Japão apresenta queda populacional pelo 14º ano seguido. Uma das soluções é atrair trabalhadores estrangeiros
A queda populacional é um problema que atinge o Japão há mais de uma década. Essa questão, aliás, vem se agravando, já que o país perdeu mais de 800 mil moradores em 2022.
Segundo dados apresentados pelo Ministério de Assuntos Internos do Japão, no dia 26/7, a população no país girava em torno de 125,4 milhões, incluindo nativos e estrangeiros, em 1/1/2023.
O Japão demonstrou um crescimento de moradores que vieram do exterior: 289,5 mil a mais que em 2022. Isso representa um crescimento superior a 10%, o que equivale a três milhões de pessoas, um recorde na história.
Em contrapartida, houve uma redução de cerca de 800,5 mil de habitantes de origem japonesa. De acordo com o ministério, o Japão perde residentes pelo 14º ano seguido.
O cenário é tão negativo que dessa vez todas as prefeituras do país registram uma diminuição demográfica.
Mesmo assim, Tóquio, a capital e centro econômico do Japão, indicou um resultado positivo e curto crescimento na sua população em geral, graças à chegada dos estrangeiros.
O número de mortes, por outro lado, foi recorde: 1,56 milhão. Isso representa o dobro do número de nascimentos em 2022. Esta marca, inferior a 800 mil nascimentos, ocorre pela primeira vez em mais de um século.
Tal discrepância indica um desafio complicado de solucionar, já que não há uma indicação de que o quadro poderá ser revertido.
A situação só não é pior porque, no Japão, a eficiência do sistema de saúde proporciona uma elevada expectativa de vida. E muita gente chega a 90 ou até 100 anos.
O Japão tem 44,4 milhões de pessoas (35,3% da população) com mais de 60 anos, de acordo com a ONU (2022). O país é dono da segunda população mais velha do mundo, atrás apenas de Mônaco.
Assim, o governo japonês entende que se constrói um cenário adverso para manter a economia funcionando quando uma parte considerável da população se aposenta. Com isso, os sistemas de saúde e previdenciários ficam sobrecarregados, enquanto o grupo economicamente ativo é menor.
Além disso, a taxa de natalidade no país atualmente é de 1.3, bem inferior à de 2.1 considerada ideal para deixar uma população estável, sem a necessidade de realizar um processo de imigração.
Um outro ponto que influencia bastante são as melhores condições e maior presença das mulheres no mercado de trabalho. Desse modo, elas dispõem de pouco tempo disponível para se dedicar à criação dos filhos. Algumas famílias preferem nem tê-los.
Tal cenário levou o primeiro-ministro Fumio Kishida a fazer uma declaração preocupante. O líder japonês afirmou que o país está próximo de não conseguir funcionar como sociedade devido à baixa taxa de fertilidade.
Então, os governantes japoneses decidiram adotar algumas medidas para tentar solucionar essa questão. O Japão, que é conhecido por regimentos rígidos de imigração, optou por tornar as regras mais flexíveis, já que precisava de um aumento da mão de obra estrangeira.
Tal mudança, com maior permissão de ingresso da população estrangeira, começou a crescer a partir do relaxamento das medidas sanitárias impostas após a pandemia da Covid-19.
Um relatório feito em 2022 por pesquisadores indica a necessidade de quadruplicar o número de trabalhadores estrangeiros até 2040 em relação à taxa de 2020 para que o Japão possa alcançar as metas estipuladas pelo governo.
Para isso, é necessário que o país construa um ambiente de defesa dos direitos dos trabalhadores imigrantes, com alterações sociais que permitam uma maior aceitação de novos moradores vindos do exterior.
Com relação à questão da natalidade, o primeiro-ministro Kishida comunicou que os gastos fiscais do governo direcionados a programas de incentivo à criação de filhos serão dobrados.
Uma outra medida indicada pelo Partido Liberal Democrata (PLD), do qual o líder japonês faz parte, causou polêmica e foi alvo de críticas. O grupo político chegou a levantar a possibilidade de abater a dívida estudantil sob a condição de gerar filhos.
Após uma propagação negativa da proposta, o deputado Masahiko Shibayama (foto), também do PLD, esclareceu que a atitude visava a oferecer um incentivo financeiro aos interessados, e não prejudicar as famílias que optassem em não ter filhos.