A Peugeot lançou esta semana no Brasil o novo 208, hatch compacto premium cuja segunda geração passou a ser fabricada na Argentina. Os preços não são nada convidativos, entre R$ 74.990 e R$ 94.990. A marca também deu início à pré-venda da versão elétrica e-GT, que deve chegar ao mercado brasileiro no ano que vem, mas, por incrível que pareça, ainda sem divulgar o preço. Mas vamos aos detalhes do veículo.
O design é o ponto alto do novo Peugeot 208, que estreia no Brasil a nova identidade visual da marca. Diferententemente do que falamos anteriormente (baseado nas versões argentinas), todas as versões vendidas do Brasil trazem o “dente de sabre”, alusão felina à assinatura luminosa em LED que corta o para-choque e deixa o visual do modelo mais agressivo. Outros destaques são a ampla grade, os vincos que esculpem os “músculos” do hatchback e o conjunto óptico com detalhes que remetem à marca da garra de um leão. As rodas são de 16 polegadas. O modelo é construído sobre a nova plataforma modular CMP, que ficou 23 quilos mais leve e teve a rigidez estrutural reforçada. As dimensões são 4,05 metros de comprimento, 1,73m de largura e 1,45m de altura.
O interior também tem pegada esportiva, com o pequeno volante de base achatada, o quadro de instrumentos elevado, a tela do sistema multimídia e todos os comandos à mão, ao melhor estilo cockpit. Mas esse cockpit só será um i-Cockpit 3D a partir da versão intermediária Allure, que traz quadro de instrumentos digital com dois modos de visualização e efeito tridimensional.
Nas duas versões de entrada, o acabamento abusa do plástico duro. Essa situação melhora apenas a partir da versão intermediária, que traz material soft touch, além de bancos revestidos em Alcantara. Com entre-eixos de 2,53m, o espaço interno é limitado. Mesmo sem abusar do espaço nos bancos dianteiros, não sobra uma área muito grande para as pernas no assento traseiro. O porta-malas também é pequeno, com volume de 265 litros.
ASPIRADO O motor 1.6 aspirado de 16 válvulas do novo Peugeot 208 é o mesmo que já equipava o modelo, com potências de 115cv (com gasolina) e 118cv (com etanol) e torque de 15,4kgfm (g/e). A transmissão é sempre automática de seis marchas. A velocidade máxima é de 190km/h, enquanto o veículo acelera do repouso até os 100km/h em 12 segundos (números com etanol). O consumo – medido pelo Inmetro – na cidade é de 10,9km/l com gasolina e 7,5km/l com etanol. Na estrada, esses números sobem para 13,1km/l (g) e 9km/l (e). A direção tem assistência elétrica variável.
Foi uma grande “mancada” da Peugeot oferecer no Brasil apenas esse motor aspirado para as versões que terão algum volume de vendas, já que a elétrica será apenas um pequeno nicho do mercado. Por mais que a marca argumente que essa opção está adequada para o compacto, para tirar algum desempenho deste propulsor é preciso trabalhar com rotações elevadas, comprometendo o consumo, enquanto o motor 1.2 turbo oferecido na Argentina seria uma solução para esses dois problemas. Não por acaso, os modelos líderes de vendas já trazem ao menos uma opção de motor turbo (Chevrolet Onix, Hyundai HB20, VW Polo). A Fiat é outra que ainda está devendo o propulsor sobrealimentado, previsto para chegar em 2021.
ELÉTRICO Enquanto isso, a Peugeot alega que a versão elétrica 208 e-GT é a opção para quem quer um 208 veloz, desconsiderando que o elétrico mais barato do país é o JAC iEV20 (R$ 139.900). Isso está longe do que a marca vende como “poder de escolha” (o slogan Power of choice), já que o preço elevado torna os elétricos uma opção para poucos felizardos que podem se dar ao luxo de gastar uma “bolada” de dinheiro em um compacto urbano.
Para os que podem, o Peugeot 208 e-GT será importado da Europa e deve chegar só em 2021. O motor elétrico fornece 136cv de potência e 26,5kgfm. Com ele, é possível acelerar até os 100km/h em 8,3 segundos. São números legais, mas não chegam a tremer as pernas do motorista. As baterias ficam sob o assoalho e não consomem o espaço do porta-malas. A autonomia é de 340 quilômetros. Infelizmente, o fabricante não repassou informação a respeito do tempo de recarga das baterias. Os freios trazem sistema de regeneração de energia.
custo E CONTEÚDO Voltando aos modelos flex, o Peugeot 208 traz quatro versões. A de entrada é a Active 1.6 AT (R$ 74.990), que tem de série airbags frontais e laterais, controle de estabilidade, assistente de partida em rampa, volante com ajuste de altura e distância, banco do motorista com ajuste em altura, ar-condicionado, piloto automático, retrovisores, vidros e travas elétricos, sistema multimídia com tela de sete polegadas compatível com Apple Carplay e Android Auto e controles de som no volante.
A versão seguinte é a Active Pack 1.6 AT (R$ 82.490), que acrescenta teto de vidro panorâmico, ar-condicionado digital e câmera de ré. O pacote intermediário é o Allure 1.6 AT (R$ 89.490) e ainda inclui i-Cockpit 3D, bancos revestidos em Alcantara, painel soft touch, carregamento do celular por indução, chave presencial e volante revestido em couro. Já a versão de topo Griffe 1.6 AT (R$ 94.990) se destaca por trazer tecnologias como alerta de colisão frontal, frenagem automática,
alerta de saída de faixa com função de correção do volante, assistente de farol alto, leitura de placas de limite de velocidade, detector de fadiga, câmera 180 graus, além de sensores de chuva, crepuscular e de estacionamento traseiro, retrovisores e aerofólio em preto brilhante e faróis full LED. A garantia é de três anos, sem limite de quilometragem.
CONCORRENTES O novo Peugeot 208 está pelo menos R$ 5 mil mais caro que seus concorrentes: VW Polo MSI 1.6 AT6 (R$ 69.390), Fiat Argo Precision 1.8 AT6 (R$ 68.990), Kia Rio 1.6 AT6 (R$ 69.990), Chevrolet Onix LT 1.0 Turbo AT6 (R$ 65.090) e Hyundai HB20 Vision Pack 1.6 AT6 (R$ 68.090). Todos esses modelos e versões têm nível bastante semelhante de equipamentos de série.
PRÉ-VENDA? Apesar de ter iniciado a pré-venda, Peugeot ainda não estabeleceu um preço sugerido para o 208 e-GT. Mas como assim? É que esse processo será feito em três etapas. Este primeiro serve apenas para medir o potencial de mercado para o elétrico e não envolve qualquer transação financeira. Na segunda fase, no início de 2021, o fabricante já informa aos interessados os equipamentos embarcados e a previsão de chegada do elétrico. Só na terceira fase é que as pessoas que reconfirmaram o interesse pelo modelo terão acesso ao preço e poderão pagar um sinal. Em resumo, o modelo ainda não está disponível no Brasil e o cenário econômico não permite estabelecer um preço que possa ser sustentado daqui a seis meses.
.