A história da Fiat no segmento de hatches médios é marcada por altos e baixos, mas o certo é que nenhum dos modelos comercializados pela marca no mercado brasileiro chegou a ser um estouro de vendas por muito tempo. O Fiat Brava é um exemplo disso. Lançado na Itália em 1995, o modelo começou a ser produzido na fábrica de Betim em 1999, tendo como difícil missão substituir o Tipo. Com design sedutor, o Brava teve seus momentos de glória, mas seu conjunto mecânico fraco determinou seu fim em 2003.
No mercado brasileiro, a história da Fiat no segmento de modelos médios começou com o sedã Tempra e o hatch Tipo, ambos com carroceria de linhas retas, amplo espaço interno e preço convidativo. O Tipo chegou ao Brasil importado da Itália e, em 1995, conseguiu o feito de superar o imbatível VW Gol como o carro mais vendido no país por três meses. No ano seguinte, passou a ser produzido em Betim, mas a nacionalização trouxe problemas. Casos de incêndio envolvendo o modelo determinaram o fim da sua história.
Enquanto isso, na Itália, a Fiat lançava os hatches médios Bravo, de três portas, e Brava, de cinco portas, com linhas mais arredondadas. Os dois modelos foram apresentados no Brasil no Salão do Automóvel de São Paulo de 1998, mas a ideia era, inicialmente, importar apenas o Bravo em duas versões: a SX 1.6 16V, de 106cv, e a HGT 2.0 20V, de 142cv, mesmo conjunto mecânico do Marea. Mas com a alta do dólar, em 1999, a Fiat resolveu cancelar a importação do Bravo, que se tornou inviável diante da forte concorrência do VW Golf e do Chevrolet Astra.
A solução encontrada pela marca italiana foi anunciar a produção do Brava em Betim, onde já era fabricado o sedã médio Marea, do qual era derivado. Com 70% de índice de nacionalização, o Fiat Brava começou a ser produzido no Brasil no fim de 1999, e marcou época por ser o primeiro modelo vendido pela internet. Para que tivesse preços competitivos, a Fiat reduziu a potência do motor 1.6 de 106cv para 99cv, enquadrando o modelo em uma faixa mais baixa de IPI, de carros com até 100cv. Mas era pouca potência para os cerca de 1.200 quilos do hatch.
POTÊNCIA Porém, o governo fez mudanças nas faixas do IPI, e a Fiat resolveu retornar a potência do motor 1.6 do Brava para 106cv, prejudicando algumas centenas de consumidores que haviam comprado o modelo de 99cv. Isso prejudicou as vendas do modelo e obrigou a montadora a fazer promoções e oferecer bônus. Quem comprava a versão SX ganhava o ar-condicionado.
Em fevereiro de 2000, a Fiat lançou o Brava HGT, versão com pegada esportiva, equipada com moto 1.8 16V de 132cv, direção hidráulica, rodas de liga leve de 15 polegadas, spoiler traseiro e toca-CDs. Freios ABS, vidros traseiros elétricos e airbgs laterais eram opcionais.
A linha 2001 do Fiat Brava trouxe algumas novidades, como volante de quatro raios e vidros elétricos dianteiros para a versão SX. Já a versão ELX acrescentava toca-CDs e para-brisa degradê. Nessa época, o Brava já trazia alguns itens diferenciados, como abertura interna do porta-malas e regulagem elétrica do facho dos faróis. Mas naquele ano, a Fiat já dava indicativo de que Brava e Bravo já estavam no telhado, pois no Salão do Automóvel de Genebra a marca apresentou o Stilo, que substituiria os dois modelos.
Antes de isso acontecer, em maio de 2001, o Brava ganhou o kit comfort, que trazia vidros elétricos com sistema um toque e antiesmagamento, travamento automático das portas a partir de 30km/h e chave com telecomando. Mas a lista de equipamentos de série incluía ainda direção hidráulica, ar-condicionado, volante regulável em altura, luz traseira de neblina e abertura interna do porta-malas.
A linha 2002 do Brava não trouxe mudanças no visual e nem nos preços, mas o motor 1.6 16V passou por uma atualização, com modificações internas, passando de 1.580cm³ para 1.596cm³. A potência foi mantida em 106cv, mas o torque subiu de 15,1kgfm para 15,4kgfm. Foram alterações feitas para tentar deixar o Brava mais econômico antes da chegada do sucessor, Stilo, que estava prevista para 2003.
A Fiat chegou a afirmar que no Brasil o Stilo não substituiria o Brava, posicionando-se entre ele e o Marea. Em setembro de 2002, a Fiat lançou a linha 2003 do Brava, Marea e Marea Weekend, com preços promocionais, porém, dois meses depois já era difícil encontrar o hatch nas concessionárias da marca. Com o lançamento do Stilo pouco tempo depois, o Brava deixou de ser produzido e as últimas unidades foram “desovadas” a preços de liquidação. Mas o anúncio oficial do fim da produção do Brava só foi feito pela Fiat um ano depois do lançamento do Stilo no Brasil.