um declive e o veículo perca o controle da direção. A carroceria tem dois ganchos de reboque na dianteira e um na traseira. Além do teto em preto brilhante e retrovisores com capa cinza, o exterior traz capô com um adesivo funcional, que diminui o reflexo do sol no motorista em trilhas com inclinações.
Apesar dos atributos de fora de estrada, o SUV também tem bom desempenho no asfalto. Na cidade, o veículo lida bem com baixas rotações. Na estrada, está sempre pronto para ultrapassagens e retomadas de velocidade, e sem perda de tempo. Todo o mérito para o conjunto mecânico, composto pelo motor 2.0 a diesel, mas principalmente o câmbio automático de nove marchas, que permite manter o ritmo em qualquer situação. Para uma “tocada” mais esportiva, é possível trocar marchas manualmente por aletas próximas ao volante. A suspensão foi elevada em 2,5 centímetros em relação às demais versões, mas ainda assim proporciona confiança nas curvas e conforto aos passageiros. A direção tem assistência elétrica progressiva, com peso adequado para cada situação.
O interior tem acabamento esmerado, porém, com um toque despojado: as molduras vermelhas que adornam as saídas de ar laterais, as caixas de som e a alavanca de câmbio. Os bancos são revestidos em couro, e o painel tem material emborrachado. O espaço interno é bom para um compacto, levando com conforto até quatro ocupantes. Para um veículo na faixa dos R$ 150 mil, os passageiros do banco de trás deveriam contar com uma saída de ar-condicionado. Mesma coisa para os ajustes do banco do motorista, que deveriam ser elétricos. Já o porta-malas fica devendo, já que a versão traz estepe de tamanho integral, que “rouba” espaço de bagagem. Mas é possível ampliar a capacidade de transporte de carga rebatendo o encosto do banco traseiro.
Entre o conteúdo, destaque para chave presencial – que destrava as portas e aciona a partida do motor pelo toque de um botão –, freio de estacionamento acionado por tecla, assistente de partida em rampa, ar-condicionado digital de dupla zona, tela configurável no quadro de instrumentos, faróis full LED e sistema multimídia com tela de sete polegadas. O pacote de segurança é bom, com airbags frontais, laterais e de cortina, controle de tração, estabilidade e anticapotamento. O modelo alia valentia e conforto, mas não cobra pouco por isso. Para quem quer entrar mais fundo no universo fora de estrada, por este valor é possível comprar, por exemplo, um Troller (a partir de R$ 140.900), mas que não proporciona muito prazer sobre o asfalto.