Jornal Estado de Minas

AVALIAÇÃO

Testamos o Peugeot 208 Griffe 1.6, que tem cara de leão e miado de gato



Lançado há pouco mais de um mês, o novo Peugeot 208 finalmente chegou para a nossa avaliação. Para mostrar tudo o que o modelo é capaz, testamos sua versão de topo Griffe (já que o elétrico 208 e-GT ainda não chegou por aqui), que custa assustadores R$ 95 mil. E nem adianta justificar o valor alto pelo fato de o modelo agora ser importado da Argentina, já que nesse caso não existe imposto.
O design é o que o 208 traz de me- lhor. As linhas são agressivas e as proporções esportivas, com destaque para a baixa estatura, com 1,45m de altura. E essa versão de topo não poupa nada para ficar ainda mais bonita: começando pelos faróis de LED, que proporcionam excelente visibilidade noturna; as luzes de rodagem diurna fazem alusão felina ao tigre-dente-de-sabre, que invadem o para-choque; a grade imensa é cromada; as rodas são de liga leve de 16 polegadas; as lanternas de LED são unidas por um componente em preto brilhante; e o aerofólio de teto.
 
O visual é um dos pontos fortes do hatch compacto de estilo esportivo - Foto: Jorge Lopes/EM/D.A Press 

A BORDO O interior tem “pegada” esportiva, com o pequeno volante de base achatada e os bancos revestidos com uma bonita e confortável Alcântara. Ainda enche os olhos o quadro de instrumentos 3D, que é confi- gurável. O acabamento traz apliques emborrachados no painel e nas portas, enriquecendo o habitáculo. O teto de vidro deixa a luz entrar, mas o vento fica de fora, já que não é possível abri-lo.
No fim das contas, a abertura manual da cobertura desse vidro é bem mais prática do que se fosse eletrificada. A coluna C é larga, comprometendo a visibilidade traseira.
 
Acabamento interno de boa qualidade e multimídia de sete polegadas - Foto: Jorge Lopes/EM/D.A Press 
 
O espaço interno é de compacto mesmo, e, desde que os passageiros da frente não abusem, o banco traseiro oferece relativo conforto para até dois passageiros. É que o túnel do assoalho é alto e impede que o passageiro central se acomode bem. O porta-malas é pequeno, mas ao menos abriga o pneu sobressalente. Mesmo nessa versão de topo, o rebatimento do encosto do banco traseiro é integral, não permitindo conciliar a carga com um passageiro.
 
Com 265 litros de capacidade volumétrica, o porta-malas é pequeno - Foto: Jorge Lopes/EM/D.A Press 
 
Entre os equipamentos de série da versão, o ar-condicionado digital fica devendo climatização de duas zonas. A chave presencial não exige que se toque na maçaneta para destravar as portas, bastando se aproximar ou afastar para comandar a trava. Os para-sóis trazem espelho, mas não iluminação, assim como o porta-luvas.
 
O antigo motor 1.6 proporciona desempenho apenas razoável - Foto: Jorge Lopes/EM/D.A Press 

CONECTIVIDade O novo 208 traz central multimídia com tela tátil de sete polegadas.
Mesmo na versão de topo Griffe, seu conteúdo é bem básico, com destaque para o espelhamento do smartphone via cabo, pelo Apple CarPlay e Android Auto. As mídias disponíveis são rádio, Bluetooth e duas entradas USB. A central ainda conta com telefonia integrada. O carregamento do celular pode ser feito por indução (sem cabo) em um nicho do painel. O volante traz comandos para rádio e Bluetooth.

RODANDO O antigo motor 1.6 tem desempenho apenas ok, o que destoa do visual esportivo do novo 208. Na cidade, os 118cv de potência e 15,4kgfm de torque (valores com o uso do etanol) permitem levar o veículo com agilidade. O câmbio automático de seis marchas visa à economia de combustível, trabalhando sempre com rotações baixas. Mas sua gestão é esperta, e não vacila para reduzir marchas quando o pedal direito é provocado.
Já na estrada, o desenvolvimento do veículo é gradual, o que pode ser abreviado usando o modo esportivo, que mantém as rotações altas, o que também eleva muito o consumo de combustível.
 
Impossível não trazer à tona novamente, principalmente na avaliação desta versão de topo (e cara!), que o motor ideal para o novo 208 seria o 1.2 turbo Puretech, com 130cv e 23,4kgfm. A título de comparação, a aceleração até os 100/km desse motor é feita em 8,7 segundos, enquanto o motor 1.6 flex leva 12 segundos para fazer o mesmo. Voltando ao nosso veículo, a suspensão oferece confiança nas curvas, sem sacrificar o conforto. Já a direção tem peso adequado para cada situação.

CONCORRENTES Os preços do 208 também causaram estranhamento. Nenhum hatchback compacto premium vendido do país alcança os R$ 95 mil pedidos pela Peugeot nesta versão Griffe (à exceção do Volkswagen Polo GTS, que beira os R$ 108 mil, mas que tem o apelo do desempenho). O diferencial do novo 208 são as tecnologias autônomas, como alerta de colisão dianteiro, frenagem automática de emergência, alerta e correção de mudança de faixa, auxílio de farol alto e sistema de reconhecimento de placas de velocidade.
 
Assim, principalmente pelo fator preço, o Volkswagen Nivus pode ser um concorrente semelhante ao novo 208. Sua versão de topo Highline já custa R$ 99.950 e também traz itens semiautônomos, como controle de cruzeiro adaptativo, frenagem automática de emergência e freio pós-colisão. Um fator que certamente contribuiu para que os compactos atingissem esses preços foi o fim do segmento dos médios, que atualmente tem apenas o Cruze Sport6, que, por sua vez, também permite que a Chevrolet o comercialize a partir de R$ 108 mil.
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