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Navios fantasma: Mistério nos oceanos


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No dia 4/1/1872, o navio mercante Mary Celeste foi encontrado à deriva e sem tripulação na costa dos Açores, no Oceano Atlântico, por tripulantes canadenses. O navio abandonado estava com velas içadas, sem barco salva-vidas e com pertences dos passageiros nas cabines. O último registro de bordo tinha sido de dez dias antes.

artista desconhecido - domínio público

O Mary Celeste passou a ser considerado um navio fantasma, envolto em todo tipo de especulação sobre o motivo do abandono e o destino da tripulação. Falava-se em sismo submarino, trombas d'água, monstros marítimos e atividade paranormal para justificar o sumiço das pessoas que viajaram no navio.

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Um mistério perfeito para a mente criativa do escritor britânico Arthur Conan Doyle. Ele ainda não era famoso quando escreveu o conto A Declaração de Habakuk Jephson, na forma de testemunho sobre uma sobrevivente fictícia do navio. A história foi publicada em 1884 na revista Cornhill Magazine.

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Histórias de navios "fantasma" povoam a imaginação e atraem pelo mistério de desaparecimentos inexplicados em meio à imensidão dos oceanos.

imagem ficcional - reprodução

Um caso muito intrigante é do Deering, encontrado encalhado e vazio em fevereiro/1921 em Outer Banks (EUA). O navio estava em perfeito estado, com velas içadas e 3 gatos a bordo. Os dez ocupantes, que tinham saído de Norfolk em agosto/1920, haviam sumido. Até hoje não se sabe o que houve.

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Uma das lendas mais populares é a do "Holandês Voador". No século XVII, Hendrick van der Decken navegava das Índias para Amsterdã com valiosa carga de especiarias e sedas. Perto do Cabo da Boa Esperança, a tripulação pediu que ele voltasse para evitar uma tormenta. Mas o capitão avançou e o navio afundou.

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Na mesma época, o capitão Bernard Fokke, marinheiro da Companhia Holandesa das Índias Orientais, chamou atenção pela incrível velocidade de suas viagens marítimas - três meses entre Amsterdã e Indonésia. Muitos acreditavam que Fokke usava métodos sobrenaturais para ter tamanha habilidade.

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Esses dois casos tornaram-se lendas de espíritos dos mares, impulsionadas no século XIX pela ópera "Holandês Voador" (1843), de Richard Wagner. Marinheiros juravam "ver" navios fantasmas, que se aproximavam e, de repente, desapareciam sem deixar vestígios.

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A lenda do Holandês Voador é tão prolífica que um outro personagem passou a ser associado a ela: Davy Jones. Desde o século XVII, questiona-se se ele de fato existiu. Uma lenda popular diz que ele foi um homem do mar (para alguns, um Deus) que atraía tempestades e confundia capitães para que eles errassem as rotas.

Pintura de Albert Oinkham Ryder - Domínio público

O mito de Davy Jones aparece na franquia "Piratas do Caribe". No filme "O Baú da Morte" (2006), Will (Orlando Bloom) e Elizabeth (Keira Knightley) estão prestes a casar quando o pirata Davy Jones (Bill Nighy), comandante de um navio assombrado, surge para cobrar uma dívida de Jack Sparrow (Johnny Depp).

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Navios misteriosos inspiraram outros filmes. O título de um deles é literal: "Navio Fantasma". Estrelado por Gabriel Byrne, o suspense sobrenatural dirigido por Steve Beck (2003) começa quando uma equipe de resgate encontra uma embarcação abandonada e tenta descobrir se ela tem um tesouro escondido.

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"Triângulo do Medo" (2009) se passa num transatlântico abandonado, para onde os protagonistas precisam se transferir quando o veleiro em que eles estão fica no meio de uma tempestade. O navio parecia a salvação, mas logo surge a sensação de perigo.

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O Cabo da Boa Esperança tornou-se o ponto alto dos contos fantasmagóricos dos oceanos. Diz a lenda que se você olhar para uma tempestade que se forma na costa do Cabo da Boa Esperança, verá Decken (o "holandês voador") e sua tripulação olhando de volta para você.

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O lugar é tão associado a tragédias que, na linguagem popular, "Dobrar o Cabo da Boa Esperança" significa morrer. Localizado na costa da África do Sul, já foi chamado de Cabo das Tormentas.

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Hoje já se sabe que as "aparições" eram, na verdade, o fenômeno "fata morgana". O nome, inspirado numa sacerdotisa de Avalon, irmã do Rei Arthur, apontada como feiticeira, é explicado pela ilusão ótica devido à diferença de temperatura entre água e ar. Navios parecem mais próximos e elevados do que estão.

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É um fenômeno semelhante ao que ocorre em trechos de deserto que parecem ter água. E também é observado no asfalto quente no verão. As linhas de calor que irradiam para cima indicam a grande diferença de temperatura entre o pavimento e o ar mais frio e resultam em distorção visual da área ao redor.

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Ainda hoje em dia, mistérios envolvem navios. Em fevereiro/2020, um navio "fantasma" apareceu em Cork, Irlanda, levado pela tempestade Dennis, que atingiu a Europa. O barco ficou em meio às rochas numa vila de pescadores. Ele havia sido visto em 2018, nas Bermudas, e percorreu milhares de quilômetros no Atlântico.

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Em 2015, um navio foi encontrado em Honshu, no Japão, com quatro corpos a bordo. Neste caso, era mais uma embarcação dentre várias que apareceram na costa nipônica, com tripulação norte-coreana. Segundo a guarda costeira, seriam desertores do regime de Kim Jong-Un ou seguidores do ditador, inexperientes em navegação.

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Mitos ou casos reais de navios abandonados ainda hoje mexem com o imaginário popular e causam assombro por percorrerem, à deriva, a imensidão dos oceanos pelo planeta, sujeitos a todo tipo de tormenta, sem um capitão no leme.

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