Aos poucos, a velha fórmula das versões aventureiras vai caindo em desuso nos hatches compactos, cedendo espaço a pseudo-SUVs ainda mais caros e baseados justamente nesses modelos. Após a saída de cena do Hyundai HB20X, restou apenas o Fiat Argo Trekking para contar história, ainda assim sob forte ameaça do seu “irmão” Pulse. Assim, a fantasia aventureira encolheu e agora consegue vestir apenas o Fiat Mobi Trekking e o Renault Kwid Outsider. Recentemente, dirigimos esses dois modelos, que serão o foco do nosso comparativo. Analisamos os aventureiros em seis quesitos, nos quais foram atribuídas notas de zero a 5.
VISUAL
Esse é o quesito subjetivo do comparativo, mas um ponto em que quase todos vão concordar é que nenhum dos modelos chega a ser um carro bonito. O Kwid foi recentemente reestilizado, intervenção que teve como destaque os faróis incorporados pelo para-choque e as luzes de rodagem diurna integradas à grade. Ficou mais atual, mas a dianteira alta destoa muito em uma carroceria tão curta. O Mobi também é feinho, com sua traseira que termina logo atrás dos passageiros, mas é um pouco mais carismático que o compacto da Renault. A tampa do porta-malas em vidro também enriquece seu visual.
As versões aventureiras acrescentam detalhes. A caracterização do Mobi Trekking vai além dos adesivos e do rack de teto, incluindo teto e retrovisores na cor preto. O Kwid Outsider tem um forte argumento com as rodas de 14 polegadas em liga leve, enquanto seu oponente tem rodas em aço cobertas por calotas. Mas, na comparação, o Mobi capricha mais na aventura.
Kwid.............................................. 3,0
Mobi.............................................. 3,5
ESPAÇO INTERNO
Porém, se o que você precisa é de espaço interno, a escolha é fácil: leve o Kwid. Com 3,68 metros de comprimento e 2,42m de distância entre-eixos, o compacto da Renault consegue levar passageiros no banco traseiro com mais conforto do que o Mobi, que tem 3,59m de comprimento e 2,30m de distância entre-eixos. Mas, claro, estamos falando de veículos compactos, então não entenda que o Kwid é um modelo extremamente espaçoso. Em ambos, os passageiro da frente não podem abusar do espaço, para que não falte no banco traseiro.
No porta-malas, a superioridade do Kwid também é grande: 290 litros de volume, contra 200 litros do compacto da Fiat. Ambos oferecem rebatimento integral do banco traseiro, aquele em que o encosto desce por completo, não permitindo conjugar carga e um passageiro. Porém, o hatch da Renault fica devendo ajuste do volante e regulagem em altura no banco do motorista, o que impede que diversos biótipos de motoristas encontrem uma boa posição para dirigir. O Mobi tem de série ajuste em altura do banco, mas a regulagem do volante é opcional em um amplo pacote.
Kwid.............................................. 3,5
Mobi.............................................. 3,0
ACABAMENTO
O acabamento é pobre nos dois modelos. Painéis e portas só com plástico duro. O Kwid leva ligeira vantagem com seus bancos que mesclam uma imitação de couro muito simples e tecido, enquanto o do Mobi é um tecido mais despojado. O pequenino da Fiat tira um pouco a diferença com tapetes acarpetados, enquanto o do seu adversário é em borracha. O Kwid também perde pontos devido ao cheiro desagradável do interior, provavelmente de materiais de baixa qualidade, característica já observada em outras unidades testadas.
Kwid.............................................. 2,5
Mobi.............................................. 2,5
DESEMPENHO/CONSUMO
Bom, quanto ao desempenho, não podemos esperar muito desses carros de entrada. O Kwid traz sob o capô um motor 1.0 de três cilindros com potências de 68cv (gasolina) e 71cv (etanol) e torques de 9,4kgfm (g) e 10kgfm (e). O grande trunfo desse modelo é o baixo peso, na casa dos 825 quilos. Se o motorista não deixar as rotações caírem, ele encara bem subidas e variações no trânsito urbano. Na estrada, a evolução é gradual, e, se o carro não estiver muito carregado, até que se sai bem para um 1.0.
O Mobi é equipado com o velho motor 1.0 Fire de quatro cilindros, com potências de 71cv (g) e 74cv (e) e torques de 9,3kgfm (g) e 9,7kgfm (e). Seu desempenho é muito parecido com o do Kwid, que leva ligeira vantagem. Se for para desempatar, o compacto da Renault se sobressai ao apresentar consumo de combustível (padrão Inmetro) bem menor, principalmente no ciclo urbano. Confira os números:
Kwid Outsider
Cidade: 15,3km/l (g) e 10,8km/l (e)
Estrada: 15,7km/l (g) e 11km/l (e)
Mobi Trekking
Cidade: 13,5km/l (g) e 9,6km/l (e)
Estrada: 15km/l (g) e 10,4km/l (e)
Kwid.............................................. 3,5
Mobi.............................................. 3,0
SUSPENSÃO/DIREÇÃO
A suspensão do Mobi aventureiro é mais confortável que a do Kwid, além de dar mais confiança nas curvas. O Kwid tem altura mínima em relação ao solo superior, com 18,5 centímetros, enquanto o Mobi Trekking tem 17,5cm. De forma geral, o Mobi também filtra melhor ruídos e vibrações. A direção do Mobi tem assistência hidráulica, mas seu desempenho não fica devendo ao Kwid, que tem direção elétrica. O volante do compacto da Renault não tem o chamado efeito retorno, que é a tendência de desesterçar as rodas.
Kwid..............................................3,0
Mobi.............................................. 3,5
EQUIPAMENTOS/CUSTO
Ambos os modelos oferecem de série nas versões aventureiras ar-condicionado, direção assistida (elétrica no Kwid e hidráulica no Mobi), airbags frontais, sensor de pressão dos pneus, Isofix, vidros elétricos dianteiros (tipo “um toque” no Mobi), sistema multimídia (com tela de sete polegadas no Fiat e oito polegadas no Renault), chave canivete e computador de bordo.
Vendido por R$ 66.790, o Kwid Outsider é R$ 1.800 mais caro que o Mobi Trekking, e leva a vantagem por oferecer airbags laterais, rodas em liga leve, retrovisores com ajustes elétricos, câmera de ré, luzes de rodagem diurna, controle de estabilidade e assistente de partida em rampa.
Com preço sugerido de R$ 64.990, o Mobi oferece alguns pacotes de opcionais que conseguem compensar parte do conteúdo que seu rival traz a mais. Em parte isso é justo, devido à diferença de preço entre os modelos. Por R$ 700 a Fiat oferece controle de estabilidade e assistente de partida em rampa. Com mais R$ 2.200, você equipa o compacto com rodas de 14 polegadas em liga leve e retrovisores com ajustes elétricos. Mas aí o Mobi já passa a ser mais caro que o Kwid, e nem assim consegue igualar os equipamentos.
Kwid..............................................4,0
Mobi.............................................. 3,5
z RESULTADO
Kwid.............................................. 19,5
Mobi.............................................. 19,0