Um artista único. Excêntrico, provocante e com um traço de talento raro. Salvador Dalí morreu em 23/1/1989, aos 84 anos, deixando um legado espetacular.
Dalí nasceu em Figueres em 1904 e sua família achava que ele era a reencarnação do irmão, morto nove meses antes.
Dalí foi expulso da escola. Em sua autobiografia "A Vida Secreta de Salvador Dalí" (1942), o artista escreveu que foi expulso porque não se sentaria para os exames orais. Sou infinitamente mais inteligente que esses três professores, portanto, recuso-me a ser examinado por eles", disse.
Dalí usava bigodes pontudos e, curiosamente, em julho de 2017, quando seus restos mortais foram exumados, o bigode estava na posição de sempre, como ponteiros marcando 10h10. Uma surpresa para os responsáveis pela exumação.
Dalí se consagrou pelo estilo único que misturava imagens bizarras e oníricas, com excelência na qualidade do traço, um gênio que sabia como poucos trabalhar diferentes dimensões em suas telas.
Ele foi um notável integrante do gênero chamado de Surrealismo, movimento artístico nascido em Paris nos anos 1920, influenciado pelas teorias psicanalíticas de Sigmund Freud. Ciente do talento explosivo, Dalí dizia: "A diferença entre os surrealistas e eu é que, na verdade, eu sou surrealista".
Os quadros de Dalí, com formas e significados que causam espanto e surpresa, são o retrato do homem provocador, inovador e sempre disposto a "causar"!
Dalí gostava de pintar temas relacionados a sonhos. Imagens oníricas em que se perde a noção de tempo e espaço. Uma figura recorrente é a do elefante com pernas gigantes, finas, como na tela "A Tentação de Santo Antão".
A imagem de elefantes com pernas compridas e finas é tão simbólica da obra de Dalí que foi atração de uma exposição em Londres, ao ar livre.
O quadro Persistência da Memória também se refere a imagens oníricas. Dalí levou 2 horas para pintar a maior parte da obra e, ao mostrar para a esposa, ela disse que "ninguém poderia esquecer (a pintura) após vê-la". Dalí não gostava de formigas e só as retratava simbolizando putrefação (as formigas estão num relógio, no canto).
Dalí também esculpia. A escultura Rinoceronte, de bronze, criada em 1956, está no porto José Banús, em Marbella, na Espanha.
Dalí adorava rinocerontes. No filme "Meia-Noite em Paris", o cineasta Woody Allen brinca com isso quando, numa cena, o personagem de Salvador Dalí (interpretado por Adrien Brody) fala com entusiasmo: "Rinocerontes"
Dalí era tão excêntrico que sua residência em Figueres, que virou museu, tem uma decoração bem peculiar . A Torre Galatea tem esculturas de ovos no telhado.
O ovo é comum na obra de Dalí. Expressa nascimento e caridade. Aparece na tela "Metamorfose de Narciso", sobre o jovem que se apaixona por si mesmo ao ver seu reflexo. Narciso é muito abordado na Psicanálise e Dalí levou o quadro para avaliação de Freud, que exaltou a "maestria técnica do pintor catalão".
Outra casa de Salvador Dalí que virou museu, em Cadaqués, também tem um ovo no telhado, dando uma impressão de equilíbrio que causa riso.
Dali foi casado durante 48 anos com Gala Éluard, russa cujo nome de batismo era Elena Ivanovna, Gala havia sido mulher do poeta francês Paul Éluard até 1929.
Gala foi a grande musa de Dali, inspiração para muitas pinturas e esculturas. Um dos quadros mais impactantes é Galetea das Esferas, de 1952. Galetea se refere a uma ninfa do mar da mitologia, conhecida pela virtude. E as esferas são uma referência à teoria dos átomos.
Dalí também fez pinturas em que Gala ilustrava a figura de Nossa Senhora. E chegou a mostrar o trabalho ao Papa. Nas obras, elementos pagãos e oníricos se misturam a símbolos religiosos.
Em 1969, Dalí deu um castelo medieval de presente para Gala na cidade de Puból, na Catalunha, e eles viveram juntos ali. Foi no castelo que Gala morreu e foi enterrada em 1982.
Após a morte de Gala, Dalí viveu no castelo até que um incêndio destruiu o imóvel.
Poucas pessoas sabem, mas Dalí foi o criador da logomarca da Chupa Chups.
Dalí também produziu capas para a revista Vogue. Basta olhar para identificar imediatamente o estilo único do artista.
Dalí produziu mais de 1.500 quadros ao longo da carreira. Também fez ilustrações para livros, litografias, desenhos para cenários e trajes de teatro, um grande número de desenhos, dezenas de esculturas e vários outros projetos. Um artista inesquecível.
Museus com obras de Dalí se espalham pelo mundo. Na Flórida, uma instalação no Museu Salvador Dalí resume a excentricidade e o jeito divertido do catalão. Instalações reproduzem com cortinas, móveis e quadros, um rosto de mulher. Com lábios rechonchudos. Viva Dalí!