Imagens do Papa Francisco vestindo um casacão branco estilo puffer que mais parece ser de um rapper norte-americano circulam pela web desde março. O FLIPAR mostrou e republica para quem não viu.
Essas imagens foram geradas através da plataforma Midjourney, um sistema de inteligência artificial (IA) que cria artes a partir de uma descrição textual.
Nessas imagens manipuladas, o Papa é retratado em poses falsas, inclusive cantando animadamente enquanto segura um microfone e usa óculos amarelos.
Embora todas essas imagens sejam falsas, elas são tão realistas que conseguiram enganar muitos internautas nas redes sociais.
Prova de que o conteúdo enganou muita gente é que sites de moda chegaram até a creditar o look ao estilista Filippo Sorcinelli, tendo que, posteriormente, corrigir a informação.
Além do Papa, outras personalidades foram alvo das fotografias hiper-realistas criadas por meio da inteligência artificial nas últimas semanas.
Rumores sobre uma possível prisão do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, motivaram a produção de imagens falsas do político brigando com a polícia e sendo preso.
As imagens foram produzidas pelo britânico Eliot Higgins, fundador do site de jornalismo investigativo e especializado em verificação de fatos, Bellingcat.
A piada de Higgins se tornou viral nas redes sociais por ter utilizado uma fala do próprio Donald Trump.
Recentemente, o ex-presidente americano afirmou em uma postagem na rede social Truth Social que seria preso no dia 21/03 por um suposto vazamento ilegal de informações por parte de um escritório do promotor distrital em Manhattan.
Ele ainda incentivou seus seguidores a protestarem e "tomarem a nação de volta". Essas declarações foram o suficiente para que muitos apoiadores se mobilizassem contra a suposta prisão. Alguns perfis tiveram que ser advertidos pelo Twitter a respeito da veracidade das imagens.
As imagens geradas pelo Midjourney acabaram contribuindo para aumentar a mobilização, pois muitas pessoas as compartilharam como se fossem reais.
Em algumas imagens, é possível ver Trump já com roupa de prisioneiro, assinando uma papelada.
Outras mostram o ex-presidente dos EUA lendo, dentro da cela, e até lavando o banheiro!
Há também imagens de Trump malhando na cadeia e depois fugindo do local em meio à chuva.
Já o presidente francês Emmanuel Macron também foi alvo, sendo retratado sentado em uma das imagens falsas geradas por IA, com a Torre Eiffel ao fundo e lixo espalhado pelo chão após protestos contra a reforma da previdência no país.
Hillary Clinton, candidata do Partido Democrata à presidência na eleição de 2016, também teve sua imagem criada em um aplicativo de IA.
Outro exemplo foram imagens de um terremoto fake que circularam nas redes sociais. Um post nas redes informava até a magnitude do tremor: 9,1. A maioria das imagens foi gerada com base no atentado às Torres Gêmeas de 11 de setembro de 2001.
E que tal essa imagem do ator Will Smith na pele do herói Lanterna Verde? Isso nunca existiu de verdade!
Ou então o ex-primeiro-ministro da Inglaterra, Boris Johnson, parecendo um detetive de filmes antigos.
Há quem diga que um olhar mais atento às imagens revela que, embora sejam muito bem feitas, o trabalho da IA não é perfeito. É difícil ler o que está escrito na farda dos agentes e existem casos em que rostos e mãos ficam com formatos bem estranhos.
Outras dicas, segundo especialistas, são a falta de nitidez no fundo, textos indecifráveis no segundo plano, assimetria no rosto e partes da imagem que parecem ter sido pintadas ou borradas.
Fato é que a geração de imagens por IA tem gerado debates acalorados no mundo inteiro. Parte da comunidade artística, como artista plásticos, ilustradores e designers têm se posicionado contra à nova tecnologia.