Um crime brutal ocorrido no Equador chocou o mundo nesta semana. Fernando Villavicencio, candidato à presidência do país, foi assassinado com três tiros na cabeça.
Villavicencio estava em um comício em uma escola na cidade de Quito quando, ao entrar em seu carro, foi surpreendido com disparos de armas de fogo. Além dele, nove pessoas ficaram feridas.
Um vídeo que circula nas redes sociais mostra os últimos minutos do candidato com vida. Ele sai de uma escola, é ajudado por policiais para entrar no carro quando ouvem-se disparos e gritos.
"Ao manifestar a confiança de que os responsáveis por esse deplorável ato serão identificados, o governo brasileiro transmite suas sentidas condolências à família do candidato presidencial e ao governo e povo equatorianos", declarou o Itamaraty em nota.
Fernando Villavicencio aparecia em quinto lugar em uma pesquisa de intenção de voto divulgada nesta semana por um periódico equatoriano.
Quem é Fernando Villavicencio? O candidato assassinado nesta quarta tinha 59 anos, foi jornalista investigativo e se declarava defensor das causas indígenas e trabalhistas, também sendo líder sindical.
Pai de cinco filhos, ele era deputado até maio deste ano e crítico do governo Lasso. Ele chegou a dizer que o Equador havia se tornado um "narcoestado".
O candidato chegou a ser condenado a 18 meses de prisão, em 2014, após acusar o ex-presidente Rafael Correa de crimes contra humanidade. Ele pediu asilo político no Peru alegando perseguição política.
Ele também é conhecido pelo caso "Petrochina", investigação de caso de corrupção que mostrou um prejuízo milionário ao país, ainda sob Rafael Correa, com a venda de petróleo para a Ásia.
Dias antes de ser assassinado, Villavicencio revelou ameaças de grupos criminosos, mas, mesmo assim, se recusou a usar colete à prova de balas.
"Aqui estou, de camisa suada. Vocês são meu colete, vocês são um povo valente, e eu sou valente como vocês. São vocês que cuidam de mim. Disseram que vão me quebrar, que venham os chefes do tráfico de drogas, os mafiosos. Vão me quebrar? Podem me dobrar, mas nunca vão me quebrar".
Um dos suspeitos do assassinato foi morto a tiros e seis foram detidos, segundo informou as autoridades equatorianas. O grupo Los Lobos, considerada a segunda maior facção do país, reivindicou a autoria do crime.
As eleições para escolha do novo presidente do Equador estão marcadas para o próximo dia 20 de agosto. Uma possível segundo turno está marcado para o dia 15 de outubro.
O novo pleito foi marcado após o atual presidente equatoriano ter decretado a "morte cruzada", cláusula constitucional na qual a Assembleia do país é dissolvida a fim de renovar os poderes Legislativo e Executivo.
O Equador vive um momento tenso e violento. Os índices de violência estão em níveis elevados e grupos criminosos costumam intimidar o meio político.