A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) foi alvo de uma operação da Polícia Federal.
A PF cumpriu mandado de busca e apreensão no apartamento e no gabinete da parlamentar.
Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), foi quem autorizou a operação.
O ministro determinou ainda a apreensão do passaporte e armas de Zambelli. Bens e dinheiro acima de R$ 10 mil sem origem legal comprovada também deveriam ser apreendidos.
A operação da PF mira suposta invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e a inserção de documentos e alvarás de soltura falsos no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP).
Material divulgado pela instituição diz que essas invasões ocorreram entre os dias 4 e 6 de janeiro de 2023.
Na mesma operação, foi preso pela terceira vez o hacker Walter Delgatti Neto. A prisão ocorreu em Araraquara, no interior de São Paulo.
Delgatti Neto ganhou notoriedade por ter hackeado conversas do ex-juiz Sérgio Moro com o então procurador da República Deltan Dallagnol no âmbito da Lava Jato.
De acordo com a Polícia Federal, assessores de Zambelli pagaram ao menos de R$ 13,5 mil a Delgatti.
Entre os documentos fabricados estava um mandado de prisão contra Alexandre de Moraes com a expressão "faz o L" (remetendo a slogan informal da campanha de Lula em 2022).
Também foram forjados 11 alvarás de soltura de pessoas presas por razões diversas.
Em entrevista coletiva após a operação da PF, Zambelli alegou que fez os pagamentos para Delgatti por serviços em seu site.
De acordo com o portal G1, Delgatti declarou em julho à Polícia Federal que Zambelli pediu a ele que invadisse urnas eletrônicas ou acessasse e-mails e telefone de Alexandre de Moraes.
As demandas de Zambelli teriam sido apresentadas a Delgatti em um encontro na Rodovia dos Bandeirantes, em setembro de 2022.
Zambelli também teria articulado reunião de Delgatti com o ex-presidente Jair Bolsonaro e o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto.
À Policia Federal, Delgatti confirmou que teve o encontro com Jair Bolsonaro no Palácio da Alvorada em agosto de 2022.
No encontro, ocorrido em pleno período eleitoral, Bolsonaro teria consultado Delgatti sobre a possibilidade de invadir as urnas eletrônicas.
Durante seu mandato, Bolsonaro e correligionários, entre eles Zambelli, fizeram reiterados ataques às urnas eletrônicas.
No fim de junho de 2023, o TSE declarou Bolsonaro inelegível até 2030 por reunião com embaixadores de vários países em que colocou em xeque a confiabilidade das urnas sem apresentar evidências.
No mesmo dia da operação da PF em sua casa e seu gabinete, Zambelli teve outra má notícia.
O relator do do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados, deputado João Leão (PP-BA), aceitou denúncia contra Zambelli por direcionar xingamentos ao parlamentar Duarte Júnior (PSB-MA) em uma sessão.