Quando foi lançado, em 1957, como um veículo de baixo custo para ajudar a impulsionar a mobilidade na Itália do pós-guerra, o Fiat 500 era um carrinho simples, mas com carisma e apelo visual. Poucos imaginavam que ele permaneceria por tantos anos no mercado e que chegaria aos tempos atuais com motorização elétrica. Mas foi exatamente o que aconteceu. O Fiat 500e já está à venda no Brasil, em versão única, trazendo um motor elétrico que proporciona bom desempenho e autonomia de mais de 300 quilômetros. Além do belo visual, o subcompacto traz muita tecnologia de segurança, conforto e auxílio à condução. O preço é salgado, mas esta ainda é a triste realidade de qualquer carro elétrico no Brasil.
A terceira geração do Fiat 500 foi inspirada na primeira, de 1957, e manteve as suas principais características de estilo, mas trazendo toques de modernidade para receber o conjunto elétrico. O subcompacto teve as dimensões aumentadas e suas formas ficaram ainda mais charmosas. Um detalhe que chama a atenção de imediato é que a grade frontal não traz mais o nome Fiat, que foi substituído pelo 500.
Os faróis agora são full LED, inclusive os de neblina, e as luzes diurnas (DRL) no capô parecem “sobrancelhas”. Nas laterais, destaque para o vinco marcante que vem desde a linha do capô até a traseira e a maçaneta com sensor elétrico. As rodas de liga leve raiadas de 16 polegadas, com acabamento escurecido, também são uma referência ao passado. Na traseira, um grande defletor de ar encobre o vidro e o nome da Fiat finalmente aparece na tampa do porta-malas, que traz ainda o 500e estilizado, com o contorno interno em azul, para lembrar que se trata de um carro elétrico. O modelo é equipado de série com teto solar elétrico, que completa o seu charme.
POR DENTRO O estilo retrô do Fiat 500e está presente também no seu interior, mas com toques de modernidade que revelam que o carrinho evoluiu, e muito. Para começar, as maçanetas internas convencionais foram substituídas por botões e-latch, que fazem a abertura elétrica das portas. O painel tem linhas horizontalizadas, com as saídas do ar-condicionado atravessando de um extremo ao outro. Os instrumentos estão em uma tela digital TFT de sete polegadas arredondada, trazendo informações como a carga da bateria, autonomia, velocímetro e um gráfico que demonstra quando está havendo regeneração de energia. O volante do 500e é de dois raios, com a base achatada, e traz todos os comandos necessários para que o motorista não desvie sua atenção da direção.
No centro do painel, o sistema multimídia, com tela tátil de 10,25 polegadas, por onde também é possível verificar todo o sistema elétrico do carro, acompanhando a carga da bateria e a autonomia. O sistema tem conectividade por Apple CarPlay e o Android Auto sem fio e traz comandos de voz, conexão com até oito dispositivos, navegação com mapa em 3D, rádio AM/FM, dual turner, Bluetooth e entrada USB. Por meio da tela do sistema multimídia é possível ainda ajustar o ar-condicionado. A pequena plataforma de carregamento do Wireless Charger, no console, traz um easter egg da silhueta do horizonte de Turim. Todos os recursos podem ser acessados pelo smartphone, smartwatch e assistente virtual (Alexa).
ACABAMENTO Eis aqui um ponto que merece crítica no Fiat 500e. Ao abrir a porta do subcompacto, você percebe de cara a boa qualidade do couro em duas cores que reveste os bancos e o volante, além de alguns detalhes em alumínio. Mas basta se acomodar para perceber o excesso de plástico duro, tanto no painel quanto nos painéis das portas. O material parece ser de boa qualidade e foi bem montado, mas para um carro que custa R$ 240 mil se espera um pouco mais de sofisticação.
No pequeno console, você encontra a tecla de acionamento do freio de estacionamento eletrônico e dois roletes, sendo um para o volume do sistema de áudio e o outro para o seletor dos três modos de condução. O primeiro é o Normal, no qual toda a potência e torque ficam disponíveis, favorecendo a condução no dia a dia. E quando há desaceleração, com efeito de freio motor, ocorre a regeneração da energia, usada na recarga da bateria. Nesse modo, a autonomia esperada é de 320 quilômetros.
No modo Range, a regeneração de energia é ainda mais otimizada, pois ativa-se a função One Pedal Driving, a desaceleração aumenta e o freio é usado apenas em situações de emergências ou para parar o carro. Basta acelerar, sabendo que nesse modo é possível aumentar ainda mais a autonomia do 500e.
Já o modo Sherpa é aquele mais radical no que diz respeito à economia de energia. Quando é ativado, vários parâmetros de condução são ajustados, como velocidade máxima (limitada a 80km/h) e a resposta do acelerador. Além disso, o ar-condicionado e sistemas auxiliares de aquecimento (vidros e retrovisor) são desligados, reduzindo significativamente o consumo de energia e aumentando a autonomia do carro. De acordo com a Fiat, com o veículo no modo Sherpa e máxima de 60km/h, temperatura ambiente em torno dos 25 graus, a autonomia pode chegar a 460 quilômetros. Uma combinação que não é fácil de ser alcançada em algumas regiões do Brasil.
DIRIGINDO Sob o capô do Fiat 500e está alojado o pequeno motor elétrico de 118cv e 22,4kgfm de torque. Ele atua em conjunto com o sistema de transmissão direta, com câmbio de apenas uma marcha, que traz as teclas P (parking), R (ré), N (normal) e D (drive) dispostas no painel. Como todo carro elétrico, o 500e apresenta respostas imediatas às acelerações, ganhando velocidade rapidamente. É um carro ideal para o anda e para do trânsito urbano, em que as desacelerações e frenagens são constantes, contribuindo para a regeneração da energia e, consequentemente, aumento da autonomia.
Mas se o motorista se entusiasmar e pisar fundo no acelerador, vai perceber pelo mostrador do painel que está gastando mais energia do que recuperando. Com isso, a autonomia só diminui. Na prática, fica claro que se você dirigir de forma mais tranquila, em velocidades mais baixas, terá uma autonomia maior. O 500e é um carro com boa dirigibilidade, suspensões que favorecem a estabilidade em curvas, mas um pouco duro sobre pisos irregulares. A direção com assistência elétrica tem cargas bem ajustadas e bom diâmetro de giro, que favorece as manobras de estacionamento. O sistema de freios tem discos, tambores e o auxílio da eletrônica, atuando de forma segura.
Um detalhe interessante é que, pelo fato de o motor elétrico praticamente não emitir ruído de funcionamento, a Fiat usou um sistema para alertar pedestres e ciclistas. O modelo é equipado com o Sistema de Alerta Acústico de Veículos (Avas), um aviso sonoro em velocidades de até 20km/h. A partir dos 25km/h, o som escolhido é Amarcord, de Nino Rota, para otimizar o alerta.
RECARGA Posicionadas sob o assoalho do Fiat 500e, as baterias de íons de lítio de 42kWh podem ser facilmente recarregadas. Para isso, o modelo já vem com carregador próprio, com cabo de 6 metros de comprimento para a recarga doméstica, em tomada de três pinos em rede de 127V. Nessa condição, a recarga completa da bateria é feita em 24 horas. Já com o WallBox, que pode ser instalado na garagem de casa, a carga completa pode ser feita em até 4 horas. Por fim, no sistema de carga ultrarrápida em corrente contínua de até 8kW, é possível recarregar a bateria em apenas 5 minutos para ter uma autonomia de 50 quilômetros. Mas se a carga ultrarrápida for feita em 35 minutos, é possível recarregar até 80% da bateria.
O Fiat 500e é vendido no Brasil apenas na versão Icon, que traz entre os itens de série o Controle de Cruzeiro Adaptativo (ACC), o Lane Centering, que faz leitura das faixas de trânsito, assistente de frenagem autônoma com detecção de pedestre, detector de placas de limite de velocidade, detector de fadiga, monitoramento de ponto cego, sensores de estacionamento 360 graus e assistente de estacionamento (Park Assist). Traz ainda seis airbags, câmera traseira de alta resolução, comutador de luz alta, sensor de chuva e monitoramento de pressão dos pneus. A garantia é de três anos, mas a bateria tem cobertura de oito anos ou 160 mil quilômetros.
CONCORRENTES A Fiat aponta o Renault Zoe (de R$ 205 mil a R$ 230 mil, autonomia de até 385 quilômetros) e o Chevrolet Bolt (R$ 270.170, autonomia de até 416 quilômetros) como os principais concorrentes do 500e (R$ 239.990). Mas o preço do carrinho italiano é o mesmo do Mini Cooper S E, que tem motor elétrico mais potente (184cv) e autonomia declarada de 234 quilômetros.
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